A carência de doadores de órgãos é ainda um grande obstáculo
para a efetivação de transplantes no Brasil. Mesmo nos casos em que o órgão
pode ser obtido de um doador vivo, a quantidade de transplantes é pequena
diante da demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. A falta de informação
e o preconceito também acabam limitando o número de doações obtidas de
pacientes com morte cerebral. Com a conscientização efetiva da população, o
número de doações pode aumentar de forma significativa. Para muitos pacientes,
o transplante de órgãos é a única forma de salvar suas vidas.
COMO FUNCIONA O SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÓRGÃOS?
Passo a passo:
Passo 1: identificação do potencial doador
Um doador em potencial é um paciente com morte encefálica,
internado em hospital sob cuidados intensivos. Por algum tempo, suas condições
de circulação sangüínea e de respiração poderão ser mantidas por meios
artificiais. Nesse período, é informada à família a possibilidade de doação dos
órgãos. Caso a família concorde com a doação, viabiliza-se a remoção dos órgãos
depois que o diagnóstico de morte encefálica se confirmar. A notificação deste
diagnóstico é OBRIGATÓRIA POR LEI.
O diagnóstico de morte encefálica passa por algumas etapas: o primeiro passo é o diagnóstico clínico, que deve ser repetido após seis horas de observação, sendo pelo menos uma destas avaliações realizada por médico neurologista. Em seguida, deve ser documentado através de um exame complementar: eletroencefalograma, angiografia cerebral, entre outros. Cabe ressaltar que nenhum dos médicos responsáveis pelo diagnóstico de morte encefálica pode fazer parte de equipe que realiza transplante.
O diagnóstico de morte encefálica passa por algumas etapas: o primeiro passo é o diagnóstico clínico, que deve ser repetido após seis horas de observação, sendo pelo menos uma destas avaliações realizada por médico neurologista. Em seguida, deve ser documentado através de um exame complementar: eletroencefalograma, angiografia cerebral, entre outros. Cabe ressaltar que nenhum dos médicos responsáveis pelo diagnóstico de morte encefálica pode fazer parte de equipe que realiza transplante.
Passo 2: notificação
O hospital notifica a Central de Transplantes sobre um
paciente com suspeita de morte encefálica (potencial doador). No Estado de São
Paulo a captação se faz de forma regionalizada - a Central de Transplantes
repassa a notificação para uma OPO (Organização de Procura de Órgão) que cobre
a região do hospital notificador.
Passo 3: avaliação
A OPO se dirige ao Hospital e avalia o doador com base na
sua história clínica, antecedentes médicos e exames laboratoriais. Avalia-se a
viabilidade dos órgãos, bem como a sorologia para afastar doenças infecciosas e
teste de compatibilidade com prováveis receptores. A família é abordada sobre a
doação e também pode autorizar a remoção do paciente para o hospital da OPO,
que muitas vezes tem mais condições para uma melhor manutenção.
Passo 4: informação do doador efetivo
A OPO informa a Central de Transplantes quando o doador já
tem toda a sua avaliação completada e o mesmo é viável. São passadas todas as
informações colhidas, resultados de exames, peso, altura, medicações em uso,
condições hemodinâmicas atuais, bem como local e hora marcada para a extração
dos órgãos.
Passo 5: seleção dos receptores
Todo paciente que precisa de transplante é inscrito na Lista
Única de Receptores do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde
(cuja ordem é seguida com rigor, sob supervisão do Ministério Público), por uma
equipe responsável pelo procedimento do transplante. A partir desse cadastro, a
Central de Transplantes emite uma lista de receptores inscritos, compatíveis
para o doador; no caso dos rins deve-se fazer ainda uma nova seleção por
compatibilidade imunológica ou histológica.
Passo 6: identificação das equipes transplantadoras
A Central de Transplantes informa a equipe de transplante
(aquela equipe específica que inscreveu o paciente na Lista Única de Receptores
do Sistema Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde - controlada pelo
Ministério Publico) sobre a existência do doador e qual paciente receptor foi
nomeado. Cabe à equipe decidir sobre a utilização ou não deste órgão, uma vez
que é o médico o conhecedor do estado atual e condições clínicas de seu
paciente.
Passo 7: os órgãos
As equipes fazem a extração no hospital (OPO) onde se
encontra o doador, em centro cirúrgico, respeitando todas as técnicas de
assepsia e preservação dos órgãos. Terminado o procedimento, as equipes se
dirigem para seus hospitais de origem para procederem à transplantação.
Passo 8: liberação do corpo
O corpo é entregue à família condignamente recomposto, sendo
fornecida toda orientação necessária para a família.
QUEM PODE SER DOADOR DE ÓRGÃOS EM VIDA?
