Sou tímido... E agora?

Quem nunca se sentiu ou ainda sente-se tímido diante de uma ou outra situação que atire a primeira pedra! Na prática, todos nós somos afetados pela timidez em alguns momentos: primeiro encontro, primeiro dia no emprego, conversar com alguém que não é íntimo, dentre várias outras situações que poderíamos enumerar.

Aliás, na “dose certa” a timidez tem uma função muito importante: ela é o nosso "regulador social", evitando a evitar os excessos que transformariam nossa sociedade em um verdadeiro caos. 

Essa timidez, que certamente todos experimentamos em algum momento, chama-se timidez situacional, porque se manifesta em ocasiões específicas. Por exemplo: a pessoa não experimenta dificuldades no amor, mas morre de medo de falar em público. A timidez situacional é mais fácil de ser vencida, já que a indivíduo já possui algumas habilidades sociais que precisará apenas aprimorar.

E quando a pessoa é tímida o tempo todo

Já o tímido crônico, experimenta um sofrimento maior, pois encontra dificuldades em praticamente todas as áreas do convívio social. A pessoa que sofre de timidez crônica não consegue falar com estranhos, fazer amigos, paquerar, falar em público, etc. Ou seja, seu prejuízo em termos de relacionamento social é imenso.

E para piorar ainda mais a situação, o tímido crônico pode ser classificado como antipático, sendo que muitas vezes sofre justamente por perceber que sua falta de repertórios sociais afeta seu relacionamento com outras pessoas.

A timidez crônica vem acompanhada de uma série de
desconfortos, como por exemplo:

  • Inibição e passividade;
  • Auto-Imagem negativa (pensamentos negativos sobre si mesmo e as situações);
  • Baixa auto-estima e autoconfiança
  • Medo de avaliação negativa e de parecer "bobo" diante dos outros;
  • Insegurança (medo de fracassar, de ser rejeitado e parecer ridículo);
  • Preocupação excessiva com as opiniões e julgamentos alheios;
  • Pouco contato visual, baixo volume de voz, rubor e gagueira;
  • Reduzida expressão corporal;
  • Dificuldade de se apresentar;
  • Necessidade constante de inventar desculpas e de recusar convites;
  • Sentimentos de vergonha, tristeza e solidão;
  • Dificuldade em fazer amigos, círculo social extremamente reduzido;
  • Dificuldade em arrumar parceiros amorosos, início tardio da vida amorosa;
  • Dificuldade em apresentar trabalhos no colégio, faculdade ou serviço;
  • Dificuldade em participar de reuniões e apresentar seu ponto de vista.

Timidez crônica trem tratamento?

Muitas pessoas sabem da existência de tratamento para a timidez, sofrem com os problemas causados pela timidez, mas não procuram ajuda assim mesmo, normalmente por medo ou vergonha.

Entendemos essa dificuldade, pois não procurar ajuda é exatamente mais um sintoma do problema. Ainda colocamos um questionamento: o que é mais difícil, enfrentar esse medo apesar do desconforto causado ou fazer da própria vida medo e desconforto constantes?

A psicoterapia cognitivo-comportamental é um excelente tratamento para a timidez, pois nela são atacados de maneira sistemática e objetiva os sintomas mencionados anteriormente, promovendo uma alteração na maneira como o indivíduo encara cada situação ao mesmo tempo em que se desenvolvem ou aprimoram-se habilidades sociais, além da investigação e questionamento das crenças mantenedoras do problema.

Timidez crônica e fobia social é a mesma coisa?

A timidez crônica muitas vezes tem sido confundida com a fobia social, mas a fobia social acarreta maiores prejuízos à vida do indivíduo, seus sintomas são mais intensos e em alguns casos até mesmo incapacitantes.

A fobia social apresenta todas as características da timidez crônica, porém de forma ainda mais intensa, fazendo com que a pessoa passe a evitar a maior parte das situações que exijam exposição social (comer em restaurantes, usar banheiros públicos, freqüentar piscinas) e quando submetida a tais situações apresente sintomas como tremores, sudorese, taquicardia náuseas e desconforto abdominal.

É por isso que no tratamento da fobia social, além da psicoterapia é recomendado, simultaneamente, um tratamento medicamentoso que deve ser utilizado em conjunto com a psicoterapia.

Fonte: Conhecer e Agir