Na arquibancada, a torcida vibra. No centro da arena, os
vencedores respiram aliviados. Houve uma época em que competições nem sempre
tinham um final feliz – pelo menos para o perdedor. Cabeças voando e embates
mortais não costumam fazer parte da programação nos atuais canais esportivos,
mas antigamente a história era outra. Conheça 7 esportes da antiguidade que
(por sorte) não existem mais:
Luta de gladiadores
Arena lotada, embate acirrado, não há garganta que não pare
de berrar. Podia ser o clássico bolão de domingo, não fosse uma pequena
diferença: na fase “mata-mata” os competidores realmente lutam até a morte. A
luta de gladiadores, entretenimento favorito das massas na Roma Antiga, não era
passatempo para os fracos. Como poucos topariam apostar a vida na competição
sangrenta, no “ringue” geralmente estavam escravos, forçados a brigar pela liberdade
– ou, mais comumente, apenas para manter o próprio pescoço. Extremamente
popular durante séculos, por influência do cristianismo a atividade sofreu
declínio a partir do século 5.
Venatio
Os anfiteatros romanos também eram palco para outro esporte
cheio de sangue. Similares aos combates entre gladiadores, nas partidas de
venatio a lógica de “brigar com alguém do seu tamanho” não era levada muito a
sério. Na arena, homens eram colocados frente a frente com oponentes
peso-pesado: deveriam derrotar animais ferozes como leões, tigres, ursos e
elefantes. Apesar da batalha desigual, eram os animais que costumavam levar a
pior contra os humanos munidos de armas e armaduras. A revanche vinha depois:
uma variação do “esporte” também era aplicada como punição e execução de
criminosos, que deveriam enfrentar desarmados os animais selvagens.
Fim de jogo.
Polo
Hoje considerada uma atividade de cavalheiros, o polo tem
origem bem menos engomadinha do que se imagina. Os primeiros registros que se
tem jogo datam do ano 5 a.C, na Pérsia. Então, o polo era um esporte praticado
pelos soldados a guarda do rei e das tropas de elite do exército. E, como
jogo-treino para a batalha armada, tendia a ser bem violento. Na versão do jogo
praticada em Manipur, na Índia, por exemplo, valia segurar a bola de madeira
com as mãos – algo proibido nos jogos de hoje, em que a bolinha rola no gramado
e deve ser movida apenas com os tacos empunhados pelos distintos jogadores
montados em cavalos. A regalia das regras de outrora dava outra liberdade aos
jogadores: acertar o oponente com o taco para roubar a redonda. Ai. A manobra
perigosa (para o alvo do ataque) também não é mais permitida pelas regras
atuais. Ufa.
Justa
Também vinda dos campos de batalha, a justa se tornou um
esporte durante a Idade Média e estava longe de ser uma atividade segura. Dois
cavaleiros, pesadamente revestidos por armaduras, montavam em seus cavalos em
lados opostos da arena. Dado o sinal, partiam rumo ao oponente empunhando uma
grande lança. O objetivo era apenas atingir e derrubar o oponente ao passar por
ele, mas um dos possíveis (e não tão incomuns) danos colaterais do joguinho era
a morte. Para não sair ferido tinha que ter habilidade – e um pouquinho de
sorte. Não foi o caso do Rei Henrique II da França. Atingido por uma lança
durante um torneio de justa, o rei faleceu em 1559 – o que pôs fim à tradição
do esporte no país.
Atualmente, além de encenações de torneios de justa em
feiras e eventos, o esporte medieval virou um reality show. No Full
Metal Jousting, transmitido pelo History Channel, os competidores empunham
lanças e lutam pela sobrevivência (no programa): o vencedor leva para casa um
prêmio de 100 mil dólares.
Pancrácio
Caso você considere as lutas de MMA violentas demais, com
certeza não teria estômago para acompanhar uma partida de pancrácio.
Extremamente agressiva ao ser praticada na antiguidade só possuía duas regras
gerais: nada de mordidas e nada de arrancar os olhos do oponente (!).
Misturando técnicas do boxe e da luta grega, o embate corpo-a-corpo era um vale
tudo que costumava terminar quando um dos oponentes estava bem próximo da
morte. A violenta prática fez parte dos Jogos Olímpicos entre os anos de 648
a.C e 383 d.C. e hoje, uma versão mais light do embate integra Federação Internacional de Lutas Associadas.
Corridas de bigas
Muito antes das corridas de Fórmula 1 encherem de adrenalina
os aficionados por velocidade, um outro tipo de competição deixava a coração
dos torcedores a mil por hora – as corridas de bigas. Um dos jogos mais
populares na Grécia e em Roma, e principal prova equestre dos antigos Jogos
Olímpicos, o esporte era perigoso tanto para o “motorista” quanto para os
quatro cavalos que puxavam o carro. O passeio pelo hipódromo podia ser bem
turbulento: uma curva mais acentuada poderia colocar tudo – inclusive algumas
vidas – a perder. Isso, é claro, se a carruagem já não tivesse sido derrubada
por um oponente ao longo do caminho (o que era tecnicamente proibido, mas não
impedia a competição desleal) – como
imortalizado no clássico de 1959, Ben Hur. E o público delirava.
Batalha naval (ou naumaquia)
Você com certeza conhece o clássico jogo de tabuleiro
conhecido como “batalha naval”. Nele, os jogadores devem adivinhar em que
quadrados estão os navios do oponente. É considerado vencedor quem conseguir
primeiro afundar todas as navegações do adversário. Na antiguidade, este jogo
também era muito popular, com apenas uma diferença: ele não era um jogo de
tabuleiro. Pã. Navios de verdade (com canhões igualmente verdadeiros) eram
colocados em batalha em lagos ou lagoas artificiais construídas para o embate,
conhecidos como naumaquias. O objetivo do jogo bélico era encenar
batalhas épicas, afundando o navio dos coleguinhas do outro “time” – e muitos
deles acabavam morrendo no meio da brincadeira, claro. A primeira “partida” de
naumaquia foi organizada em Roma, por Júlio César, no ano46 a.C. Na ocasião, 2
mil combatentes e 4 mil remadores foram recrutados entre os prisioneiros de
guerra para fazer parte da encenação sangrenta.
Fonte: Superinteressante