Um método de treinamento personalizado, capaz de queimar até
700 calorias por aula, está sendo usado como exercício funcional por
cadeirantes. E com bons resultados. O Core 360º é um verdadeiro matador de
calorias nas academias porque exercita diversos músculos ao mesmo tempo. Isso é
possível graças aos movimentos focados no centro de estabilidade e sustentação
do aluno, área tida como ponto fraco do cadeirante.
O treinador Artur Hashimoto acompanha um aluno cadeirante
“Muitos alunos não conseguem sustentar o próprio corpo por
causa da lesão que tiveram. Eles precisam ficar sempre com um braço apoiado na
perna para segurar o peso do tronco”, observa Artur Hashimoto, especialista em
treinamento funcional para cadeirantes.
O método core busca recuperar a estabilidade do tronco com
uma série de exercícios para quadris, abdome e região lombar. “São esses
exercícios para o centro do corpo que vão devolver ao cadeirante sua
estabilidade”, explica Hashimoto.
Para montar um treino, que sempre é bastante personalizado,
o treinador precisa considerar o tipo de lesão do aluno, pois ela influencia em
sua capacidade de movimentação. Se a lesão for no alto da região torácica, por
exemplo, a capacidade de sustentação do corpo será menor.
A região torácica da medula espinhal é composta por 12
segmentos (t1 ao t12) e controla tórax, abdome e parte dos membros superiores.
“Já tive alunos com lesão na t2 e com lesão na t5. A diferença no controle do
corpo é enorme”, afirma Hashimoto.
Autonomia
O treinamento personalizado é elaborado com base nas
necessidades mais urgentes do aluno. “Fiz um trabalho de flexibilidade para um
aluno que não conseguia tirar o tênis sozinho. Hoje ele consegue cruzar a perna
e já alcança o próprio pé”, comemora Hashimoto.
Outro aluno tinha dificuldade para sustentar o corpo e, por
isso, foi submetido a um treinamento para fortalecer o equilíbrio do tronco. “A
meta do treinamento é devolver a autonomia, para que o aluno possa fazer suas
coisas sem ajuda, como sair da cadeira, entrar no carro ou deitar na cama”,
afirma o treinador.
Exercícios
A maior parte do treino pode ser realizada com elásticos,
bolas de ginástica, halteres e máquinas normais de academia. Praticamente não é
preciso adaptar os equipamentos. “Mas a academia precisa ser espaçosa para o
aluno passar com a cadeira”, conta. Também é preciso ter banheiro adaptado.
Os exercícios livres, muitas vezes, são mais interessantes
que os exercícios em máquinas. “A máquina direciona o movimento. No exercício
livre o aluno tem liberdade de movimento e exercita também seu equilíbrio”,
explica.
Podem ser utilizados até exercícios lúdicos, úteis para o
caso de cadeirantes infantis. O aluno mais novo de Hashimoto tinha 10 anos e
perdeu os movimentos da perna depois de um câncer, aos dois anos de idade.
Os exercícios são sempre adaptados às necessidades do
cadeirante, em vez do cadeirante se adaptar ao movimento do exercício, como
acontece nos treinamentos convencionais. “Isso faz do treinamento algo bem
específico”, diz Hashimoto.
“A meta é chegar a um corpo equilibrado. Que tenha força,
resistência, flexibilidade, massa muscular e coordenação motora”, conta o
treinador.
O método não substitui a fisioterapia. As duas atividades
devem ser feitas em conjunto, de forma complementar. “Pode ser duas aulas de
core e três de fisioterapia por semana ou o inverso”, conta Hashimoto.
“Os fisioterapeutas dão sempre um retorno positivo. Dizem
que o core ajudou o paciente deles a fazer movimentos que antes não fazia ou a
fazer movimentos com mais firmeza”, afirma.
Fonte:
iG por Bruno Folli
Foto: Divulgação