Coréia do norte: o rato que ruge


Guerra. O ditador-fedelho da Coreia do Norte só fala nisso, mas o debiloide esquece um pequeno detalhe: sua bomba atômica, feita com tecnologia da década de 40, é estacionária e, se explodir, leva junto a ele e os generais. 

O ditador Kim Jong-un, de 29 anos de idade, da Coreia do Norte, é um doido disposto a matar milhões de pessoas em uma guerra suicida ou está apenas blefando? Essa é a questão central a respeito das diatribes do jovem tirano que ainda fede a mijo, que nas últimas semanas declarou seu direito de ter armas nucleares, ameaçou destruir a Casa Branca, posicionou mísseis na direção da Coreia do Sul e do Japão e fechou o complexo industrial que o país compartilha com o vizinho do sul. Há décadas o regime comunista da Coreia do Norte usa essas bravatas para chantagear os vizinhos e o Ocidente. Estaria o jovem debiloide Kim seguindo a tradição? Essa e outras perguntas são respondidas a seguir.

Qual é a capacidade de a Coreia do Norte desferir um ataque nuclear?

Ínfima. O país ainda não conseguiu construir uma bomba que caiba na ponta de um míssil. A que os norte-coreanos construíram tem o mesmo tamanho da Little Boy, lançada pelos americanos sobre Hiroshima, na II Guerra, com peso de 4 toneladas. O míssil norte-coreano Nodong, capaz de alcançar Tóquio, porém, só consegue carregar uma ogiva de no máximo 500 quilos. O jeito seria colocar o artefato nuclear em um avião bombardeiro. Após cruzar a fronteira, a aeronave alcançaria Seul, a capital da Coreia do Sul, em três minutos. Uma bomba de apenas 1 quiloton (a do último teste norte-coreano tinha 7) poderia matar mais de 70 000 pessoas. Ocorre que os aviões de Kim não são grandes o suficiente. A capacidade do bombardeiro H-5, de fabricação chinesa, é de 1 tonelada. Produzidas nos anos 60, essas velharias seriam facilmente abatidas pelo sistema antiaéreo da Coreia do Sul.

Por que Kim Jong-un parece tão bravo?

O avô e o pai de Kim fizeram ameaças contra a Coreia do Sul, o Japão e os Estados Unidos ao longo de seis décadas. As intimidações fortalecem o poder doméstico do regime militar e servem de vitrine para a venda de armas a países párias, como o Irã. Ao final das tensões, com a promessa de se manter pacato, o governo norte-coreano recebe carregamentos de comida do exterior para aplacar a fome de sua população submissa. Quanto mais alto o regime grita, mais arroz ganha em seguida. Nos últimos dias, o tom subiu mais do que o normal, mas por outro motivo. Kim Jong-un, que assumiu o poder a um ano, quer mostrar quem manda em seu feudo. Precisa dizer que, apesar de sua cara de bebê, é capaz de assustar os inimigos. É provável que a crise termine em 15 de abril, quando se comemora o aniversário de Kim Il-sung, seu avô. “Nesse dia. Kim Jong-un vai dizer a seus súditos que seu país é uma potência nuclear e que não foi atacado porque todo o mundo o respeita”, diz o cientista político americano David Maxwell, da Universidade George-town, em Washington.

Há o risco de o blefe sair do controle e resultar numa guerra?

A principal preocupação do governo da Coreia do Norte é garantir a sobrevivência do regime. Como um conflito bélico certamente levaria a uma troca de poder, as provocações de Kim têm um limite. Prova disso é que, ao fechar o complexo industrial de Kaesong, os norte-coreanos não impediram que os gerentes do sul retomassem a suas casas. O risco é de as aventuras de Kim ultrapassarem a tolerância da Coreia do Sul, que anda escassa ultimamente. O país tem uma nova presidente, Park Geun-hye. Mas, ao contrário de Kim, que está totalmente isolado, ela certamente consultaria os Estados Unidos antes de responder militarmente a uma provocação do norte.

Quanto tempo o conflito poderia durar?

Pelos cálculos americanos, a Força Aérea da Coreia do Norte seria destruída em dois dias. Em menos de dois meses, soldados e tanques estariam subjugados. Ainda assim, estima-se que 1 milhão de vidas seriam ceifadas dos dois lados. O receio de que a China poderia entrar na pendenga ao lado da Coreia do Norte, prolongando a disputa, desapareceu. Foram tantas as bravatas que os chineses já começaram a pedir moderação aos tradicionais aliados. O governo de Pequim negou-se a mandar um diplomata de alto nível a Pyongyang neste ano e tem apoiado as sanções econômicas contra a Coreia do Norte. ‘‘Uma península unificada e amiga dos Estados Unidos seria uma má ideia para os chineses, mas pior ainda é um líder imaturo que não sabe fazer concessões? diz Daniel Wagner, diretor da firma de análise de risco Country Risk Solution, em Connecticut, nos Estados Unidos, e especialista em Coreia do Norte.

Há brasileiros no país? Existe um plano de evacuação?

Há apenas seis brasileiros vivendo na Coreia do Norte. Na embaixada brasileira em Pyongyang que tem um abrigo subterrâneo, moram o diplomata Roberto Colin, sua mulher, seu filho e um funcionário administrativo. Também são brasileiras a esposa do embaixador da Palestina e sua filha. Em caso de emergência, eles poderiam escapar de carro até Dandong, na China, numa viagem de quatro horas. Mas ninguém está preocupado com essa possibilidade por enquanto.

Fonte: Veja