Como o vinagre virou símbolo da “Revolta da Salada”

Vinagre. O que para muitos não passa de um tempero, para a Polícia Militar do Estado de São Paulo é digno de estar na lista de “objetos que podem ser usados contra os policiais e a população”. Ele virou um dos símbolos de um episódio marcado pelos abusos e truculência policial, a quarta manifestação contra o aumento da passagem de ônibus, que aconteceu na capital paulista. A verdade é que suas propriedades químicas amenizam o efeito do gás lacrimogênio e spray de pimenta usados pela corporação e isso só dificultaria a dispersão dos protestantes – tornando-se assim, proibido.


Entre os portadores de vinagre, estava o jornalista Piero Locatelli, da revista CartaCapital, que registrou em vídeo a abordagem e seu encaminhamento para o Distrito Policial por carregar um vidro da substância. Foi o suficiente para que, depois de amenizada a tensão nas ruas, começassem as repercussões. Nunca se ouviu falar tanto de vinagre na internet.

Nasceu, na Wikipedia, a página da Revolta da Salada. O texto do site diz que o “nome popular” foi dado graças à “suposta proibição do uso de vinagre no protesto” já que “agentes da Polícia Militar do Estado de São Paulo, atuando contra manifestações populares do Movimento Passe Livre, prenderam mais de 60 manifestantes por estarem portando vinagre”.

A página mistura relato e bom humor, indicando até que o movimento teria se baseado em outros episódios históricos do Brasil. “Um precedente histórico notável, a saber, é a Revolta do Vintém, na qual a população protestou contra o aumento de vinte réis das passagens do bonde, tendo sido bem-sucedida e iniciando aquela que seria a derrocada do II Império no Brasil”, diz o texto.


Não foram os únicos. O tumblr The Salad Uprising (conhecido também como V for Vinegar) usa a prisão de Locatelli como mote para batizar a página. O conteúdo é recheado de imagens, textos e citações sobre a manifestação, os exageros policiais e repercussões na imprensa.


E como não há limites para o bom humor, foi criado, no Facebook, o evento “Marcha pela legalização do vinagre”, que já reúne quase 30 mil confirmações de presença. Por lá, os “manifestantes” fazem enquetes bem humoradas e postam charges e fotos relacionadas às manifestações de ontem e colocando o vinagre no patamar de drogas ilícitas.



Fonte: Revista Galileu