Não é preciso ir muito longe para provar da culinária
internacional – apetitosos pratos de todo o mundo ultrapassaram fronteiras e
hoje podem estar à sua mesa aqui mesmo, no Brasil. Mas será que você realmente
sabe de onde veio àquela comida que você tanto gosta? Para tirar a prova,
conheça 8 comidas que têm origens diferentes da que você imaginava:
Batata-frita
Parece fácil: para saber de onde veio essa delícia crocante
que chamamos de batata-frita bastaria lembrar o nome que ela recebe na terra do
Tio Sam – por lá elas são conhecidas como french fries, “batatas
francesas” em português. Não caia nessa pegadinha, amigo. É aos belgas
que devemos agradecer pela batata nossa de cada dia. Segundo conta a
história local, desde o século 17 era comum na região do Rio Meuse pescar
pequenos peixes e fritá-los. No inverno, quando o rio congelava, os belgas
cortavam batatas em forma de peixinhos e as jogavam na gordura. Quando soldados
estadunidenses passaram pelo país durante a Primeira Guerra Mundial, teriam
provado (e aprovado) o prato que chamaram de
“francês”, língua oficial do exército da Bélgica naquela época.
Lasanha
As camadas intercaladas de massa e cremosidade da clássica
lasanha surgiram na Itália, certo? Nada disso. Uma receita muito
similar ao amado prato já se encontrava em Fôrma de Cury, “livro de
receitas” escrito pelo cozinheiro mestre do Rei Ricardo II da Inglaterra em
meados do século 14. Há quem defenda que a lasanha está por aí há mais
tempo ainda: seu nome e receita teriam aparecido na Grécia Antiga. A diferença
entre a lasanha que conhecemos hoje e suas versões antepassadas é a ausência de
tomate nos primórdios – o fruto só chegou à Europa depois que Colombo deu uma
passadinha nas Américas em 1492.
Nachos
Eles surgiram no México, é verdade, mas se engana
quem pensa que os nachos fazem parte da culinária tradicional do país. O
lanchinho foi criado em 1943 por Ignacio “Nacho” Anaya. Na época, Ignácio
trabalhava no Victory Club, restaurante localizado na cidade mexicana Piedras
Negras, cortada pelo Rio Grande e vizinha da cidade estadunidense Eagle Pass,
no Texas. As esposas dos soldados da base texana costumavam passear pelo México
e, em certa tarde, acabaram entrando no pequeno Victory Club. Pediram o prato
da casa. Reza a lenda que, para desespero de Ignácio, o cozinheiro do
estabelecimento tinha escolhido justo aquele momento para dar um perdido e não
podia ser encontrado. Anaya vestiu o chapéu de chefe e usou da criatividade
para resolver o problema: combinou tortilhas de milho crocantes com cobertura
de queijo e pimenta jalapeño para criar o prato que batizou como “Nachos
Especiales”. Nascida para o sucesso, a receita de Ignácio logo virou um ícone e
conquistou o mundo.
Macarrão com almôndegas
O primeiro beijo de Dama e o Vagabundo não seria tão icônico
se os cachorrinhos da Disney não tivessem escolhido jantar em um restaurante
italiano. Ainda bem que o chefe de cozinha da animação lançada em 1955 não se
importou em colocar à mesa um prato que, na verdade, não é servido na Itália. O
macarrão com almôndegas foi popularizado por imigrantes sicilianos nos Estados
Unidos, no início do século 20. Mas no país de origem dos criadores o prato
não só não está no cardápio, como também é uma combinação reprovada pelos
amantes da massa.
Croissant
Não há nada mais parisiense do que vestir listras e comer um
gostoso croissant no café da manhã. Pena que, na realidade, o pão de massa
folhada não surgiu na França. A meia-lua crescente, conhecida
então pelo nome de kipferl, foi criada no século 13 por
padeiros da cidade de Viena, na Áustria – e é, por isso, conhecida
hoje também pelo nome deviennoiserie. Foi Maria Antonieta que
popularizou o pãozinho na França a partir de 1770. Bon appétit!
Chili
Há diferentes versões para a origem do famoso chili
con carne, mas todas estão de acordo em um ponto: ele não é mexicano. O
prato, oficial do estado do Texas, nos Estados Unidos, teria sido inventado ali
mesmo, em solo estadunidense. No século 19, o prato composto por carne
seca, gordura, condimentos e pimenta chili já era popular entre os cowboys e
aventureiros do oeste americano. Com o final da Guerra de Secessão, em 1865, o
prato ganhou o país. Entre os texanos mais conservadores, o prato só é
autêntico se tiver apenas carne e quantidades absurdas de pimenta. Mas, com a
popularização do chili, inúmeras versões surgiram – sendo mais populares
aquelas que acrescentam feijão à receita.
Acarajé
O acarajé é da baiana, mas sua história remonta ao
continente africano. Feito com feijão-fradinho, cebola e sal e frito em
azeite-de-dendê, o acarajé, típico prato da cozinha da Bahia, deriva do àkarà da
África Ocidental que, por sua vez, deriva do falafel árabe – levado para o
continente africano no século 7. O bolinho, originalmente cozido em oferenda
aos orixás, ainda é considerado uma comida sagrada – mas pode ser apreciado no
tabuleiro da baiana.
Pizza
Todo mundo sabe que a pizza é um prato italiano. É, mas não
é. A pizza como conhecemos hoje surgiu em Nápoles, na Itália, no século 16. Só
que, muito antes das fatias da criação napolitana irem parar nos pratos de todo
o mundo, os egípcios e gregos da Antiguidade também já faziam
lanchinhos que se pareciam muito com a pizza. Há 5 mil anos, babilônios e
hebreus também já levavam ao forno a massa com farinha e água. Na Idade Média o
prato chegou à Itália, onde foi aperfeiçoado e recebeu o (hoje clássico) ingrediente
recém descoberto nas Américas: o tomate.
Fonte: Listverse, Superinteressante