Utilizada para tratar flacidez (no rosto e no corpo),
estrias e celulite, a carboxiterapia é um dos tratamentos mais populares nas
clínicas de estética - e nos pacotes vendidos pela internet. Mas a técnica não
tem o aval de todos os dermatologistas.
1. O que é a
carboxiterapia?
São injeções de gás carbônico na segunda camada da pele ou
logo abaixo dela. Originalmente criada para tratar problemas em artérias e
acelerar a cicatrização de feridas, a carboxiterapia passou a ser usada também
para fins estéticos porque um dos efeitos do gás sob a pele é o de distendê-la.
Dessa forma, o tecido sofre reações que estimulam a formação de colágeno.
"O pH ácido do gás influencia ainda mais a produção de colágeno, além de
melhorar a vascularização e a oxigenação da pele", explica a
dermatologista Fabiana Wanick, responsável pelo Ambulatório de Cosmiatria
Dermatológica do Hospital Federal de Bonsucesso, no Rio de Janeiro.
2. Quais as
indicações?
Flacidez na pele do rosto, do pescoço, da face interna das
coxas, do bumbum e da barriga (principalmente depois de parto, da lipoaspiração
ou de um emagrecimento rápido). Estrias, principalmente as rosadas e as
localizadas nas mamas e no abdômen (a pele dessas regiões é mais fina e, por
isso, também reage melhor ao tratamento). Celulite no bumbum e nas coxas. E
rugas finas e cicatrizes em geral, inclusive as de acne.
3. Como age a
carboxiterapia?
Depende do problema tratado. O estímulo da produção de
colágeno ajuda a deixar a pele mais firme. O colágeno também influencia o
tratamento das estrias, pois ele suaviza a aparência das linhas. Além disso,
como a técnica melhora a vascularização, as estrias mais recentes ganham uma
aparência menos avermelhada. Quando se trata de celulite, é capaz de romper as
traves fibrosas, que repuxam a pele para baixo. "Isso, associado à diminuição
da gordura - talvez pelo rompimento da parede das células ou pelo incremento da
oxigenação, não se sabe ao certo -, acaba melhorando o aspecto da
celulite", diz Fabiana.
4. Por que o
tratamento não é unânime entre os dermatologistas?
"Há várias críticas relacionadas aos estudos
realizados. A maioria dos casos de sucesso acaba sendo comprovada
empiricamente, com a experiência clínica e individual de cada médico que coloca
em prática esse tipo de terapia no seu consultório ou clínica de
estética", explica o dermatologista Jardis Volpe, de São Paulo. A
dermatologista Fabiana Wanick é uma delas. "Já tive resultados de bons a
excelentes," conta. A dermatologista Carolina Assed, pesquisadora e
porta-voz da Sociedade Brasileira de Dermatologia, diz que a posição da organização
em relação à carboxiterapia para fins estéticos é clara: "É um
procedimento ainda experimental. São necessários mais estudos controlados,
comprovando o real mecanismo de ação dele e os benefícios para fins não
terapêuticos".
5. Há risco para a
saúde?
Para o dermatologista Jardis Volpe, trata-se de um
procedimento menos invasivo do que uma cirurgia e, por isso, dá para prever
riscos menores. "Porém é um tratamento em que a barreira da pele é rompida
em diversos pontos através de uma agulha. Em casos raros, isso pode resultar em
infecção no local", pondera. "Quando aplicada com materiais
esterilizados, com o equipamento correto e utilizando a técnica adequada, os
riscos existentes são os mesmos de um pequeno procedimento realizado com
agulha", fala Fabiana. A dermatologista Lígia Kogos, de São Paulo, no
entanto, discorda. "Existem complicações imediatas e tardias relacionadas
à carboxiterapia. Dentre as primeiras, está a ruptura de vasos, que pode deixar
hematomas. Dependendo da região - perto dos olhos, por exemplo -, isso pode
trazer consequências, como compressão do nervo e derrame de vasos. Também pode
haver sequelas a longo prazo, como manchas escuras em decorrência dos
hematomas, cicatrizes por causa do rompimento do tecido e até o
aparecimento de estrias causadas pela distensão súbita da pele", enumera.
Procure sempre um dermatologista que tenha experiência com a
técnica.
6. O tratamento
é dolorido?
A entrada do gás na pele provoca, sim, desconforto.
"Para tentar minimizar a dor, existem equipamentos que permitem que o gás
seja injetado aos poucos, em pulsos, de modo mais lento e de forma
aquecida", diz Fabiana.
7. Como fica a pele
depois da sessão?
A picada da agulha pode, eventualmente, romper um vasinho.
Por isso, não é raro aparecerem pequenos hematomas, que somem em alguns dias. O
médico pode receitar o uso de pomadas que facilitem a absorção das manchas
roxas pelo organismo e evitem que a pele fique pigmentada. Outra medida é
evitar tomar sol no local da aplicação, principalmente se a pele estiver
marcada.
8. Quais cuidados
devo tomar?
Embora não seja proibido, o Conselho Federal de Medicina
desaconselha a realização do procedimento por profissionais que não sejam
médicos. O ideal é procurar um dermatologista que tenha experiência com a
técnica. Nas clínicas de estética, pergunte sempre se há supervisão médica,
cheque as condições de higiene do local e, se possível, converse com outras
pacientes. Evite comprar pacotes pela internet e desconfie sempre de valores
muito abaixo da média.
9. Quais as vantagens
da carboxiterapia em relação a outras técnicas com as mesmas indicações?
Hoje, existem tecnologias bem mais modernas do que a
carboxiterapia. É o caso dos equipamentos de radiofrequência Accent e Exilis, que
tratam a flacidez, do laser de CO fracionado, para suavizar estrias, e da
criolipólise e do laser de diodo de baixa intensidade, que combatem a gordura
localizada. Todos, entretanto, demandam um grande investimento, pois ainda
custam muito caro. "O baixo custo da carboxiterapia atrai muitas mulheres
que buscam uma melhora estética, mas ainda não podem pagar os procedimentos de
ponta", diz o dermatologista João Carlos Pereira, de São José do Rio Preto
(SP). "Leve em consideração que a carboxiterapia sozinha apresenta
resultados discretos. O seu maior efeito acontece quando ela é associada a
outros tratamentos, o que, no final, pode elevar o preço do pacote",
completa o médico.
10. Qual é o valor
médio por sessão e quantas sessões são indicadas?
O preço por sessão pode variar de R$ 200 a R$ 400.
Geralmente, são indicadas de cinco a dez sessões, uma ou duas vezes por semana,
em um custo total que pode variar de R$ 1 mil a R$ 4 mil. Já um tratamento para
celulite com o equipamento Accent Ultra, que usa a radiofrequência, pode custar
até R$ 800, a sessão, dependendo da região. São indicadas, geralmente, de seis
a oito - o gasto total vai de R$ 4,8 mil a R$ 6,4 mil.
Fonte: Mdemulher
por Carol Salles
Fotos: Gustavo Arrais