O nome da sua dor

Quem nunca reclamou de incômodos nas costas? Você sabe qual o motivo deles? Aqui especialistas apontam as principais causas e mostram como evitá-los. A coluna vertebral sustenta seu corpo e permite a maioria dos seus movimentos. Quando você anda, treina, senta, ela está trabalhando. Infelizmente, você provavelmente só lembra dela quando o incômodo aparece. Dor nas costas é uma doença crônica comum no Brasil, segundo estudo da Escola Nacional de Saúde Pública.

Na pesquisa, que ouviu mais de 12 mil brasileiros, 36% das pessoas afirmaram sofrer constantemente com o problema. Mas dessas, só 68% já foram ao médico para tentar descobrir o motivo dele. Isso porque, segundo os especialistas, a maioria dos casos de dores nas costas desaparece por si só em até quatro dias. “Dos casos que chegam ao consultório, 90% não vão exigir mais que algumas semanas de repouso e medicação”, diz Pil Sun Choi, ortopedista de São Paulo e presidente da Federação Mundial de Cirurgia Minimamente Invasiva de Coluna.

Mas se a dor vem e volta por mais de mês, o quadro é considerado crônico, e aí, meu amigo, tem de cuidar mesmo. “Deve-se manter boa postura, usar cadeiras adequadas, fazer alongamento e realizar atividades esportivas regulares” enumera Wilson Dratcu, ortopedista de São Paulo e diretor do Comitê de Cirurgia Minimamente Invasiva de Coluna da Sociedade Brasileira de Coluna. Aqui, os médicos apontam os cinco principais motivos de dor nas costas nos homens e o que fazer para fugir deles.

1. Lombalgia
Essa é a dor de origem muscular por excesso de esforço. Sabe aquela força que você deu na mudança do brother? Pois é. Também podem ser culpados os erros posturais, como cadeiras inadequadas no trabalho, manter-se o dia todo sentado, não alongar-se diariamente. “Esses deslizes causam agressões na estrutura muscular e ligamentar da coluna e provocam uma resposta inflamatória local. Com isso, há dor e limitação de movimentos”. explica Daniel Jorge, ortopedista e traumatologista especializado em cirurgias da coluna do Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Se rolar com você – Procure o médico – você vai precisar de anti-inflamatórios para controlar a dor. Também é bom pegar leve no treino por um tempo. Mas não precisa ficar largado no sofá. Segundo pesquisa publicada no jornal Physical Therapy (EUA), exercícios de baixo impacto ajudam, na recuperação.

Evite a furada – “O essencial é manter os músculos do core e das costas com bom tônus e alongar-se diariamente”, diz Jorge.

2. Doença nos discos
O maior exemplo é a hérnia discal. Você já deve ter ouvido falar, mas sabe o que é? “O disco é uma cartilagem localizada entre as vértebras, que sofre desgaste natural com a idade. Se não cuidar, ele pode romper, pressionando os nervos e causando dor intensa”, explica Sun Choi.

Se rolar com você – Se receber este diagnóstico, seu médico provavelmente vai receitar repouso intenso e medicação. Em algumas situações é necessária a intervenção cirúrgica. Mas sem susto. “O paciente hoje conta com uma gama de opções minimamente invasivas, como retirada de hérnias por videoartroscopia ou redução de discos por radiofrequência”, afirma Jorge.

Evite a furada – Se nunca pensou sobre o assunto, tente experimentar uma aula de RPG ou pilates. Não, não são aulas apenas para mulheres. As modalidades ajudam a ganhar espaçamento intervertebral, fortalecer musculatura paravertebral e abdominal, prevenindo a hérnia.

3. Artrose da coluna e “Bico de Papagaio”
Com o tempo, suas articulações começam um processo de degeneração e vão perdendo as cartilagens que as revestem. Isso causa instabilidade na coluna. E dor! O processo é natural do envelhecimento, mas também pode ocorrer precocemente por excesso de esforço: esportes de muito impacto e carga exagerada nos treinos aumentam a solicitação das cartilagens.

Se rolar com você – O primeiro passo do tratamento é tentar devolver estabilidade às articulações com fortalecimento muscular da região (quando os tendões não dão conta, são os músculos que sustentam os ossos). Em casos mais graves, há necessidade de intervenção cirúrgica para fixar as vértebras envolvidas por videoscopia.

Evite a furada – Fortaleça os músculos em torno da coluna. Segundo pesquisa canadense, fazer rotações de torso com kettlebell trabalha essa região. Importante: quando sentir dor nas
costas, reduza impacto e cargas durante o treino. Antes de começar qualquer série, converse com o treinador para saber qual o peso ideal, assim você evita sobrecarga das articulações.

4. Fraturas
Essas lesões ocorrem por traumas e acidentes. A fratura existe quando há um achatamento das vértebras. Como resultado, elas pressionam nervos, causando dor e, por vezes, sequelas mais graves, como a paralisia. “Mas outra vilã comum é a insuficiência óssea – caso de quem tem osteoporose, uma doença cada vez mais comum também nos homens”, alerta Jorge.

Se rolar com você – Claro, fraturas provocadas por acidentes de carro ou moto provavelmente vão levar você a um centro cirúrgico (bate na madeira!). Mas as lesões menores são tratadas com coletes, repouso, medicações e fisioterapia de reabilitação. Em casos mais graves, cirurgia. “Hoje, conseguimos corrigir fraturas da coluna usando apenas pequenos furos na pele: por eles passamos uma cânula que chegará à vértebra atingida por meio de videoscopia. Depois, inflamos um balão que corrige a altura da vértebra”, explica Jorge.

Evite a furada – Além de dirigir com cuidado (cinto de segurança, nada de beber… você já sabe!) proteja seus ossos. Ingira alimentos com cálcio e tome sol diariamente (leia mais sobre como fortalecer o esqueleto em Osso Duro de Roer).

5. Espondilolistese
Esse é o nome de uma instabilidade que ocorre entre as vértebras. “Quando elas não estão bem encaixadas, podem movimentar-se. Isso resulta em pressão nos nervos e dor. Isso pode rolar já na infância, por uma falha congênita, ou na idade adulta por desgaste de articulações que sustentam a vértebra”, cita Jorge. O desgaste em adultos pode ser culpa de fraturas ou do enfraquecimento dos ossos.

Se rolar com você – Geralmente fisioterapia dá conta do recado. Mas, dependendo do grau de instabilidade e da dor do paciente, pode ser necessário entrar na faca. Aí, o médico faz a descompressão dos nervos e fixa as vértebras com ajuda de parafusos.

Evite a furada – O principal a ser feito é realizar exercícios com maior ênfase em fortalecer a musculatura paravertebral e abdominal. Neste caso, o pilates pode ser ótimo aliado. Além disso, é importante fortalecer a estrutura óssea.

Estressado? Pode ser a causa ou a consequência da dor
Estresse no trabalho pode gerar dor nas costas. “A tensão leva à contração da musculatura paravertebral (que fica em torno da coluna) e a microrrupturas musculares” diz Jorge. Além disso, estudo publicado no jornal Pain (EUA) mostrou que a ansiedade diminui a produção de serotonina, aumentando a sensação de dor.

Mas, o contrário também vale. Segundo pesquisadores da Universidade Estadual de São Francisco (EUA), a má postura corporal piora o humor e pode até causar estresse e depressão. “Saia dessa cuidando da postura enquanto trabalha e praticando alongamento, de preferência duas vezes ao dia”, aconselha o médico.

Fonte: Revista Men’s Health