As sacolas plásticas de supermercados podem ser
reaproveitadas para a produção de um material muito mais valioso do que o
próprio polietileno usado originalmente: as chiques fibras de carbono.
As fibras de carbono estão entre os materiais mais high-tech da
atualidade, presentes em sondas espaciais, aviões, lanchas, carros de corrida e
até em jogos de xadrez e objetos de uso doméstico.
Os sacos plásticos, por outro lado, estão sendo banidos
porque não são reciclados de forma adequada, ainda que não exista ainda um
substituto ambientalmente vantajoso para eles.
Pesquisadores do Laboratório Oak Ridge, nos Estados Unidos,
desenvolveram um processo que não apenas permite a utilização do polietileno
para a fabricação de fibras de carbono, como também possibilita ajustar o
produto final para aplicações específicas.
Eles acreditam que os resultados trarão para a indústria uma
técnica flexível para fabricar fibras tecnologicamente inovadoras em inúmeras
configurações, de aglomerados de fibras a não-tecidos de fibra de carbono.
SULFONAÇÃO
O novo processo, que está em processo de patenteamento, é
descrito como uma “combinação de tecelagem multicomponente de fibras com uma
técnica de sulfonação”.
O produto final pode ter seu contorno superficial, assim
como o diâmetro de cada filamento, ajustado com precisão durante o processo de
fabricação — a precisão dessa manipulação alcança a escala dos nanômetros.
Outra possibilidade é a fabricação de materiais porosos,
adequados para filtragem, catálise e colheita eletroquímica de energia.
O aglomerado de fibras é mergulhado em um ácido contendo um
banho químico, onde ele reage e forma uma fibra negra que não irá se fundir
novamente. É essa reação de sulfonação que transforma as fibras do plástico em
uma forma não fundível.
Neste ponto, as moléculas plásticas se ligam, e não irão
fundir ou fluir com novo aquecimento. A temperaturas muito altas, essa fibra
retém a maior parte do carbono, enquanto a maior parte dos outros componentes
volatiliza em diferentes compostos ou gases.
Sobre as futuras aplicações possíveis do material reciclado,
os pesquisadores são lacônicos — certamente para não adiantar muitas pistas
para a concorrência — embora admitam que as possibilidades sejam “virtualmente
ilimitadas”.
Fonte: Matéria Incógnita