Ansiedade: o que é, origem, tipos, etc.




O QUE ACONTECE COMIGO?
O QUE É ISSO QUE EU SINTO?
EU SOU NORMAL?
ISSO TEM CURA?
POR QUE EU?
COMO FUI FICAR ASSIM? 


Todos nós, diariamente, nos fazemos estas perguntas. Conhecer a si mesmo é à base de tudo, a preparação para qualquer relacionamento, pessoal ou profissional em nossas vidas.
A ansiedade vem se configurando como um dos grandes problemas de nossos tempos. Vida agitada, pressão e stress somam-se gerando esta doença que tanto prejudica a qualidade de nossas vidas.



O QUE É ANSIEDADE E PORQUE FICAMOS ANSIOSOS?


A ansiedade é uma sensação ou sentimento decorrente da excessiva excitação do Sistema Nervoso Central consequente a interpretação de uma situação de perigo.
Parente próximo do medo, (muitas vezes onde a diferenciação não é possível).
é distinguida dele pelo fato de o medo ter um fator desencadeante real e palpável enquanto na ansiedade o fator de estimulo teria características mais subjetivas.
A ansiedade é o grande sintoma de características psicológicas que mostra a interseção entre o físico e psíquico, uma vez que tem claros sintomas físicos como taquicardia (batedeira), sudorese, tremores, tensão muscular aumento das secreções (urinárias e fecais) aumento da motilidade intestinal, cefaléia (dor de cabeça). Quando recorrente e intensa também é chamada de Síndrome do Pânico (Crise ansiosa aguda). Toda esta excitação acontece decorrente de uma descarga de um Neurotransmissor chamado Noradrenalina que é produzida nas Supra-renais, Lócus Cerúleos e Núcleo Amigdalóide.


COMO COMPREENDER A ANSIEDADE?


O nosso Sistema Nervoso Central e a nossa mente necessitam de uma situação de conforto e de segurança para usufruir a sensação de repouso e de bem estar.
Quando a nossa percepção nos alerta para uma situação de perigo a este estado acontece o estado ansioso. Evolutivamente faz muito pouco tempo que saímos dos tempos da caverna, onde os perigos de vida e a necessidade de luta eram uma constante. A excitação do Sist. Nerv. Central vinha como uma forma de estimular o nosso corpo para a luta ou para a fuga.
O que interpretamos como perigo hoje, transcende e muito o perigo de vida biológico. Perda de status, de conforto, de poder econômico, de afetos, amizades, de privilégios, vantagens, de possibilidade de concretizar interesses, de vaidade, são fatores mais do que suficientes em muitos casos para disparar o estado ansioso. Em estados de desequilíbrio emocional, o simples contato com o novo, com situações inesperadas e desconhecidas são o suficiente para disparar estados ansiosos.
A principal característica psíquica do estado ansioso é uma excitação, uma aceleração do pensamento, como se estivéssemos elaborando, planejando uma maneira de nos livrar do perigo e da maneira mais rápida possível. Este movimento mental, na maioria das vezes acaba causando certa confusão mental, uma ineficiência da ação, um aumento da sensação de perigo e de incapacidade de se livrar do perigo o que configura um círculo vicioso, pois esta sensação só faz aumentar ainda mais o estado ansioso. “  Mente acelerada é mente desequilibrada  ”.
Este movimento impulsivo de a mente se acelerar, de precisar ter tudo sob controle, para poder usufruir a sensação de repouso e conforto faz com que ela se excite e se o problema não tiver uma solução mental imediata como o que acontece na maioria dos casos teremos a chamada ansiedade patológica, que tende a se cronificar e piorar com os anos.


