Os piores filmes do primeiro semestre de 2013

No Brasil, muitos filmes chegam com atraso em relação ao seu lançamento nos EUA, ou no resto do mundo. Às vezes tais atrasos ultrapassam um ano inteiro, o que faz os fãs acharem que seus filmes adorados correm o risco de ir parar direto nas videolocadoras (agora sistema de home vídeo). O que muitas vezes ocorre, como é o caso do interminável adiamento do terror Silent Hill: Revelação 3D. Pensando nisso, a lista dos piores de 2013 até o momento começa com filmes que só chegaram ao Brasil agora, mas que já haviam sido lançados em outros lugares no ano passado.


Resquícios de 2012:

Cinco Anos de Noivado – Reunião da dupla Jason Segel e Nicholas Stoller, do sucesso Ressaca de Amor. Ao contrário do filme citado, essa é uma comédia romântica formulaica e genérica, que a todo o momento ficamos esperando decolar, coisa que nunca acontece. A talentosa Emily Blunt é tragada por esse longo romance medíocre lançado direto para vídeo. Paz, Amor e Muito Mais – Lançado recentemente nos cinemas, o filme tem a veterana Jane Fonda como uma hipponga. Essa é uma Sessão da Tarde pouco inspirada e inofensiva, no mal sentido. Fechando os romances e comédias ordinárias e mornas, Amor é Tudo o que Você Precisa tem simplesmente o pedigree da vencedora do Oscar, Susanne Bier, de filmes como Depois do Casamento e Em Um Mundo Melhor. Sem contar ninguém acredita que esses três filmes foram dirigidos pela mesma pessoa.


Em matéria de filmes de ação ineficazes temos Amanhecer Violento – Refilmagem de uma obra Cult da década de 1980, sem o mesmo apelo. A obra teve vários problemas e seguiu atrasada por um ano. Tais problemas podem ser vistos nas telas. A Fuga é um dos filmes de ação mais ordinários do ano. Protagonizado por Eric Bana e Olivia Wilde, é algo tão dispensável que uma hora após a exibição você já terá esquecido totalmente do filme. E para fechar os filmes de ação esquecíveis, o rei não poderia ficar de fora. Sim, ele, Nicolas Cage, aprontou mais uma das suas como o genérico O Resgate. Um filme tão “bom”, que até a Globo pensará duas vezes antes de exibi-lo na Sessão da Tarde.


Fechando os resquícios de 2012, para começar a lista dos 10 piores do ano até aqui, não poderia deixar de fora duas produções. A primeira é O Dobro ou Nada, filme pouco inspirado sobre apostadores de Las Vegas, comandado pelo outrora eficiente Stephen FrearsRebecca Hall se salva como a melhor coisa aqui. E para finalizar, uma escolha que deixará muita gente enraivecida. A Viagem foi simplesmente o filme mais pretensioso de 2012, 2013 e talvez qualquer outro ano recente. Os irmãos Wachowski erram feio na mão com essa produção recheada de seis histórias desinteressantes, péssima maquiagem, e muita filosofia de boteco. “Estamos todos conectados”. Se depender desse filme, nos desconecte, por favor.

 Os Piores Filmes da Primeira Metade de 2013:

#10 – Para Maiores 
Tá certo que ninguém dava nada por esse filme, que já chegou com uma baita reputação negativa. Pior, além de passar despercebido por onde foi exibido, os atores (parte de um verdadeiro elenco estelar que inclui Richard GereKate WinsletNaomi WattsHalle BerryHugh JackmanEmma Stone, entre outros) se negaram a dar entrevistas para divulgar a obra. O que trouxe mais má fama ainda para o filme. Para Maiores se tornou um desses projetos malditos de Hollywood, que quase ninguém viu, e alguns (principalmente os envolvidos) querem esquecer. Em sua defesa, apesar da ideia ser tão incorreta que estava fadada ao fracasso, alguns trechos não são de todo ruim, e lembram momentos inspirados do programa SNL. Com todo o jeito de se tornar um prazer culposo de muitos, é recomendado assistir Para Maiores com amigos durante uma reunião de bebedeira.

#09 – Meu Namorado é um Zumbi
Se o problema de Para Maiores é passar dos limites por ser muito incorreto, esse romance peca justamente pelo oposto, é um filme de zumbis muito corretinho e comportado. Não sei de quem foi a brilhante ideia, mas aparentemente o livro no qual é baseado é dito ser interessante. Talvez tentando pegar o filão deixado por Crepúsculo, os produtores da obra decidiram que seria uma boa ideia focar mais no romance se desviando do verdadeiro significado do material original, afinal os zumbis não são criaturas tão apaixonantes? O filme até possui algumas ideias originais e interessantes, como a desmistificação das criaturas como seres irracionais, e sua capacidade de retroceder à forma humana. O protagonista Nicholas Hoult se sai bem como o zumbi principal. Mas qualquer boa ideia é descartada em nome do “amor”. É simplesmente bobinho e formulaico demais.

