O HPV (Human Papilloma Vírus) é o nome científico do agente
etiológico da doença sexualmente transmissível (DST) mais freqüente em nosso
meio. As lesões provocadas por esse vírus são conhecidas como condiloma
acuminado, verruga genital ou vulgarmente conhecida como “crista de galo”.
Clinicamente se apresentam como verrugas na região genital de ambos os sexos.
No homem, a
localização mais freqüente é na glande (cabeça do pênis), sulco
bálanoprepucial, meato uretral e, raramente, dentro da uretra, podendo ocorrer
também na virilha, bolsa escrotal e região perianal. Existem as formas
subclínicas e latentes nas quais não há lesões visíveis.
A grande importância
do HPV é o fato de estar amplamente relacionado com o desenvolvimento do câncer
de colo uterino nas mulheres e, como está claro o papel exercido pelo homem na
transmissão da infecção genital deste vírus, faz-se de grande valia o
diagnóstico precoce e tratamento dessa enfermidade.
No homem, o HPV
parece ser um dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do câncer de pênis,
embora com menor freqüência, sendo os processos inflamatórios crônicos,
principalmente nos homens com prepúcio longo ou fimose, os maiores responsáveis
pela gênese desse câncer.
Existem mais de 100
tipos de vírus do HPV identificados, mas os mais importantes são os tipos HPV-1
e HPV-4 que causam verrugas vulgares, os tipos 6 e 11 responsáveis pelos
condilomas acuminados (baixo poder oncogênico) e os tipos 16 e 18(alto poder
oncogênico) relacionados ao câncer de colo de útero.
É importante
salientar que a faixa etária em que esta infecção mais ocorre é em jovens entre
os 15 e 25 anos e, na mulher, o diagnóstico do câncer de colo do útero é
realizado até 20 anos após.
Os principais fatores de risco para o desenvolvimento desta infecção
são:
-Início precoce da
atividade sexual;
-Fumante pesado;
-Outras DSTs concomitantes;
-Múltiplos parceiros;
-Uso de anticoncepcionais (mulheres) durante longo tempo;
-Imunidade diminuída.
O período de
incubação da doença varia de semanas a meses.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico do HPV
no homem é feito principalmente pelo exame clínico, onde são identificadas as
lesões verrugosas típicas. Em casos duvidosos pode ser feita a peniscopia, que
é um exame onde é aplicado ácido acético sobre a zona a ser examinada e,
através de uma lente de aumento ou colposcópio, identifica-se as lesões
suspeitas, que podem ser biopsiadas e submetidas a análise histológica pelo
patologista.
Mais modernamente,
estão sendo usados métodos moleculares para diagnóstico de lesões subclínicas
(não visíveis) chamado de captura híbrida e a reação em cadeia da polimerase
(PCR) que procura identificar o DNA viral. É feito um escovado do pênis,
superficialmente, e da uretra, para pesquisa destas células e se fazer o
diagnóstico de HPV. Este método é utilizado, além da peniscopia, nos parceiros
assintomáticos de mulheres nas quais foi identificado o HPV. Um dos fatores
limitantes deste método é o alto custo.
TRATAMENTO
O tratamento do HPV
tanto no homem como na mulher é o mesmo e varia conforme a localização das
lesões e a forma destas.
A maioria das lesões
são tratadas topicamente através de substâncias como a podofilina, o ácido
tricloroacético, o 5 - fluoracil, a podofilotoxina e o imiquimod. O tratamento
pode ser feito também utilizando-se a cauterização elétrica, laser, crioterapia
e cirúrgica (exérese da lesão ou circuncisão). Existe ainda a imunoterapia com
interferon, com resultados bons, mas que está sujeita a efeitos colaterais.
Estudos mostram que
em homens operados de fimose ou que tinham a glande exposta, a incidência de
infecção por HPV era bem menor e o desenvolvimento de câncer de colo de útero
nas suas parceiras menos freqüentes.