ORIGENS DA ANSIEDADE:


A primeira é que a ansiedade poderia ter uma origem genética, ou seja, a pessoa herda de seus ancestrais uma pré-disposição para ter estes sintomas. Nestes casos as manifestações podem ser bastante precoces, sendo a pessoa desde cedo uma criança agitada, às vezes hiperativa, que chora com facilidade e às vezes até com dificuldade de dormir. A ansiedade precoce também pode se manifestar através da avidez de mamar e numa postura mais teimosa e possessiva ainda como criança. A segunda é uma infância carente e problemática onde as dificuldades dos pais, mas principalmente da mãe de passar afeto e suprir as carências afetivas da criança, vão fazendo com que ela vá se sentindo insegura e exposta e vá gravando e condicionando um sentimento de que coisas ruins e sensações negativas podem acontecer a qualquer momento.
A terceira é a dificuldade de incorporar fatos e intercorrências novas ou desconhecidas. O velho ou conhecido sempre traz a sensação de segurança e controle.
O novo por sua vez tem a capacidade de potencializar a sensação de medo no sentido de que algo ruim ou perigoso pode vir á acontecer. É mais ou menos assim, “  Tudo que vem de mim é seguro e tudo que vem de fora e não está sob controle é perigoso". É a clássica postura do pessimista, como aquele personagem dos desenhos antigos de TV, a hiena Hardy, amiga do leão Lippy, que sempre dizia  “  Oh céus, oh vida, oh azar, não vai dar certo!  " Traumas de infância, grandes sustos, perdas afetivas ou mesmo materiais também podem desencadear quadros ansiosos importantes, mas não chegariam a ser causas específicas A tentativa de se livrar deste mundo de sensações e sentimentos, que tenha características desequilibradas, desajustadas, são causadoras dos seguintes transtornos:


Transtorno Obsessivo Compulsivo
Transtorno Ansioso
Transtorno Hipocondríaco
Transtorno Histérico
Transtorno Fóbico


ANSIEDADE E O INSTINTO DE MORTE:


A ansiedade é o desejo de acabar, de terminar, de cessar a sensação física e psíquica do contato com a vida, com a realidade. Este desejo acaba sendo o representante do instinto de morte, a única maneira de acabar com esta sensação. A pressa de acabar desemboca no desejo de terminar a própria vida. Trágico, mas quando a ansiedade é exagerada, absolutamente verdadeiro.


COMO DIMINUIR A ANSIEDADE:

Primeiro é preciso entender que a ansiedade é um fato normal quando não é exagerada.

A ansiedade corresponde à excitação do neurônio e a sua necessidade de descarregá-la.
Ela normalmente é desencadeada quando a pessoa entra em contato com situações novas e desconhecidas ou quando a situação contém alto valor afetivo.
Para poder combatê-la o primeiro passo é identificá-la. O corpo fica tenso, existe uma necessidade de se movimentar fisicamente (mexer pés ou mãos e inquietação em geral), a respiração esta mais acelerada e o pensamento fica agitado (muitas idéias passam pela cabeça de forma acelerada).
Algumas vezes a cabeça fica confusa e não se sabe direito o que se quer.
Uma vez identificado este estado deve-se focar na respiração.
A frequência respiratória precisa ser diminuída. Deve se inspirar lentamente e encher o pulmão em mais ou menos 75%.
Em seguida deve-se expirar e tirar todo o ar do pulmão (inclusive com a ajuda do diafragma), também de forma lenta.
A respiração tem a capacidade de controlar o corpo e a mente.
Este tipo de exercício deve ser feito por pelo menos 10 minutos e deve-se tentar manter a cabeça vazia.
Os pensamentos precisam sair da mente junto com o ar expirado.
Os Yogues já sabem destas coisas há mais de 3000 anos. A ansiedade é desencadeada por preocupações. Uma incerteza que desperta o nosso pessimismo, e a sensação de algo muito ruim vai acontecer.
E que é preciso fazer algo para evitar o pior.
Atingir as nossas metas e objetivos.
Esta é a hora de parar, quanto maior a nossa pressa para atingir o objetivo maior a ansiedade.
Não se pode ter pressa para atingir objetivo.
É como dizem os ditados populares:
"  O apressado come cru  ".
"  Devagar se vai ao longe  ".
É lógico que não devemos abrir mão de nossos objetivos, mas é preciso que ele seja atingido quando possível e necessário no plano do real e não na cabeça, o que nos protege é a nossa ação e não as nossas idéias, portanto as idéias servem para nos orientar e não para nos acelerar.
Esvazie a cabeça quando estiver ansioso e confie que de forma lenta você chegará num ponto de proteção, abra mão mentalmente de sua meta e objetivo por um tempo.
Só até recuperar o equilíbrio.
"  Mente acelerada é mente desequilibrada  " (Isaac Efraim).
Se depois de cuidar da respiração e de esvaziar a cabeça você não melhorar, vá para os remédios, talvez eles te ajudem mais.