Restrições legais
Pode ser doador em vida toda pessoa que tiver parentesco
consangüíneo de até quarto grau com o indivíduo que receberá o órgão
transplantado. Isso significa pais, irmãos, filhos, avós, tios e primos. Além
desses casos, cônjuges podem fazer doações e toda pessoa que apresentar
autorização judicial. Essa autorização é dispensada no caso de transplante de
medula óssea. A doação por menores de idade é permitida somente com autorização
de ambos os pais ou responsáveis. Pessoas não identificadas e deficientes
mentais não podem ser doadores.
Restrições de idade
Em geral, o doador deve ter até 60 anos. Para o caso de
transplante de fígado, a idade do doador pode chegar até 80.
Restrições de saúde
O doador precisa fazer exames de HIV e de hepatites B e C.
Deve fazer também provas de função hepática, de função renal e de função
pulmonar.
QUAIS ÓRGÃOS PODEM SER DOADOS?
De doador vivo
Rim: por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida.
Doa-se um dos rins, e tanto o doador quanto o transplantado podem levar uma
vida perfeitamente normal.
Medula óssea: pode ser obtida por meio da aspiração
óssea direta ou pela coleta de sangue.
Parte do fígado ou do pulmão: podem ser doados.
De doador com morte encefálica
Órgãos: coração, pulmões, fígado, rins, pâncreas e
intestino.
Tecidos: córneas, partes da pele não visíveis, ossos,
tendões e veias
QUEM PODE SE BENEFICIAR DE UM TRANSPLANTE?
Principais indicações
Coração: portadores de cardiomiopatia grave de diferentes
etiologias (Doença de Chagas, isquêmica, reumática, idiopática, miocardites);
Pulmão
Portadores de doenças pulmonares crônicas por fibrose ou
enfisema
Fígado
Portadores de cirrose hepática por hepatite; álcool ou
outras causas
Rim
Portadores de insuficiência renal crônica por nefrite,
hipertensão, diabetes e outras doenças renais
Pâncreas
Diabéticos que tomam insulina (diabetes tipol) em geral,
quando estão com doença renal associada
Córneas
Portadores de ceratocone, ceratopatia bolhosa, infecção ou
trauma de córnea
Medula óssea
Portadores de leucemia, linfoma e aplasia de medula
Osso
Pacientes com perda óssea por certos tumores ósseos ou
trauma
Pele
Pacientes com grandes queimaduras.
DÚVIDAS MAIS FREQÜENTES
1) Quem é o potencial doador não vivo?
São pacientes em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) com
morte encefálica, geralmente vítimas de traumatismo craniano ou AVC (derrame
cerebral). A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico, como qualquer
outra cirurgia. Após uma série de exames que excluam doenças transmissíveis, a
família será consultada sobre seu desejo pela doação de órgãos. Somente com a
autorização dos familiares o paciente será um doador de órgãos.
2) Como é feito o diagnóstico de morte encefálica?
O diagnóstico de morte encefálica passa por algumas etapas:
o primeiro passo é o diagnóstico clínico, que deve ser repetido após seis horas
de observação, sendo pelo menos uma destas avaliações realizada por médico
neurologista. Em seguida, deve ser documentado através de um exame
complementar: eletroencefalograma, angiografia cerebral, entre outros. Cabe
ressaltar que nenhum dos médicos responsáveis pelo diagnóstico de morte
encefálica pode fazer parte de equipe que realiza transplante.
3) O que é morte encefálica?
O encéfalo é a parte do corpo geralmente confundida com o
cérebro. Na verdade, é quase a mesma coisa, mas além do cérebro, o encéfalo
inclui o tronco cerebral. O encéfalo controla todas as funções essenciais do
organismo do homem: a respiração, a temperatura do corpo, o funcionamento dos
pulmões etc. Apenas o coração pode continuar funcionando sem o comando do
encéfalo, por causa do seu marcapasso.
Se o encéfalo morre, depois de certos acidentes ou derrame cerebral, os demais órgãos do corpo param de funcionar. Se o marcapasso do coração ainda estiver vivo para fazê-lo bombear o sangue, os outros órgãos podem continuar funcionando por mais algum tempo com ajuda de aparelhos. Nas poucas horas em que os órgãos ainda funcionam por causa dos aparelhos é que é possível aproveitá-los para transplante.
Se o encéfalo morre, depois de certos acidentes ou derrame cerebral, os demais órgãos do corpo param de funcionar. Se o marcapasso do coração ainda estiver vivo para fazê-lo bombear o sangue, os outros órgãos podem continuar funcionando por mais algum tempo com ajuda de aparelhos. Nas poucas horas em que os órgãos ainda funcionam por causa dos aparelhos é que é possível aproveitá-los para transplante.
4) Qual é a diferença entre morte encefálica e coma?
Ao contrário do que muita gente pensa, morte encefálica e
coma não são a mesma coisa. No estado de coma, o encéfalo ainda está vivo e
executando suas funções rotineiras, ainda que com dificuldade. Com a morte
encefálica, essas funções não podem mais ser executadas.
5) Quais são os principais pontos da nova Lei de
Transplantes?
