Certa vez fiquei acordado até o princípio da madrugada
lendo alguns artigos na Internet. Tinha um papagaio que dormia num poleiro que
ficava no alto de uma das paredes da copa. Quando fui me deitar, depois de
alguns minutos, ouço o bater de asas do bicho e logo imaginei que ele tivesse
pulado lá de cima, sem entender a razão. Ao chegar na copa encontro o meu
papagaio bastante assustado, como se tivesse visto algum estranho ou alguma
outra coisa ameaçadora, mas na verdade não havia nada, pelo menos nada visível
para mim. Coloquei-o de volta no poleiro e ele ficou lá com o pescoço esticado
olhando amedrontado fixamente em uma direção, sendo que, nessa direção não
havia nada, só alguma mobília da casa. O que é mais intrigante é que este tipo
de situação é bastante comum entre animais domésticos. Quem já não presenciou
um cachorro que fica latindo em direção a uma parede, como se estivesse
querendo espantar algo, ou um gato que observa fixamente o nada? Geralmente quem tem bichos de estimação já viu algo parecido, mas afinal de contas, o que esses
animais veem que não vemos?
(Fonte: new.taringa)
Para a parapsicologia os animais podem possuir habilidades
paranormais, de acordo com testes parapsicológicos já realizados em
laboratório. Logo, se você já teve visões, sensações fora do corpo ou coisas do
tipo, seus animais de estimação também podem ter. Segundo o neurologista Kevin
Nelson, especialista em análises dos processos de sensação espiritual nos
animais, é razoável imaginar que os animais também sejam capazes de ter
experiências espirituais, pois tais experiências têm origem nas áreas mais
primitivas do cérebro humano, logo animais com estruturas cerebrais semelhantes
poderiam compartilhar das mesmas experiências. Ele ainda afirma que animais
como primatas, cavalos, gatos e cachorros possuem tal semelhança com nossa
estrutura cerebral primitiva.
Aos gatos eram atribuídas diversas habilidades espirituais
(Fonte: professorajesmary)
Vez ou outra vemos num noticiário uma manchete sobre um
bicho de estimação que prevê algum desastre iminente como um terremoto,
salvando posteriormente o dono de tal evento. Essa ‘intuição’ é muito comum,
principalmente em gatos. Estes, particularmente, possuem bastantes associações
ao espiritismo como, por exemplo, a habilidade de vislumbrar outros mundos. No
antigo Egito, além dessa característica, acreditava-se que os gatos eram
capazes de enxergar espíritos e deuses, entre outras entidades, e era capaz de
viajar pelo mundo dos mortos. Em virtude disso, era comum um gato ser
sacrificado após o falecimento de um sacerdote, um nobre ou um faraó, pois para
o espírito do falecido era mais simples encontrar o caminho do além seguindo o
espírito do gato que servia como guia espiritual. Já para as bruxas, os gatos
serviam para detectar a presença de espíritos num determinado local. Se o gato
passar se comportar de maneira estranha, assustado sem razão, observando algo
que você não pode ver, significa que ali há uma presença espiritual.
As bruxas também acreditam que os gatos veem espíritos
(Fonte: bruxaria)
Do ponto de vista bíblico existem pouquíssimos relatos a
respeito do assunto. Há dois momentos claros onde animais interagem com
espíritos: a passagem sobre a jumenta de Balaão, no livro de Números, e a
passagem da manada de porcos endemoniados do livro de Mateus. Vamos verificar:
A jumenta de Balaão (Fonte: ebdweb)
Números 22
21 Então levantou-se Balaão pela manhã, albardou a
sua jumenta, e partiu com os príncipes de Moabe.
22 A ira de Deus se acendeu, porque ele
ia, e o anjo do Senhor pôs-se-lhe no caminho por adversário. Ora, ele ia
montado na sua jumenta, tendo consigo os seus dois servos.
23 A jumenta viu o anjo do Senhor parado no caminho,
com a sua espada desembainhada na mão e, desviando-se do caminho, meteu-se pelo
campo; pelo que Balaão espancou a jumenta para fazê-la tornar ao caminho.
24 Mas o anjo do Senhor pôs-se numa vereda entre as
vinhas, havendo uma sebe de um e de outro lado.
25 Vendo, pois, a jumenta o anjo do Senhor, coseu-se
com a sebe, e apertou contra a sebe o pé de Balaão; pelo que ele tornou a
espancá-la.
26 Então o anjo do Senhor passou mais adiante, e
pôs-se num lugar estreito, onde não havia caminho para se desviar nem para a
direita nem para a esquerda.
27 E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se
debaixo de Balaão; e a ira de Balaão se acendeu, e ele espancou a jumenta com o
bordão.
28 Nisso abriu o Senhor a boca da jumenta, a qual
perguntou a Balaão: Que te fiz eu, para que me espancasses estas três vezes?