PREVENÇÃO
O uso de preservativos nas relações sexuais é sempre
recomendado.
Recentemente foram
desenvolvidas vacinas que protegem contra o HPV:
-A quadrivalente que protege contra os tipos 6,11,16 e 18.
-A bivalente, específica para os tipos 16 e 18.
Seu uso é recomendado antes do início da atividade sexual,
tendo expressão máxima se usada aos 11 ou 12 anos, ou para mulheres que já
passaram desta faixa etária, de13 a 26 anos.
O valor profilático é considerado alto com proteção de 95%
contra estes vírus.
É aplicada em 3 doses no período de 6 meses.
A resposta imune é semelhante em homens e mulheres, mas não
se pode afirmar se será tão eficaz nos homens o quanto o é no sexo feminino. A
proteção é estimada em 5 anos de duração.
Pesquisa encontra
vírus HPV em 50% dos homens
A metade dos homens saudáveis está infectada com HPV, indica
um dos maiores estudos já feitos sobre a incidência da doença no sexo
masculino. Os resultados são publicados nesta terça-feira no
"Lancet".
A pesquisa acompanhou por quatro anos 4.074 homens de 18 a
70 anos do Brasil, dos EUA e do México.
Eles tiveram amostras recolhidas do pênis e do escroto
submetidas a análise. Dos 50% com HPV, 30% tinham o vírus que pode levar a
câncer, 38% tinham o não cancerígeno, e o restante tinha mais de um tipo de
HPV.
As altas taxas de contaminação nos homens, superiores às das
mulheres, surpreendem. Na população feminina, mais associada ao HPV, a taxa
média de contaminação é de 14%, compara a pesquisadora Luisa Villa, do
Instituto Ludwig, responsável pelo estudo no Brasil.
"Antes, acreditava-se que os homens tinham menos HPV,
que as infecções ocorriam em menor proporção. Mas eles também têm infecções, e
em taxas mais elevadas do que as mulheres."
Apenas recentemente é que começou a se estudar sobre o HPV
no homem. Um dos motivos para isso é que, nas mulheres, as consequências das
contaminações são mais graves, como o câncer de colo de útero-segundo tumor
mais frequente, depois do de câncer de mama.
"Os homens foram deixados de lado. São o vetor do
vírus, mas as mulheres têm mais doenças por causa dele", diz Glauco
Baiocchi Neto, diretor de ginecologia oncológica do A.C. Camargo.
O risco aumenta com o número elevado de parceiras e com a
prática de sexo anal.
As chances de ter HPV que pode evoluir para um câncer
aumentaram 2,4 vezes em homens que tinham tido mais de 50 parceiras, e 2,6
vezes em homens com pelo menos três parceiros.
HPV não é indicativo
de traição
O HPV afeta homens, mulheres, crianças, idosos, todos. Mesmo
senhoras e senhores que não estão tendo mais relações sexuais poderão ter
manifestações de HPV. Ou porque houve reativação de vírus contraído há muitos
anos ou, muito mais rararamente, por outra via de contaminação, como se enxugar
com uma toalha contaminada com o vírus.
Reforço que esta forma de contágio é
muito rara.
Existem crianças que nascem com HPV, pois o vírus, de forma rara
também, pode passar pela placenta.
É importante frisar que não precisa ser
promíscuo para ter HPV. Primeiro porque o vírus pode ter sido contraído em
outra relação e só se manifestado tempos depois. Não dá para centralizar a
discussão com o(a) companheiro(a) no “quem passou para quem”. HPV não indica
traição.
Se você descobriu o HPV e está em uma relação fixa, fale com a(o) parceira(o)
de forma madura: “Minha amiga(meu amigo), não dá para saber quem começou essa
história, então, vamos nos tratar. Os dois.”
Fonte: Brasilclínicas, Folha.com,Delas/iG