Impotência


Em maior ou menor grau, a disfunção erétil, ou impotência sexual, como é mais conhecida, é um dos fantasmas que assombra todo homem. E quando se torna realidade, o mundo desaba junto.
Estima-se que 10% da população masculina adulta tenha algum nível de impotência sexual. No mundo, somam 300 milhões de homens. Nos Estados Unidos, 10 milhões. No Brasil, em torno de 6 milhões.
A propósito, pelo que você sabe, leu ou ouviu dizer, avalie se as frases abaixo são mitos ou não:
As dez “verdades” de todo homem-macho
1. Quanto maior o pênis, maior a potência sexual.
2. Falhar uma vez é sinal de impotência no futuro.
3. Vasectomia causa impotência.
4. Macho mesmo nunca falha.
5. Terceira idade significa pendurar as chuteiras na área sexual.
6. Masturbação excessiva causa impotência a longo prazo.
7. Impotência indica que o homem é menos masculino.
8. Homem tem sempre “apetite”, faça chuva ou faça sol.
9. Homem de verdade transa com qualquer mulher.
10. Homem de verdade transa diariamente.
Pois todas essas dez frases, repetidas Brasil afora, são falsas. O homem não tem que ser uma máquina na cama, apesar de nossa cultura machista propagar que sim. Tampouco rigidez peniana tem a ver com hombridade, masculinidade, honradez.
Porém, por falta de educação sexual adequada e preconceito, essas falsas crenças são tomadas como verdadeiras por muitos. E o pior: às vezes criam tamanha ansiedade que, ela sim, ocasiona problemas sexuais como a impotência masculina.
Por isso, atenção!
Impotência afeta todo mundo
Ao longo da vida, todo homem eventualmente perde ou não tem ereção em certa ocasião. Estresse intenso, preocupação excessiva, muita ansiedade ou uns drinques a mais. Todos são possíveis causas de uma falha.
Peguemos as bebidas. O álcool inibe a ação do sistema nervoso central, ou seja, diminui seu funcionamento. Tomar de vez em quando uma cerveja, um copo de vinho ou uma dose de uísque não faz mal. Em pequenas quantidades, o álcool relaxa, deixando as pessoas mais alegres, descontraídas e amigáveis – está aqui a explicação de muitos levarem as gatas para tomar algo antes de realmente mostrar o que quer. Uns drinques a mais, porém, fazem o cérebro funcionar meia boca e deixam você sonolento, nada potente.
Já em momentos de estresse, preocupação e ansiedade intensos, a causa da perda de ereção é adrenalina em excesso. Exatamente igual ao que acontece quando um casal está transando e alguém abre a porta do quarto. Na hora, com o susto, o pênis cai, fica morto. Sem reação.
A adrenalina realmente é capaz de nos deixar a todo vapor. É o nosso mais poderoso estimulante endógeno. Contudo, em situações de perigo, medo, tensão, ansiedade ou susto, ela é liberada em maior quantidade no sangue. Essa descarga é para colocar o organismo em modo de defesa. No ato, coloca-o em condições de luta contra supostas ameaças. Mas isso é um verdadeiro veneno para o sexo. A adrenalina – pasme! – é o antídoto natural da ereção.
O grande anseio dos homens que enfrentam problemas de disfunção erétil é encontrar uma causa orgânica, que possa ser resolvida com comprimido ou cirurgia. Mas nem sempre a impotência sexual tem causas físicas. Os homens, em geral, têm verdadeiro pavor da impotência psicológica. Custa-lhes mais que às mulheres reconhecer que enfrentam dificuldades emocionais, pois encaram a situação como um fracasso pessoal.
No Brasil, a experiência de serviços especializados e públicos demonstra que 70% dos casos são totalmente psicológicos. Os 30% restante dividem-se em orgânicos puros e orgânicos associados a problemas psicológicos, os chamados mistos. Afinal, mesmo nos homens cuja impotência tem causa física, o componente emocional muitas vezes agrava a situação.
O grande problema é que, assustados, alguns desses passam na primeira farmácia e compram Viagra, Cialis ou Levitra. São remédios que estão na mídia, são vendidos sem receita médica e certas farmácias até oferecem com desconto, destacados em cartazes nas prateleiras. Cuidado! Essa é a pior saída.
Por vários motivos.
1: esses medicamentos podem não ser o melhor tratamento para o caso em questão.
2: às vezes, a adrenalina está tão alta que não funcionam.
3: podem falhar por uso inadequado, resultando em mais frustração.
O mais recomendado é procurar um urologista acostumado a lidar com a área (não é área do seu pênis, e sim, a área de impotência, ok?). Às vezes, uma conversa resolve o “problema”. Além disso, a impotência tem causas orgânicas que podem ser prevenidas por meio de um estilo de vida saudável e alguns cuidados básicos. Os fatores que as favorecem agem devagar e aos poucos, mas podem ser evitados.
Mau pro coração, mau pro seu pênis. Muito. Mas muito mesmo. A boa ereção não depende apenas do psiquismo “inteiro”. Nervos, artérias, veias, hormônios e músculos envolvidos no processo também precisam estar íntegros. Mais, a saúde do pênis e o fenômeno da ereção não são isolados do restante do organismo. O que acontece na saúde em geral acaba repercutindo “nele”.
Os mesmos fatores que ajudam a obstruir as artérias do coração, provocando infarto, podem facilitar o entupimento das mesmas no pênis, causando a perda da ereção. A obesidade, principalmente a abdominal, pode ser o ponto de partida desse caminho – ou seja, entre logo numa academia, porra!
Dentre as principais causas orgânicas da impotência, podemos citar cinco:
· Vascular: afeta os vasos que irrigam o pênis. Manter uma boa circulação sanguínea é essencial.
· Hormonal: ocorre em apenas 3% dos impotentes orgânicos. Ou porque há pouca produção de testosterona ou porque há muita prolactina. A testosterona, especificamente, é muito mais responsável pela libido do que pela ereção. No entanto, a sua falta pode levar à impotência porque provoca diminuição do desejo sexual.
· Neurológica: compromete a inervação do pênis. Pode ter origem no alcoolismo, em certas hérnias de disco, na prostatectomia radical (cirurgia radical para câncer de próstata) e – o que é mais comum – nos casos de diabetes. O excesso de açúcar no sangue pode impedir a condução dos estímulos nervosos, e provocar a disfunção erétil.
· Medicamentosa: aproximadamente 25% dos casos de impotência orgânica estão relacionados ao uso de medicamentos. Anti-hipertensivos, tranqüilizantes, antidepressivos e anabolizantes orais estão na lista negra.
· Anatômica: é basicamente a doença de Peyronie, cuja origem se desconhece. Ela provoca fibrose na albugínea, diminuindo muito a sua elasticidade na hora da ereção. É como se o pneu da bicicleta tivesse placas de material duro. Ao ser enchido, o pneu não se distenderia adequadamente, ficando torto nesses pontos.