A Lei determinou ao Conselho Federal de Medicina que
definisse os critérios clínicos e exames necessários para o diagnóstico de
morte encefálica (morte do paciente), resultando na Resolução CFM 1480/97.
Sistema Nacional de Transplantes - criado para dar controle
e organização à atividade. Agora, o transplante de órgãos e tecidos só pode ser
realizado por equipes e hospitais autorizados e fiscalizados pelo Ministério da
Saúde.
Lista Única de Receptores - a ordem da Lista é seguida com
rigor, sob supervisão do Ministério Público. O cadastro é separado por órgãos,
tipos sangüíneos e outras especificações técnicas.
Consulta obrigatória à família - a decisão final sobre a
doação é tomada pela família após a morte. A consulta é obrigatória mesmo que
você tenha autorizado a doação em vida. Assim, se a família não for localizada,
não ocorre a doação.
6) Quem pode doar em vida?
O "Doador Vivo" é considerado uma pessoa em boas
condições de saúde (sempre avaliada por médico), capaz juridicamente e que
concorde com a doação. A decisão deve ser orientada por médico;
Por lei, pais, irmãos, filhos, avós, tios, primos e cônjuges
podem ser doadores. Não parentes podem ser doadores somente com autorização
judicial;
Antes da doação é feito um check-up completo para certificar
que a pessoa pode doar com segurança;
A compatibilidade sangüínea é primordial. Existem também
testes especiais (Prova Cruzada e HLA) para selecionar o melhor doador, ou
seja, aquele com maior chance de sucesso do transplante.
7) Quais órgãos podem ser obtidos de um doador vivo?
Rim: por ser um órgão duplo, pode ser doado em vida. Doa-se
um dos rins, e tanto o doador quanto o transplantado podem levar uma vida
perfeitamente normal.
Medula Óssea: pode ser obtida por meio da aspiração óssea
direta ou pela coleta de sangue
Parte do fígado ou do pulmão: podem ser doados.
8) O que é a Central de Transplantes?
O nome mais adequado é Central de Notificação, Captação e
Distribuição de Órgãos (CNCDO). É o setor da Secretaria de Saúde de cada Estado
responsável por organizar e coordenar todos os assuntos relacionados com a
notificação dos potenciais doadores, a captação dos órgãos, a locação dos
órgãos doados e a realização dos transplantes.
9) Como se inicia a doação de órgãos?
Após o diagnóstico de morte encefálica (sempre realizado por
equipe especializada), a Central de Transplantes é comunicada. Profissionais da
Equipe de Captação de Órgãos avaliarão o potencial doador e conversarão com os
familiares para saber do desejo da doação.
10) O que acontece com os órgãos após sua retirada?
Após a cirurgia de retirada, os órgãos precisam ser
transportados, em recipientes estéreis, para o centro que realizará o
transplante no paciente definido pela Central de Transplantes da Secretaria de
Saúde de cada Estado. Há uma equipe de profissionais responsável pelo
procedimento do transplante a ser realizado. Desde a notificação do potencial
doador até a realização do transplante, mais de 30 profissionais altamente
especializados estão envolvidos.
11) Quais órgãos e tecidos podem ser doados após a morte?
Podem ser doados os seguintes órgãos: coração, pulmões,
fígado, rins, pâncreas, e intestino. E os tecidos: córneas, partes da pele não
visíveis, ossos, tendões e veias. A doação pode ser de todos ou apenas de
alguns desses órgãos e tecidos.
12) Como a família pode doar os órgãos?
Os familiares serão entrevistados por uma Equipe de Captação
de Órgãos, a qual solicitará a doação. Somente após a assinatura do Termo de
Doação de Órgãos e Tecidos, pelos familiares, ocorrerá a doação.
13) Como é a cirurgia para a retirada dos órgãos?
A retirada dos órgãos é uma cirurgia como qualquer outra,
sendo realizada com todos os cuidados de reconstituição do corpo, obrigatório
por lei.
14) E o corpo após a doação?
Após a retirada dos órgãos o corpo fica como antes, sem
qualquer deformidade. Não há necessidade de sepultamentos especiais. O doador
poderá ser velado e sepultado normalmente.
15) Quem recebe os órgãos e tecidos doados?
Com a nova Lei dos Transplantes foi instituída a Lista Única
de receptores (regional) pelas Secretarias Estaduais de Saúde. Os órgãos do
potencial doador serão transplantados nos pacientes, obedecendo-se os critérios
da lista Única.
16) A família do doador tem alguma despesa com a doação?
NÃO. A família não é responsável por qualquer despesa com
exames, cirurgias ou outro procedimento envolvido com a doação dos órgãos. O
Sistema Único de Saúde (SUS) cobre todas as despesas.
17) Como devo expressar meu interesse em ser doador?
Informe sua família sobre seu desejo de ser doador de
órgãos. Não é necessário qualquer registro em nenhum documento. O mais
importante é comunicar em vida sua vontade pela doação.
Quadrinho Sobre Doação de Órgãos
Fonte: www.ajudabrasil.org