#08 – Caça aos Gângsteres
Esse é outro que conta muito pela decepção. Um elenco estelar, com nomes como Ryan GoslingSean PennJosh Brolin e Emma Stone; um tema empolgante que prometia fazer dele o “Os Intocáveis” passado em Los Angeles; e um talentoso cineasta no comando da obra (Ruben Fleischer, de Zumbilândia). O problema com o filme pode ser resumido em dois fatores. O primeiro: a obra não possui a seriedade do filme citado de Brian De Palma, e ao mesmo tempo não mergulha totalmente na caricatura e diversão de algo como Dick Tracy. Nessa indecisão, Caça aos Gângsteres fica bem no meio, em cima do muro, como se tivesse medo de cambar totalmente para um lado, e se assumir de alguma forma. Assim, o resultado não fica nem lá, nem cá, e o filme falha em personalidade. E o segundo: se torna apenas estilo sobre substância. Ou seja, um grande visual e boas atuações, mas personagens mal desenhados e rasos, e uma trama que vai do nada a lugar algum.

#07 – Alvo Duplo
Aqui entramos um pouco no terreno de “chutar cachorro morto”. Brincadeiras a parte, o astro Sylvester Stallone quase viu sua carreira ir parar nos lançamentos direto para vídeo, como Jean Claude Van Damme e Steven Seagal. Antes de cair totalmente, Sly deu seu último golpe, e voltou para um novo round, com as sequências de Rambo e Rocky, escritas, dirigidas e estreladas novamente por ele. Os filmes foram sucesso de crítica e público. Depois vieram os dois Os Mercenários, pura nostalgia e curtição para as crias da década de 1980. Ótimo entretenimento. E agora, qual o próximo passo. Ninguém consegue ficar no topo o tempo todo, ainda mais alguém que nem se recuperou por completo. Alvo Duplo foi a última investida do dinossauro, e ao lado de outro veterano (o diretor Walter Hill), Stallone volta aos anos 1980 numa produção sem divertimento algum, e com um clima “pesado”. Sem problemas, um suspense policial cairia bem para o ator agora. O problema: o tom do filme não é decidido. Esse aparentemente seria um thriller policial, e é ao mesmo tempo um “buddie cop movie”, filme de parceiros policiais. Piadinhas a torto e a direito providas por Sly, e química zero entre ele e seu “parceiro” Sung Kang. O título é genérico tanto no original quanto a tradução, e finalmente (finalmente) Stallone pode estar muito velho para isso, já que se aproxima dos 70 anos.

#06 – O Massacre da Serra Elétrica 3D
Agora sim é chutar cachorro morto. A série O Massacre da Serra Elétrica já tentou de todos os jeitos, o que nos faz pensar: Será que não é hora dos produtores gananciosos aposentarem a serra de Leatherface. Afinal, os fãs sempre terão o filme original de 1974, suas continuações, e a refilmagem e sua continuação. Será que não chega de ver sempre a mesma coisa. O maníaco, se fosse real, já estaria ele mesmo pedindo arrego. Depois de atrizes como Jessica Biel e Jordana Brewster, agora é a vez da bela Alexandra Daddario (Percy Jackson) correr do psicopata que usa máscara feita de pele humana. O problema é que dessa vez ele encontra-se no porão da casa herdada por ela. Além de tudo de ruim que existe nesse filme de terror padronizado, os produtores ainda brincam com a inteligência de seu público, ou os mesmos é quem são desprovidos de tais qualidades, já que nesse filme ocorre um dos lapsos temporais mais grosseiros do cinema recente, em sua cronologia. A protagonista, segundo a lógica da história deveria estar com 40 anos de idade, e não como Daddario, uma jovem de 25 anos.

