Saídas espertas para relacionamentos nocivos

Um post especial para a mulher inteligente, com dicas de como pôr fim, de maneira descomplicada, àquele relacionamento ruim.

1. As mulheres mais propensas a relacionamentos nocivos são muito altruístas. Levam a extremos a missão de cuidar do outro. "É preciso também cuidar de si mesma, não apenas do outro e da relação, e impor limites. É uma questão de saúde mental", alerta a psicóloga Valéria Meirelles.


2. Uma das formas mais eficazes de impor limites é tornar- se assertiva na relação. "A assertividade é importante porque, sem ela, em algum momento sobrevirá a agressividade", alerta Verônica Cezar-Ferreira, psicóloga, advogada e mediadora, autora de FAMÍLIA, SEPARAÇÃO E MEDIAÇÃO - UMA VISÃO PSICOJURÍDICA (MÉTODO EDITORA). "Significa colocar-se na relação, dizer o que gosta e o que não aceita."


3. Uma chave para lidar com os relacionamentos nocivos: assumir que manter um vínculo como esse é uma escolha e, assim, tornar-se protagonista da própria história. O marido ciumento ou o namorado que a trata com indiferença não é carma nem destino: é a pessoa que você trouxe para sua vida. Portanto, é possível expulsá-lo.


4. Outra questão a ser levantada é: o que você ganha com esse relacionamento nocivo que não consegue romper? Em geral, a carência afetiva é um dos motores mais eficientes para a manutenção de uma relação desse tipo.


5. Observe a comunicação entre você e a pessoa nociva. Se o marido bisbilhotou seu talão de cheques, a primeira reação é partir para o ataque: Por que você fez isso?" Experimente mudar o discurso:"Por que você acha que tem o direito de olhar meu talão?" A psicoterapeuta de família Lana Harari recomenda:"Discuta exaustivamente até chegar ao âmago da questão".


6. Num relacionamento destrutivo, a melhor maneira de ajudar o outro é negar-se a ajudá-lo. Sua irmã vive pedindo dinheiro emprestado e nunca devolve? Diga não. Isso a obrigará a procurar uma saída duradoura para o problema. Depois, não fique se torturando com culpa: lembre-se de que uma relação doentia causa devastação profunda em quem a sustenta e pode até mesmo levar à depressão.


7. Ao tentar romper um relacionamento nocivo, é natural que a outra parte reaja para manter a situação tal como está. Imagine que você ajuda financeiramente sua mãe, mas a certa altura decide contribuir com menos dinheiro porque precisará bancar um curso universitário. Provavelmente, ela vai se ressentir da mudança e sair com a acusação: "Você não gosta mais de mim?". Mantenha-se firme na decisão e não abra espaço para a culpa.


8. Pessoas com auto-estima elevada se envolvem menos em relações destrutivas. Portanto, invista na sua. Não é que seja uma vacina para o resto da vida, mas os riscos de se meter numa roubada são sempre menores para quem gosta de si mesma e confia no próprio taco.


9. Para ter boa auto-estima, é preciso se conhecer bem. Portanto, uma terapia bem conduzida ajuda a resgatar e rever pedaços da nossa história que não ficaram resolvidos lá atrás e pode se revelar um investimento precioso para a vida toda. É uma grande ferramenta de fortalecimento interno. Não dá para fazer agora? Então encontre um tempo para você e invista em pequenas coisas que a façam feliz, como ver no cinema a comédia romântica da hora ou fazer uma caminhada num parque.


10. O medo da solidão é um fantasma que assombra as mulheres envolvidas em relacionamentos nocivos. "Conheci uma moça que dizia: 'Ele me faz muito mal, mas, se eu terminar tudo, com quem vou ficar no final de semana?' ", conta Lana Harari. Nessa hora, é bom lembrar que a família e a rede de amigos podem ser reconfortantes. "Ajudam a quebrar o mito do desamparo."


11. Espiritualidade faz toda a diferença. Ter uma crença firme numa força superior revigora o espírito e pode ser o empurrão que faltava para pôr o ponto final numa relação perniciosa. "Confie um pouco mais no andar de cima", aconselha a psicóloga Valéria Meirelles.


12. Na atual crise de emprego, nem sempre dá para pedir a conta quando se tem um chefe nocivo, mas é possível fugir das situações que favorecem a afronta. "A presença de uma platéia, por exemplo, é quase sempre uma tentação para um chefe prepotente, que se alimenta da humilhação dos subordinados", explica a psicoterapeuta Lidia Aratangy. "O melhor a fazer nesses casos é evitar situações de confronto em público."


13. É possível que o chefe nem tenha percebido quanto ele é difícil. Se for esse o caso, pode valer à pena agendar uma conversa. No entanto, se ele usa você sistematicamente como bode expiatório, não adianta tentar ser terapeuta que a situação só tende a piorar. "Peça uma transferência de seção ou, em último caso, deixe corajosamente o emprego em nome da saúde emocional", aconselha a mediadora Verônica Cezar-Ferreira. "Se não tomar uma atitude agora, um dia você vai acabar saindo por motivo de doença. Então, melhor que seja antes."


14. Afaste expectativas ingênuas. Em geral, um namorado tenta mostrar o que tem de melhor. Se ele se comporta mal já nos tempos de namoro, mostrando-se autoritário, grosseiro ou possessivo, o jeito é optar pela ruptura logo. A tendência é piorar depois do casamento.