 INFORMAÇÃO E TERAPIA

Ocasionalmente a impotência é apenas uma crença em idéias falsas, e o tratamento pode ser apenas uma consulta e uma breve conversa. Caso seu problema tenha raízes em questões emocionais mais profundas, é recomendado o tratamento psicológico específico para questões sexuais. Dura de três a quatro meses, uma sessão semanal. Nesses casos você deve procurar um sexólogo e não um urologista. É muito importante deixar claro que são profissionais distintos.

Pílulas – Viagra, Cialis e Cia.

Podem ser usadas em qualquer idade, inclusive por homens mais idosos. Mas lembre-se, Viagra é uma droga que provoca excitação, mas não afeta seu desejo. Ou seja, sem o interesse sexual, não adianta nada. Seguem algumas recomendações:
· Haver preparação sexual, ou seja, estímulo.
· Ingerir no mínimo 50 minutos antes da relação, para o remédio fazer efeito.
· Ir manso nos drinques. O excesso de álcool prejudica a metabolização de alguns desses medicamentos. Faz com que demorem pra fazer efeito, ou nem façam efeito.
· Ir devagar na comida. O excesso também interfere na absorção do remédio, particularmente do Viagra.
· Ter acompanhamento médico, pois a dosagem varia de caso para caso. Além disso, alguns pacientes com impotência de causa emocional podem ficar com dependência psíquica do remédio.
Em maior ou menor grau, todo homem deseja viver mais e manter-se potente a vida toda. Tais aspirações são possíveis, e a receita médica é a clássica. Boa saúde física e mental.
· Não abuse do álcool.
· Dê adeus ao tabagismo
· Evite a obesidade
· Adote uma alimentação saudável
· Pratique atividade física regulamente
· Controle a pressão arterial, os níveis de colesterol e de açúcar
· Abuse nas preliminares com sua parceira, relaxe, e deixe tudo acontecer naturalmente
Para encerrar, uma dica de última hora: na hora de colocar a camisinha, é normalíssimo perder um pouco a ereção. Em vez de ficar lamentando – isso aumenta a produção de adrenalina -, recomece o jogo erótico e pronto. Antes que perceba vai estar de volta em campo.

Fonte: Papo de Homem por Pablo Fernandes