Abaixo a Incompetência!


Localize-a e dê um jeito nela – antes que ela destrua sua vida.Há alguns meses, um cara novo foi contratado para o departamento de planejamento e controle de uma conceituada empresa. Ele parecia ótimo, e um MBA de instituição bastante respeitável (embora cada emprego dele não chegasse há durar dois anos). O terno, em especial, impressionava. Belo tecido. Bem cortado. Ele fazia aquela linha “terno sem gravata”, que virou moda entre os funcionários descolados. Assim, todo mundo gostou dele de cara. Isto é, até que ele apresentasse currículo isto é, primeira planilha de resultados. Parecia bonita, mas todos os números estavam estranhos.

Onde deveria haver 3 milhões de repente havia 7 milhões. Números como 1,54 viraram 5,14. É uma baita diferença. Felizmente, o chefe pegou o documento-problema e chamou o sujeito em sua sala. “Marcos”, ele disse, com toda delicadeza, “esta planilha está totalmente doida. O que houve?” “Bom”, ele respondeu: “Eu sou disléxico”. Era verdade. O Marcos era disléxico. Quanto a isso, não havia nada a fazer. Ele aceitou um emprego que exigia acuidade gráfica, e poderia ter destruído a empresa, porque ele não tinha essa habilidade. Porém, embora Marcos fosse totalmente incompetente na área para a qual foi contratado, acabou se mostrando muito bom em análise de security. Ele era mandado para a área de Tecnologia da Informação quase todo dia. Diziam que ele ajudava a passar uma imagem cool. E ele ajudava!

Mas o que era cool para a TI não era cool para o resto da empresa. Quando a incompetência se manifesta, você tem de agir, seja para eliminá-la, seja para descobrir se você pode, de alguma forma, salvar a carreira do pobre coitado. Mas como identificar as fraudes? Identificamos seis tipos conhecidos de incompetentes bem-sucedidos, todos eles usuários de estratégias inteligentes para mascarar a completa falta de aptidão. Veja como detectar os que estão perto de você.
O deslumbrante
Esse sujeito impressiona a todos com seu jogo de cintura e conhecimento. É bem vestido, tem aquela aparência de ser o cara, e você realmente não percebe nada de errado, até que ele esteja bem abrigado em sua posição. Um sujeito recentemente foi contratado, formado em Harvard, recém-saído de uma consultoria grande. Ele tinha uma linda coleção de ternos e gravatas de fazer a gente babar. Não falava muito, mas quando falava era esquisito. Ficava enfadonho e irritante. Se ele nunca tivesse aberto a boca, poderia ainda estar empregado. Para seu azar, acabou abrindo em excesso, fazendo com que o CEO dissesse ao presidente: “O Edgar não sabe patavina de coisa alguma, não é?” O presidente não pôde dizer nada além de “Vou cuidar disso, meu caro”. E cuidou.
Identifique-o: Fique alerta quanto a estilo, orgulho e cabelo impecável. A estratégia pode ser executada por qualquer um com recursos financeiros adequados e acesso a um alfaiate.
Lide com ele: Edgar fazia muito pouco além de comparecer a conferências da indústria e outras reuniões onde a moçada debate táticas e come sanduíches. Mas naquele meio ele era bom. Ele era um mestre no palavrório pouco específico que dá o tom nesses eventos. Se tivesse trabalhado um pouco mais para fazer desses papéis sua missão primária, poderia ter se tornado uma vantagem comercial para a empresa e uma espécie de agente de inteligência confiável no ramo. Quando você vê um talento útil emergindo espontaneamente em alguém, utilize-o!