15. Com marido nocivamente ciumento é outra coisa. Há uma grande diferença entre "dar satisfações" e prestar contas". "A primeira expressão diz respeito a ver o outro satisfeito e é parte de todo vínculo que se quer amoroso; a segunda indica hierarquia e não cabe numa relação simétrica", explica Lidia Aratangy. "A confusão entre as duas pode provocar muito sofrimento gratuito."


16. Proponha uma terapia de casal. Se, apesar dos problemas e das diferenças, os dois ainda estiverem interessados no bem-estar um do outro, não será complicado aceitar a indicação terapêutica, mesmo que isso leve um tempo, segundo Verônica Cezar-Ferreira.


17. Como identificar a hora de romper um relacionamento nocivo? "Quando o ressentimento é maior que a esperança, não há conversa nem limite que resolva", afirma Lidia Aratangy. Se ainda há esperança de resgate, vale tentar um diálogo franco mesmo que doa. Caso contrário, evite sofrimento inútil: saia à inglesa, como costumam dizer os franceses.


18. Até onde pode chegar uma relação destrutiva? Depende do limite de cada um. A psicóloga Lana Harari lembra a história de um casal em que o marido traía constantemente a mulher - que sabia, porém ignorava as traições na tentativa de preservar o casamento. Até o dia em que ele perdeu a aliança, descuido que ela considerou intolerável. Qual é o seu limite?


19. A reincidência é um fantasma que assombra quem já viveu uma relação perniciosa. O único jeito de não cair de novo na mesma armadilha é fazer uma revisão das condições que levaram à dinâmica nefasta. Sem procurar os fatores pessoais que colaboraram para a formação e manutenção desse enredo, não existe saída: a tendência é mesmo repetir o script.


20. Relações nocivas em família são complicadíssimas. "Não se trata de um vínculo eletivo, como o marido", diz Lana Harari. Ela recomenda diplomacia e, sobretudo, buscar uma distância ideal entre o superenvolvimento (que convida a aprofundar o relacionamento destrutivo) e a desconexão.


21. No livro PESCANDO BARRACUDAS, o psicoterapeuta Joel Bergman conta a interessante história de um vínculo nocivo entre mãe e filho. Ela ligava várias vezes para o trabalho dele sem razões importantes. Um dia, o filho inverteu a situação: ligou oito vezes para a mãe - na última, só para avisar que estava de saída e que, portanto, ela não poderia encontrá-lo nas próximas horas. A mãe irritou-se, disse que estava bem "grandinho" e que não precisava dar tantas satisfações.E parou de ligar compulsivamente.


22. Se o problema é em família, uma tática que funciona (mas exige que você seja boa atriz), indicada por Lidia Aratangy, é a de ser exageradamente direta: diante da sogra que tenta jogá-la para baixo, caia no maior choro, confirmando que você se sente mesmo muito gorda ou muito relaxada - e não sabe mais o que fazer para mudar isso. Se o irmão pede dinheiro emprestado e não paga, lamente-se das dificuldades em que vive (mas só se ele sempre pede dinheiro e não paga - em caso de emergência, se puder, não hesite em ajudar!) e pergunte se ele não está em condições de lhe emprestar algum. Para histórias terríveis, conte outras piores. O resultado é ótimo.


23. Para lidar com uma sogra complicada, Verônica Cezar-Ferreira recomenda cooptar o marido. Se ele estiver ao seu lado, será mais simples convencê-la de que a casa é de vocês. Às vezes, basta um pequeno toque.


24. Quando se chega às raias da violência física, o melhor é sair de perto, sem contemplação, e tomar providências. Contra a força física não há argumento.


25. Há um novo tipo de relacionamento nocivo na praça, que Lidia Aratangy batizou de "gigolôs modernos": são namorados que perdem o emprego, se hospedam provisoriamente na casa da namorada e vão ficando, ficando, como se não pudessem contar com mais ninguém no mundo (e, já que estão duros, nem sequer se oferecem para rachar as despesas). A moça começa se achando muito importante, tão boa samaritana, até gostando desse inusitado papel de anjo protetor. Não acredite nisso! Ninguém é tão desamparado: ele deve ter irmãos, pais, padrinhos ou amigos. E, se não tiver mesmo ninguém a quem recorrer, pior ainda! O que terá acontecido para todo mundo sumir da vida dele?


26. Há quem construa relacionamentos nocivos até com o verdureiro. É bastante comum fornecedores antigos abusarem dessa condição. No começo, tratam bem, oferecem as melhores frutas ou verduras, dão descontos, mas depois, na certeza de já ter conquistado o freguês, passam a relaxar, a cobrar mais caro etc. E a dona-de-casa se sente amarrada, não consegue comprar da banca vizinha nem reclamar do tratamento que está recebendo. Daí, não existem meias medidas: é romper mesmo, comprar em outra banca (não precisa ser na banca do lado, para não parecer provocação) e fim de papo.


27. Só é possível permanecer num relacionamento nocivo sem se machucar muito quando se tem consciência de que foi uma escolha. "Há mulheres que detestam fazer sexo com o marido, mas permanecem com ele porque é generoso e paga as contas. Mantêm a relação sem sofrer tanto porque têm clareza de que preferem assim e de que vale a pena", diz Lana Harari.

Fonte: Cláudia