ANSIEDADE E O SEXO:


Muitos não sabem, mas sexo é um dos grandes escapes de ansiedade, um dos maiores.
No sexo acontece uma grande liberação de energia, que descarrega a ansiedade, por isto o sexo é tão fundamental para o homem.
A ansiedade sempre afeta a sexualidade humana. Interessante como em casos de muita ansiedade, a postura sexual é alterada, alguns ficam mais agressivos, outros totalmente tensos, as mulheres ficam frigidas, os homens tem ejaculação precoce, ou vontade de arrebentar "  aquela vagabunda na cama  ".
A maior parte das fantasias sexuais tem a ver com o tipo de ansiedade que a pessoa tem, alguns tem ansiedade e tem vontade de bater, outros de apanhar e por aí vai.
Muita gente não entende por que existem pessoas que tem compulsões de ordem sexual.
Os homens são classificados como tarados, galinhas, vigaristas, inadequados e incapazes de amar.
As mulheres são chamadas de prostitutas, vagabundas, promiscuas, não confiáveis e outros que tais.
A proposta aqui não é defender e nem atacar nenhum tipo de comportamento, muito menos de ordem sexual, mas sim de permitir que possamos entender o nosso comportamento e das pessoas que convivem a nossa volta.
Como já escrevemos  a ansiedade gera um estado de tensão, de retenção muscular que para algumas pessoas tem um registro semelhante à excitação sexual. Para estas pessoas a tensão esta a flor da pele e a qualquer toque físico ou a qualquer estimulação sexual mesmo que seja da imaginação, desencadeia aquilo que chamamos de excitação, uma reatividade dos órgãos sexuais (o homem fica com o pênis ereto e intumescido, a mulher tem secreções vaginais, a pele e bico dos seios arrepiados) e uma necessidade compulsiva de se liberar desta tensão através do orgasmo. É o chamado prazer do alívio.
Ele costuma ser uma excitação intensa, mas produz um orgasmo de má qualidade.
Como a pessoa é cronicamente ansiosa, a tensão volta rapidamente assim como também volta à necessidade de estimulação sexual.
E nesse estado, as necessidades fisiológicas falam muito mais alto do que qualquer questão afetiva, fazendo ser meio indiferente o parceiro ou parceira.
Para este tipo de pessoa quanto maior o seu estado de ansiedade, maior a sua necessidade sexual, maior a necessidade de descarga de adrenalina (ter o ato sexual em situações ou com pessoas potencialmente perigosas), se masturbar compulsivamente, como formas de aliviar o seu alto grau de ansiedade.
Uma vez que a pessoa trate de sua ansiedade, a sua vida sexual encontrará um equilíbrio e uma qualidade antes jamais conhecidos.


TOC - TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO:

Este talvez seja o transtorno mais difícil de explicar, tal qual o nome dele. Vamos começar descrevendo os seus principais sintomas, para depois tentar explicar o funcionamento mental do individuo com este transtorno. O Toc é a chamado transtorno das manias, são aqueles quadros onde as pessoas têm manias. Mania de limpeza é a mais característica, mas ela pode se expressar de muitas outras maneiras. Mania de ordem (a pessoa precisa arrumar as coisas e botá-las em ordem), manias de colecionador, superstição (pessoas que precisam bater 3xs na madeira, que só saem com seus amuletos, tem medo do azar e fogem de gato preto), mania de contar as coisas, fazer contas com as chapas de carro, mania de trancar e reverificar se trancou as portas e praticamente todas as outras manias, hábitos (não vícios) que você possa imaginar.