#05 – Homem de Ferro 3
Expectativa e decepção. São palavras que definem o terceiro filme do herói mais proeminente da Marvel, justamente graças ao protagonista Robert Downey Jr.. Depois dos dois primeiros Homem de Ferro e Os Vingadores, era natural que a expectativa em relação ao terceiro colidisse com as estrelas. O que me chamava mais a atenção, no entanto, eram as possibilidades de ter gente talentosa do nível de Ben KingsleyGuy Pearce e Rebecca Hall, no elenco. Nem é preciso dizer que esse navio zarpou. Deixando de lado se o Mandarim foi bem retratado ou não no filme em sua reviravolta, os principais pontos negativos de Homem de Ferro 3 são personagens mal utilizados, vilões fracos e cuspidores de fogo, e trechos que não somam nada, como todo o segmento envolvendo o menino. Por que sempre precisa existir um menino? Some a isso um final confuso, que torna impossível dar sequência as histórias do personagem, e cenas de ação genéricas e pouco identificáveis. O que aparenta é que Tony Stark dessa vez foi suprimido de sua alma.

#04 – Duro de Matar: Um Bom Dia Para Morrer
Você lembra do bom e velho policial John McClane, que salvou um prédio em Los Angeles, um aeroporto em Washington, e a cidade de Nova York? Pois esqueçam. Ele está morto e enterrado. É melhor pensarmos assim, se quisermos perdoar um pouco esse quinto e genérico episódio da franquia. Se muitos reclamaram que no quarto filme: Duro de Matar 4.0, o personagem deixava de lado tudo o que fazia dele especial, para aderir a uma censura que não o permitia xingar, e se transformar basicamente num super-herói do nível do Homem-Aranha, saltando da asa de um jato em movimento, tudo é amplificado nesse quinto episódio. Passado pela primeira vez fora dos EUA, na Rússia, a trama capenga traz McClane para se confrontar com o filho, quem ele acha que está preso por vandalismo. E surpresa, seu filho é na verdade um agente da CIA em missão ultra-secreta. Porém, a trama aqui é tão confusa, chata e desinteressante que seria rejeitada pela era de Timothy Dalton de 007.

#03 – Depois da Terra
Talvez não exista produção cinematográfica mais cara de pau do que Depois da Terra. Reclamamos quando um político coloca o filho ou um parente num cargo. Ou quando o dono de uma grande empresa deixa os negócios para sua cria. Aqui é exatamente isso o que ocorre, quando o astro Will Smith nos empurra Jaden Smith, seu filho, goela abaixo – primeiro em Karate Kid e depois aqui. O jovem ainda não está pronto como ator para segurar algo desse porte, simplesmente. Além disso, Depois da Terra é pouco inspirado por conta própria, e tem um dos roteiros mais simplórios, para uma ficção científica, jamais visto. Partido de uma ideia de Will SmithM. Night Shyamalan conduz essa obra sobre pai e filho tentando conciliar suas diferenças a fim de sobreviverem a um terrível acidente num planeta inóspito, hostil e assustador, conhecido como Terra. Mas o que vemos durante duas horas de projeção é Jaden Smith fugir de Super-aves, Super-tigres, e é claro, do grande monstro malvado conhecido como Ursa. Não existe suspense, não é interessante, e a emoção parece ter sido esquecida do lado de fora.

#02 – Todo Mundo em Pânico 5
Você gosta de piadas de flatulência? Panelas, muitas panelas, caindo na cabeça? Mulheres obesas de biquíni? Pessoas na privada pulando sobre outras? Objetos batendo na virilha? Pessoas claramente mirando a cabeça de um bebê (um boneco, obviamente) na porta e fingindo ser espontâneo? E todo tipo de piadinha infame daquelas que fazem os netos sentirem vergonha do avô por contarem algo de sua época? Se você gosta de tudo isso, e adora o programa Zorra Total, então essa produção é para você. Se a resposta para todas as perguntas acima for não, fuja, e corra, não ande.

#01 – Se Beber, Não Case – Parte III
Disparado o pior de uma série que não me chama muito a atenção. Comédia é preciso ser feita de forma natural, com os personagens reagindo ao ambiente de forma real, caso contrário soa forçado. O melhor tipo de comédia é quando os personagens não sabem que estão numa comédia e o humor vem das situações, já que seus protagonistas agem de forma séria. Na série Se Beber, Não Case os personagens gritam para o público, “olhem para mim estou numa comédia, não sou engraçado?, não sou hilário?”. Não, não são. Nesse terceiro, os problemas de Alan (Zach Galifianakis) se agravam depois da morte de uma girafa e de seu pai (muito engraçado, não?), e escalam até a intervenção do sujeito. Dispostos a internarem o perigoso louco num sanatório, seus amigos partem com ele para o local, mas são impedidos por um mafioso que deseja que encontrem a caricatura ofensiva e sem graça conhecida como Mr. Chow. Essa é a trama para a conclusão dessa “saga épica”, que dessa vez não conta com um casamento, nem com uma ressaca. Ah, e tem algo mais que o filme não conta. Se chama humor.

Fonte: Cine Pop