O piadista
O sujeito é tão engraçado que você não pode imaginar a vida na empresa sem ele. Ele é rápido nas tiradas e conquista sua simpatia com apartes espirituosos. Os problemas começam quando aparecem questões de relevância. Então fica claro que você estava muito encantado para notar a falta de profundidade dele.
Identifique-o: Todo mundo gosta dele. Ninguém o odeia. E as pessoas gostam de tê-lo por perto, mesmo que, na verdade, ele não esteja fazendo nada. Porque, basicamente, ele não consegue fazer muita coisa mesmo, consegue?
Lide com ele: Como sabemos, há momentos em que as pessoas não estão para brincadeira. Lançar uma tirada em um ambiente mais sóbrio é outra forma de mostrar uma incapacidade crônica de sintonizar-se com o ambiente ou uma incompetência mais abrangente. De qualquer forma, essas pessoas precisam ser mantidas fora das reuniões importantes. Elas simplesmente não entendem. Outro risco do humor: ele pode transmitir uma incompetência que, na verdade, não existe. Alguns anos atrás, um funcionário foi chamado a uma reunião de orçamento para defender as despesas de seu departamento. Todo mundo em sua posição já havia feito sua apresentação. Entrou na sala com seus números debaixo do braço e a determinação de proteger seus colegas – e comprar uma fotocopiadora nova para o andar. O CEO olhou e disse: “Ah, legal. É o Schwartz. Agora, sim, a gente vai dar risada”. Não era a recepção que ele esperava.

“Aprenda com aquele tipo de profissional que ilustra bem o ditado “Parece, mas não é”
O pit bull
Algumas pessoas são tão más que você nem quer se meter com elas. A maldade é o mecanismo de defesa delas – o modo como escondem o fato de serem incompetentes. O sujeito pode ter pisado na bola no meio de uma reunião, mas experimente levantar a questão com ele e – zap! – você é um homem morto. Ele fica tão grosseiro e desagradável quando desafiado que nem vale à pena. Passe o que ele não souber fazer a outra pessoa, e toque o barco. Provavelmente, um dia você o mandará embora, mas a simples idéia de fazer isso é tão nauseante que você tem vontade de chorar. Então você deixa quieto. E ele venceu.
Identifique-o: Ele exibe seu azedume todos os dias, e sua capacidade quase nunca é contestada. É possível, quando o chefe do local é tão mau quanto ele, que sua personalidade ganhe sua atenção, e o cretino passa a ser, então, seu braço direito.
Lide com ele: Tenha paciência. As pessoas odeiam esses sujeitos. A incompetência deles é amplamente conhecida. Todo mundo está só esperando que eles falhem – e, quando falharem, todos cairão matando em cima deles, como as Fúrias fizeram com Orfeu. A gente vê isso no noticiário todos os dias. Não vou citar nomes porque, às vezes, cruzo com eles. Estavam no topo do mundo. Fizeram uma besteira, uma besteirinha só. . . e todos os seres humanos do planeta fizeram questão de ajudar a linchá-los. E ninguém sentiu um pingo de culpa. E por que sentiria?

O cabeção
Ele é tão inteligente! Então, como poderia estar tantas vezes errado? Ele tem tabelas, gráficos e apresentações em PowerPoint, e usa palavras como “alavancagem”, “breiquivar”, e você, muitas vezes, não consegue entender bulhufas do que ele está dizendo. Que operador fabuloso! Exceto que tudo em que ele se envolve acaba murcho e indigesto como uma laranja podre. Sua capacidade de resolver problemas é inexistente. Ele é chato e consegue fazer os outros acharem que são burros, quando ele mesmo não é tão brilhante. O maior medo desse homem é que chegue alguém que realmente saiba o que ele está fazendo.
Identifique-o: Infelizmente, o cabeção está em boa companhia, como se pode ver pelo grande número de caras com MBA incapazes de vender uma latinha d’água a um faquir. Sobra para quem precisa fazer o trabalho de verdade em uma empresa que tenha um desses no topo ou muitos deles permeando a organização. O lugar torna-se excessivamente analítico e lento. Há reunião e PowerPoint demais. E, periodicamente, muitos reles mortais competentes são executados.
Lide com ele: A boa notícia é que esses tipos sempre acabam entrando pelo cano. Basta ver o que aconteceu recentemente na indústria financeira. Enquanto alguém indicava a porta da rua para eles, outro ajudava a desfazer tudo o que os MBAs incompetentes aprontavam.