A mania fica caracterizada como doença, como transtorno, quando a pessoa tem a necessidade de repetir os seus atos de forma compulsiva (ou seja, a pessoa não consegue se controlar, não depende de sua vontade, ela faz sem querer ou sem perceber ou ainda não consegue impedir o ato por sua vontade, dai o nome compulsiva, obrigatória), repetidamente. Alias todas as formas de repetição compulsiva, podem ser caracterizadas como "manias".
As pessoas que tem estes sintomas costumam ter uma personalidade muito própria. São pessoas extremamente escrupulosas (tem uma preocupação na mente de não provocar problemas), costumam ser formais e distantes no relacionamento, frios afetivamente podem ou não ser pessoas arrogantes. Costumam ser autoritários quando ocupam postos de liderança e temerosos e tímidos quando não estão nesta posição. Intimamente são medrosos embora não admitam, fazendo um tipo de fortes. Não costumam ser sociáveis, tendo poucos amigos (depende do grau da neurose). Tem um comportamento normalmente calmo ou retraído, mas às vezes tem explosões que podem ser surpreendentes e até assustadoras (pela agressividade e violência). São pessoas metódicas, às vezes exageradamente perfeccionistas, sendo que alguns são muito insistentes embora a maioria desista com facilidade. Costumam ser indecisos. Controladores têm o sentimento profundo que se não cuidarem de forma adequada das pessoas e situações a sua volta, algo de ruim devera acontecer, e vivem a ilusão que estão controlando estas situações (pelo menos quando estão equilibradas, pois a sensação de descontrole os deixa profundamente ansiosos e até emocionalmente desequilibrados).

Tem um forte sentimento de culpa interior (embora possam não ter consciência disto e nem culpa nenhuma) e na hora das punições e mesmo das autopunições sejam exageradamente cruéis (inclusive consigo mesmos). Evidentemente que em determinados momentos todos nós passamos por quadro emocional semelhante ou temos alguns destes sintomas ou traços deste tipo de personalidade.
Por que acontece, da onde vem este quadro é um dos grandes mistérios da psiquiatria e existem múltiplas explicações. Uma das mais interessantes é a de Freud, que diz que estas pessoas tem sentimentos negativos, pensamentos negativos, uma espécie de tara (e normalmente relacionado a sexo e perversão), se sentem culpados e sujos por estes sentimentos e dai a necessidade de limpar e organizar tudo como forma de diminuírem o risco do castigo que se sentem merecedores e para tentar compensar o sentimento de sujeira interior.
Para mim esta é uma explicação que faz muito sentido, mas ai é que eu queria acrescentar a minha visão.. Como vimos nas neuroses a ansiedade é fator fundamental de sua formação. A ansiedade ocorre por um quadro de superestimulação da mente que esta reagindo aos estímulos (movimentos) externos. Por isto nestes momentos a mente precisa da sensação do parado, do protegido para se acalmar e se sentir segura e tranquila. Quanto mais movimento a mente absorve, quanto mais ela se sente insegura e desprotegida, maior a sua excitação no sentido de encontrar uma proteção para esta sensação de instabilidade. Dai a necessidade da pessoa realizar a sua compulsão, arrumar as coisas, ou de usar amuletos, pois elas trazem a sensação de calma e segurança para a mente. Mas vejam que circulo vicioso infernal, de repente algo acontece que tira esta organização, esta sensação de controle e domínio que a pessoa tem.

