A vontade compulsiva de se exercitar é considerada um vício.
Os escravos da malhação chegam a dispensar compromissos para ficar mais tempo
fazendo aulas de ginástica ou executando séries de musculação. Como praticar
exercícios é um ato que proporciona prazer, já que substâncias específicas que
dão essa sensação são liberadas pelo cérebro nessa hora, esses viciados acabam
sentindo a necessidade de sempre aumentar o ritmo ou carga das atividades
físicas para continuar se satisfazendo.
Os viciados suam em máquinas, esteiras e bicicletas o ano inteiro, inclusive nos finais de semana. Só que eles acabam acelerando ainda mais o ritmo da malhação com a chegada do verão. É nessa época que o resultado de todo o esforço feito dentro das academias é posto à prova em praias e piscinas. "A pressa não combina com bons resultados", alerta o professor Manoel Costa, da Escola Superior de Educação Física da Universidade de Pernambuco (UPE). A vontade de ver os músculos saltarem do corpo pode aumentar o risco de lesões articulares e musculares.
A grande maioria das pessoas com compulsão para malhar procura a boa forma. Para isso, volta a sua atenção não só aos exercícios, mas também à alimentação. Da mesma forma que exagero existe nas academias, ele também se faz presente no cardápio dessas pessoas, que contam grama por grama, caloria por caloria, tudo o que é levado à boca. Não é difícil aos que abusam de exercícios partirem para os suplementos alimentares, produtos indicados para atletas profissionais. "Usando esses suplementos os sintomas de problemas decorrentes da malhação, como alterações cardíacas e do sono, podem ser mascarados. Por isso, esses produtos devem ser evitados", completou Costa.
ESTUDO - As atividades físicas podem ser tão compulsivas quanto transtornos alimentares, como a bulimia e a anorexia, onde a busca pela perda de peso é cada vez maior. Por conta disso, a compulsão pelos exercícios - identificada pela literatura médica na década de 80 - já está sendo alvo de estudos específicos, em universidades de São Paulo. Os trabalhos, que poderão dar uma dimensão de quantos desses viciados existem no Brasil, pretendem detalhar o mecanismo fisiológico da dependência.
A ideia de comparar o vício pelos exercícios com transtornos alimentares se deve ao fato de que muitos dos pacientes com anorexia ou bulimia usam a atividade física excessiva para perder peso. Além disso, tanto os escravos da malhação quanto os que sofrem desses transtornos são pessoas que controlam a alimentação e estão sempre impondo novas metas ao corpo. "É o padrão de beleza exigido pela mídia que essas pessoas procuram. Mostrando a essas pessoas os malefícios desses hábitos excessivos podemos mudar a postura delas", disse a psiquiatra Regina Agra.
Faça o teste e veja
se você é um viciado em malhação:
Fonte: Diário de Pernambuco, Folha de São Paulo