A toupeira apressada
Esse é tão ocupado que é completamente ineficiente. Atrapalhado? Confuso? Impreciso? Pouco confiável? Todas as anteriores. Ele poderia fazer melhor se desacelerasse um pouco, mas ele é tão. . . tão. . . cheio de. . . coisas. Você tem um problema com aquele documento? Sinto muito. Mais tarde ele vê isso. Faltou a uma reunião, não foi? Mas o que é que esperavam? Ele tem de estar em seis lugares ao mesmo tempo! Como alguém pode criticá-lo? É óbvio que ele é muito mais diligente do que qualquer um!
Identifique-o: Um sujeito assim sustenta o jogo porque ninguém sabe o que ele está realmente fazendo nem onde ele está. Fique atento a esse “excesso” de produtividade que não apresenta resultados concretos.
Lide com ele: Encaminhe-o para participar de um projeto ou de uma tarefa em que ele tenha uma responsabilidade real, da qual não tenha como escapar. Aí ele estará definitivamente perdido. Até lá, a toupeira não se sai tão mal com coisas rápidas e superficiais que levem cerca de uma hora ou pouco mais.

O peso morto
Coitado. Ele já teve algum viço, uma energia pulsante. Mas agora? Ele passa quase o dia todo sentado em seu escritório olhando pela janela. De alguma forma, enxugamento após enxugamento, ele sobreviveu. Como? Como esse espécime conseguiu manter a cabeça quando tantas outras rolavam? Ah, claro! Porque ele é o chefe! Ele pode fazer o que quiser, inclusive absolutamente nada.
Identifique-o: Fique atento a sinais de embriaguez, sentimentos de paranóia e inadequação. Com o passar do tempo, ele se torna cada vez mais dependente dos funcionários que efetivamente trabalham. O que representa boas oportunidades para seus subordinados.
Lide com ele: É isso mesmo, estou falando com você! A incompetência dos outros pode ser a sua passagem para a glória. Não reclame da incompetência deles, não. Deleite-se com ela. Aproveite e abrace a sua própria. Você é o quê? Perfeito?

Você é incompetente?
“Competência refere-se tanto a habilidades políticas como a responsabilidades básicas”, diz a americana Marilyn Puder York (Autora de The Offi ce Survival Guide (O Guia de Sobrevivência no Escritório). Faça o teste e descubra as suas

Onde você estava durante a última festa da firma?

A Circulando no meio do pessoal.
B Terminando uma tarefa importante.
C Matraqueando com o pessoal do meu departamento.
A secretária do seu chefe é como a guardiã do portal – ignore-a e você pode entrar na lista negra para o resto da vida. “Perceba a diferença entre o título e o poder verdadeiro, que vai além das posições oficiais”, diz Brandon. “Fique bem com os chefes, mas também com aqueles que não têm títulos oficiais.” E cuidado com a linguagem: mostre que você está inteirado usando os termos preferidos de seu chefe (“produtividade” ou “lucro”, por exemplo). Um simples “olá” não basta.

Como você se prepara para o grande brainstorm?

A Eu penso melhor sob pressão. A reunião vai me inspirar.
B Coloco minhas idéias em um PowerPoint e ensaio.
C Formulo idéias e vejo o que as pessoas acham.
Fazer brainstorm antes de uma reunião é apenas metade da batalha. “O pistoleiro solitário pode ter uma idéia, mas, politicamente, ele não tem o apoio dos outros”, explica Brandon. Compartilhe suas idéias com antecedência para poder fazer ajustes finos em sua apresentação, além de deixar sua panelinha por dentro do assunto. Caso contrário, você corre o risco de ser surpreendido por aqueles que já formaram coligações e dar a impressão de querer impor suas pautas sem diálogo.

Seu chefe dá a você um projeto-chave de fim de semana. O que você diz na segunda-feira de manhã?

A “Eu tive de varar umas noites, mas consegui fazer.”
B “Eu já fiz uma parte – e termino hoje à noite.”
C “Resolvi o assunto no domingo de manha.”
Esquivar-se da tarefa é, obviamente, ruim. Mas perder o sono por causa do trabalho não é muito melhor. “Se você está disposto a trabalhar em casa, mas vai ter uma úlcera por isso”, diz Brandon, “é sinal de que você não está à altura”. Fazer mais horas nem sempre significa ganhar mais respeito.
7-9: Você merece um aumento
4-6 pontos: Bem-vindo à gerência média.
Até 3 pontos: Entre em greve.

Fonte: Mens’Health