Isto a deixa assustada e com medo, pois se sente exposta. Passa a sentir um sentimento agressivo enorme dentro de si que é a expressão de seu desejo que "as coisas" não tivessem saído do lugar. Mais do que isto volta a sua agressividade interior para o agente que alterou "as coisas" da ordem que lha alimentava a segurança. Ao sentir esta agressividade interna, passa a se sentir culpado deste sentimento e de forma inconsciente volta à agressividade contra si mesmo de forma real ou imaginária. Ai aparecem os pensamentos negativos que são chamados de obsessões e a sensação de que algo de ruim vai acontecer. Precisam se proteger desejam a ordem e brigam ainda mais por ela, aumentando a sua agressividade, sua culpa, os pensamentos negativos, o medo, a compulsão, a briga, a agressividade... e assim vai . Para resumir a conversa, quanto maior o sentimento de insegurança, maior a intolerância (irritação, impaciência) para com o movimento, quanto maior a intolerância, maior a agressidade, a culpa e consequentemente a ansiedade, que aumenta a insegurança, que vai gerar a compulsão, ou seja o ato físico que vai trazer uma sensação de alívio momentâneo, mas acaba aumentando a sensação de insegurança pela impossibilidade de realizar completamente a compulsão. A obsessão é o pensamento negativo que se repete, a compulsão é o ato físico que devolveria a segurança para a pessoa.

Tratar este tipo de transtorno é sempre trabalhoso. Até alguns anos atrás o tratamento trazia poucos resultados, e as pessoas continuavam com as suas manias e personalidade. Hoje o tratamento é duplo, precisando a pessoa fazer um tratamento químico (medicamentoso) e psicoterápico (terapia cognitiva). A medicação é necessária para diminuir o grau da ansiedade e para aumentar o grau de energia psíquica para que a pessoa possa romper o círculo vicioso do pensamento obsessivo. E fazer a psicoterapia para se reeducar a ser menos intolerante em seus sentimentos mais profundos e diminuir o seu sentimento de culpa e a auto-agressividade, com uma conduta reta, honesta e transparente.. ("se malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem). Os resultados têm melhorado muito, mas depende fundamentalmente da capacidade da pessoa mudar os sentimentos internos de forma verdadeira e sincera. Os remédios sozinhos acabam não resolvendo o problema.


TRANSTORNO ANSIOSO:


Este é sem duvida o mais comum e característico transtorno emocional de nossos tempos. Como foi dito ansiedade e medo são parentes próximos, originários de uma mesma raiz do funcionamento mental. A característica externa, visível fundamental o transtorno ansioso é a pressa, é a vontade que a pessoa tem que as coisas acabem rápido que elas se concluam. Isto acontece, pois o sentimento interior inconsciente é de medo, de pressentimento de que algo de ruim possa acontecer que algo não vai dar certo e que por isto ele deve se apressar para que o fato no qual ele esta envolvido se conclua rapidamente para que ele possa se ver livre, aliviado da sensação de perigo.

Assim os sintomas principais do transtorno ansioso são a inquietação motora, sensações de angustia (aperto no peito ou na garganta), sudorese, taquicardia, mal estar generalizado, a pessoa não consegue ficar parada, às vezes rói unhas, puxa o cabelo, precisa ficar mexendo em algo, permanece balançando pernas e braços. Também podem ser pessoas muito falantes (compulsão para falar) e muita dificuldade de ouvir, absorver e entender.

Algumas variantes dos sintomas do transtorno ansioso são os vícios, os maus hábitos, que também são ligados aos transtornos compulsivos, como o vício de fumar (descobertas recentes dizem que a nicotina além de seus malefícios tem a capacidade química de uma ação ansiolítica e até antidepressiva), o vicio de comer (esta já não é uma descoberta tão recente que o açúcar é um poderoso calmante), o vicio do álcool (outra substancia que alem de causar danos a saúde tem importante efeito ansiolítico e antidepressivo momentâneo). Os ansiosos de forma não voluntária buscam o alivio para a sua ansiedade através do uso compulsivo destas e de outras drogas também (maconha, cocaína, crack, ópio e morfina também são usadas por pessoas muito ansiosas).
O sentimento crônico da ansiedade é muito ruim, e na maioria das vezes a pessoa não identifica que se trate de uma ansiedade, de um medo e não consegue dar uma razão lógica, formal, para o que esta acontecendo. Expressões como "  Medo do que?  ", "  Mas como isto esta acontecendo se esta tudo bem  ”?”  ou Isto não faz sentido   “, são muito comuns, e tudo que a pessoa quer é achar um jeito rápido (até por que é típico do ansioso) para se livrar desta sensação. Dai o uso de drogas ou outros métodos ineficazes que até trazem um alívio imediato, mas que vão cada vez mais aumentando a ansiedade da pessoa.
O quadro agudo da ansiedade é marcado muito mais pela intensidade das sensações físicas do que pela percepção de qualquer conflito psicológico. Os sintomas são os mesmos do que os relatados acima acrescentados de tontura, sensação de desmaio, de morte ou de que se vai enlouquecer ou perder o controle de tudo. Quando estas sensações começam a se repetir com frequência o nome do quadro passa a se chamar de Síndrome do Pânico, a tão famosa, que na verdade é a repetição de crises de ansiedade aguda.