29 Respondeu Balaão à jumenta: Porque zombaste de
mim; oxalá tivesse eu uma espada na mão, pois agora te mataria.
30 Tornou a jumenta a Balaão: Porventura não sou a
tua jumenta, em que cavalgaste toda a tua vida até hoje? Porventura tem sido o
meu costume fazer assim para contigo? E ele respondeu: Não.
31 Então o Senhor abriu os olhos a Balaão, e ele viu
o anjo do Senhor parado no caminho, e a sua espada desembainhada na mão; pelo
que inclinou a cabeça, e prostrou-se com o rosto em terra.
32 Disse-lhe o anjo do senhor: Por que já três vezes
espancaste a tua jumenta? Eis que eu te saí como adversário, porquanto o teu
caminho é perverso diante de mim;
33 a jumenta, porém, me viu, e já três vezes se
desviou de diante de mim; se ela não se tivesse desviado de mim, na verdade que
eu te haveria matado, deixando a ela com vida.
34 Respondeu Balaão ao anjo do Senhor: pequei,
porque não sabia que estavas parado no caminho para te opores a mim; e agora,
se parece mal aos teus olhos, voltarei.
35 Tornou o anjo do Senhor a Balaão: Vai com os mem,
ou uma somente a palavra que eu te disser é que falarás. Assim Balaão seguiu
com os príncipes de Balaque
Nessa passagem podemos perceber que a jumenta de Balaão,
desde o princípio, tinha notado a presença do anjo de Deus no caminho, já
Balaão não conseguiu enxergá-lo em nenhuma das 3 aparições e foi necessário que
Deus fizesse a jumenta falar para que Balaão entendesse que aquele não era o
caminho a ser seguido. Mesmo assim ele ignorou o apelo da jumenta e Deus
finalmente fez com que o anjo se apresentasse diante dos olhos de Balaão que já
havia espancado o animal por diversas vezes por não compreender porque ele
sempre desviava o caminho.
Porcos endemoniados se suicidando (Fonte: ecclesia)
Mateus 28
28 Tendo ele chegado à outra margem, à terra dos
gadarenos, vieram-lhe ao encontro dois endemoninhados, saindo dentre os
sepulcros, e a tal ponto furiosos, que ninguém podia passar por aquele caminho.
29 E eis que gritaram: Que temos nós contigo, ó Filho de
Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes de tempo?
30 Ora, andava pastando, não longe deles, uma grande
manada de porcos.
31 Então, os demônios lhe rogavam: Se nos expeles,
manda-nos para a manada de porcos.
32 Pois ide, ordenou-lhes Jesus. E eles, saindo, passaram
para os porcos; e eis que toda a manada se precipitou, despenhadeiro abaixo,
para dentro do mar, e nas águas pereceram.
33 Fugiram os porqueiros e, chegando à cidade, contaram
todas estas coisas e o que acontecera aos endemoninhados.
34 Então, a cidade toda saiu para encontrar-se com Jesus;
e, vendo-o, lhe rogaram que se retirasse da terra deles.
Aqui temos o relato da passagem de Jesus Cristo pela cidade
de Gadara e o seu encontro com dois homens endemoniados. Ao expulsar os
demônios, estes se apossaram de uma manada de porcos que havia nas proximidades
e levam todos eles ao suicídio. Mas é bom notar que os demônios pediram antes
autorização para poderem se apossar do corpo dos porcos, pois não poderiam
fazer isso por vontade própria.
Pelas duas passagens podemos concluir que, biblicamente
falando, é possível a interação entre animais e espíritos e que os animais são
capazes de enxergar coisas que não enxergamos, apesar da bíblia não colocar o
assunto nesses termos. No segundo caso ainda poderíamos dizer que um espírito só
poderia interagir com um animal, mediante autorização divina (da mesma forma
que um espírito não seria capaz de ser visto por uma pessoa comum, mas apenas
por aquelas que carregam consigo alguma habilidade mediúnica). Mas se
levássemos esse fator a sério poderíamos então perguntar, porque Deus
autorizaria a manifestação de um espírito para um animal? No caso da jumenta de
Balaão há uma justificativa clara que é mudar a rota pela qual ele seguia com
sua jumenta em tal ocasião. E no contexto de quem tem seu bicho de estimação e
ele fica lá se assustado com algo que não vemos, qual seria o propósito então?
Não podemos negar a existência de tais entidades, até porque estaríamos também
negando relatos do mesmo nas mais diversas culturas, desde os povos mais antigos
até as gerações mais avançadas. Entretanto não podemos tomar nada como verdade
absoluta, o que é para uns, pode não ser para outros, ou pode simplesmente
significar algo diferente, mas do meu ponto de vista os espíritos estão sim,
por aí de alguma forma tentando manter comunicação seja com pessoas, seja com
animais.
Fonte: Opinião Mijiniana
Foto de capa : Cachorros Especiais