Seu filho terminou o ensino médio e não se interessa por
nenhuma faculdade. Ele opta por trabalhar, preferindo adiar a decisão sobre uma
carreira. Situação difícil, não é mesmo? Mas saiba que esta escolha traz
aspectos positivos.
Entre famílias de classe média, é esperado que os jovens
entrem em um curso superior logo que concluem o ensino médio. No máximo, depois
de um ano de cursinho. Nessa fase, porém, nem todos sabem qual carreira seguir,
o que significa que crises do gênero são comuns e devem ser respeitadas.
"Na hora do vestibular, o ideal é que o jovem tenha ao menos uma fantasia
do que gostaria de fazer. Aí a faculdade servirá como caminho para atuar
naquilo que interessa a ele", diz a psicóloga Elizabeth Brandão, da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Mas isso nem sempre acontece. Se
o seu filho não faz ideia de qual carreira seguir, mas opta por arrumar um
emprego em vez de estudar, é preciso levar esta escolha como um aspecto
positivo.
Para começar, a vida profissional também traz aprendizados.
"O trabalho é pedagógico. Com ele, adquirimos valores importantes para o
crescimento", afirma Silvio Bock, orientador vocacional e doutor em
educação, de São Paulo. "Tem gente, inclusive, que não precisa de uma
universidade para ser feliz na profissão", completa. Outra vantagem da
opção é que, estando na ativa, ele não se sentirá tão pressionado, o que
permitirá fazer uma escolha consciente e de qualidade. Pode até vislumbrar
novas possibilidades de carreira que jamais conheceria como estudante. Do ponto
de vista prático, é comum que universitários desistam de seu curso por
descobrirem que não é aquilo que querem fazer o resto da vida. "A maioria
das pessoas só descobre o que realmente gosta muito tempo depois de prestar
vestibular", enfatiza Elizabeth. De acordo com ela, o problema existe quando
o adolescente não manifesta vontade de fazer coisa alguma.
"Estatisticamente, cresce a chamada geração nem-nem, de jovens de 18 a 25
anos que nem estudam nem trabalham. Eles devem demorar a se encontrar no
mercado de trabalho."
Uma vez que você resolva acatar o pedido do seu filho, o
conselho é ter uma conversa calma e madura com ele. É necessário apontar os
riscos que o adiamento da vida acadêmica pressupõe. Por exemplo, profissionais
que concluíram o curso superior conseguem aumentar sua remuneração em até 100%,
conforme revela uma pesquisa com alunos do Programa Universidade para Todos,
que concede bolsas. Ou seja, o diploma ainda é o passaporte mais garantido para
entrar no mundo dos melhores salários e condições de trabalho no Brasil. Diante
disso, mãe e filho podem estipular juntos uma data para que o adolescente volte
a pensar em faculdade e preste vestibular. O importante é conscientizar de que
a escolha dele trará consequências. Mas fique tranquila quanto à sua postura,
porque ela traz benefícios. "A flexibilidade dos pais faz com que os
jovens se responsabilizem por suas decisões", afirma Elizabeth.
Fonte: M de Mulher