Carnaval: cuidado com as doenças transmitidas pelo beijo

O carnaval começa neste fim de semana, e com ela a onda de agarração e pega-pega entre os foliões. E quem não gosta de beijar neh, é muito bom. Mas atente-se aos cuidados na hora de sair distribuindo beijos por aí, e ainda mais com pessoas que você nunca viu na vida, pois através do contato da saliva entre duas pessoas são transmitidas mais de 250 tipos de bactérias.  Confira quais doenças podem ser transmitidas pelo beijo e também aquelas que não são transmissíveis.

O QUE PEGA

Gripe A
Não é porque os casos de H1N1 estão menos frequentes que a doença desapareceu. O vírus da gripe mais temida em 2009 ainda está por aí, fazendo novos casos. E se a transmissão pode ocorrer por meio de um espirro, imagine do que um beijo não é capaz. De acordo com os médicos, o beijo é uma maneira extremamente eficaz de contaminação. Os sintomas da doença são semelhantes aos de uma gripe comum, com febre, tosse, coriza e dores de cabeça e no corpo. Portanto, o ideal é ficar atento. A Secretaria de Saúde do Paraná, por exemplo, em seu último boletim informativo, recomenda que, mesmo no verão, a população siga medidas como a higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel, além de evitar tocar com as mãos nos olhos, bocas e o nariz sem os devidos cuidados de limpeza.

Meningite
De acordo com um estudo realizado por médicos australianos, beijar na boca de múltiplos parceiros aumenta em quatro vezes a chance de pegar meningite meningocócica. A definição de “múltiplos” para os pesquisadores é de sete pessoas em duas semanas. A conta parece até pequena para quem observa a “pegação” do carnaval de Salvador. A transmissão da meningite preocupa os médicos, já que a doença tem uma evolução rápida e pode ser fatal. Os sintomas mais comuns são febre, dor de cabeça, vômitos, diarréia e rigidez dos músculos da nuca, ombros e costas.

Mononucleose
Não é preciso dizer qual a principal forma de contaminação da chamada “doença do beijo”. Como nem sempre a pessoa sabe que tem o vírus Epstein-Barr, já que a mononucleose pode ser assintomática, ela acaba transmitindo a doença a outras pessoas. Nos casos em que há sintomas, os principais são fadiga, dor de garganta, tosse e inchaço dos gânglios. Vale lembrar que o vírus pode ficar incubado de 30 a 45 dias no organismo e não tem cura – a pessoa vai carregá-lo para o resto da vida.

Herpes
Mesmo que no momento do beijo o parceiro não tenha nenhum indício do problema, ele pode ter o vírus causador da doença e transmiti-lo. Depois do contágio, não há cura e a pessoa passa a conviver com o herpes, que pode se manifestar anos mais tarde, geralmente durante fases em que estiver com a imunidade baixa. O herpes pode aparecer como um machucado na boca ou até mesmo em outras partes do corpo.

Cárie
Se você não dá a devida atenção à higiene bucal, pode pegar – e transmitir – cárie através do beijo. Para evitar pegar a bactéria alheia, capriche na escovação e não abra mão do fio dental diariamente, assim você fortalece a sua imunidade bucal e as bactérias não encontrarão um ambiente propício ao desenvolvimento. Dentistas também recomendam atenção: observe se a pessoa tem todos os dentes ou se eles estão amarelados e/ou escurecidos. Se uma das repostas for sim, faça a fila andar e chame o próximo.

Sífilis
A sífilis pode ser transmitida pelo beijo, se a outra pessoa estiver contaminada e tiver alguma ferida na boca
. A forma mais comum de contágio, no entanto, é a sexual. A doença é causada por uma bactéria chamada treponema pallidum e pode aparecer em diferentes partes do corpo e levar até uma semana após o contágio para aparecer.

Hepatite
Tipo A: a principal forma de contágio da hepatite A é por meio de fezes contaminadas. É super raro, mas eventualmente ela também pode ser transmitida através do beijo. A hepatite A também provoca febre, diarréia e deixa a pele amarelada. Não existe um tratamento específico para a doença, os médicos indicam muito repouso e nada de bebida alcoólica.
Tipo B: a hepatite B também pode ser transmitida pelo beijo. Para isso acontecer, a pessoa doente tem que ter um machucadinho na boca, corte, ou qualquer coisa que libere sangue. A forma mais comum de contágio dessa doença é pelo contato com sangue contaminado: seringas, transfusões, etc. E nem pense em fazer sexo sem camisinha. A hepatite B afeta o fígado e num estágio mais avançado pode até causar cirrose.

Hepatite  Tipo C
As associações médicas internacionais não consideram o beijo como uma forma de transmissão da doença, assim como o Ministério da Saúde do País. É possível pegar hepatite C tendo contato com o sangue contaminado ou em relações sexuais sem o uso da camisinha. A hepatite C é causada pelo vírus HCV e, em geral, os sintomas levam até 10 anos para se manifestar.
Pesquisadores da Universidade de Washington, em Seattle, que participaram da Interscience Conference on Antimicrobial Agents, em Chicago (EUA), advertiram a população do mundo inteiro que a hepatite C possivelmente é transmitida pelo beijo ou pela escova de dente.
Até hoje, se acreditava que a hepatite C era passada em transfusões de sangue. Só que os cientistas identificaram traços do vírus da hepatite C na saliva humana.

O QUE NÃO PEGA

AIDS
Não existe nenhum caso registrado na literatura médica de contágio pelo beijo. Suor, lágrimas, usar o mesmo sabonete, talher ou copo também não transmitem aids. No entanto, não deixe de usar camisinha se decidir ir além dos beijos e carícias. Não se esqueça que existem mais de 474 mil pessoas contaminadas pelo vírus no País, segundo Ministério da Saúde.
O vírus do HIV precisa de contato de sangue, líquidos corporais como o sêmen ou feridas abertas para ser transmitido.
Comprovadamente é transmitido por:
1) Relação sexual não protegida, vaginal ou anal
2) Transfusões de sangue
3) Amamentação
4) Uso de seringas e agulhas compartilhadas
O beijo, apesar de ter troca de saliva, ainda não é uma forma comprovada de transmissão.
A não ser que ambas as pessoas tenham lesões importantes na boca, e haja troca de sangue em quantidade suficiente.
Está com dúvida ainda sobre a transmissão da AIDS pelo beijo? Então visite o site do Ministério da Saúde Aqui.

Fontes: Adriano Silva de Oliveira, presidente da Sociedade Baiana de Infectologia; Amaury Mendes Junior, ginecologista e terapeuta sexual; Osíris Klamas, presidente da regional do Paraná da Associação Brasileira de Dentistas