A questão que você deve achar que falta a nossa conversa é por que afinal de contas isto acontece, qual a origem do transtorno ansioso, e eu vou dizer que existem milhares de explicações. A que mais me agrada é aquela que relaciona a ansiedade com a aceleração desarmônica de nossa mente, "  Mente acelerada é mente desequilibrada  ” já disse eu mesmo em outras partes. A vida moderna, urbana estimula em demasia a nossa mente e esta sempre exigindo elaboração e raciocínios rápidos o que desencadeia quadros de ansiedade. A vontade do individuo de achar soluções rápidas também é outro fator desencadeante assim como o desejo de buscar e atingir objetivos que supostamente trariam tranqüilidade, e quanto mais rápida e desarmônica a mente estiver, maior a sensação de medo e ansiedade. Quanto mais equilibrada, harmônica e coordenada a nossa mente estiver, maior a sensação de calma e paz de espírito.

Teoricamente acabei de oferecer uma solução para acabar com a ansiedade, não querer nada, não perseguir nada, pelo menos em nível mental e aceitar as coisas como são sem se deixar dominar pela ânsia de querer modificá-las. Podemos querer modificar as coisas, mas não podemos deixar a nossa mente se acelerar por causa disto.


TRANSTORNO HIPOCONDRÍACO:


O transtorno hipocondríaco, também é conhecida como a neurose de doenças. O que acontece neste transtorno é que a pessoa tem uma sensibilidade corporal exacerbada pelo fato de ser muito centrado em seu próprio corpo. No fundo o hipocondríaco, como em todos os outros transtornos tem uma ansiedade e uma dificuldade muito grande de entrar em contacto com pessoas e situações que ele não se sente controlando e com isto vai cada vez mais centrando a sua atenção e percepção no próprio funcionamento corporal. Assim qualquer alteração fisiológica (mudança do batimento cardíaco, ruídos do funcionamento digestivo e outros) é rapidamente notada e por ele ser controlador e pessimista, interpreta como risco eminente de algo fora de controle e que pode levá-lo a morte ou consequências muito graves e irreversíveis. Dai o fato dele estar tomando medicações o tempo todo, ou pelo menos querendo tomar, pois se acha e se sente doente, apavorado com o risco de ser uma doença grave e querendo fazer tudo para eliminar este sintoma que desencadeia toda esta gama de sentimentos.
A cabeça do hipocondríaco é uma caixa de horrores, ele é capaz de pensar em todas as doenças graves e terminais por que esta sentindo, por exemplo, uma dor de cabeça.

É mais ou menos assim que ele pensa:"   Da onde surgiu esta dor de cabeça, será que é um tumor, acho que eu preciso fazer um exame, mas eu já fiz a semana passada, então pode ser um derrame que esta acontecendo?  " Ai ele vai ao clinico , que descarta este diagnóstico através de exames e ai imediatamente surge a possibilidade de uma outra doença : "  Ahhh, então deve ser meningite!!!  " E novamente enquanto ele não descarta esta possibilidade a cabeça fica o tempo todo pensando em coisas ruins.

A razão desta neurose é que embora ela seja uma caixa de horrores, a atenção da pessoa se desvia da realidade, ele não percebe, não vê não se importa com os problemas da vida real e fica o tempo todo centrado em seus sintomas e em seus pensamentos funestos. Assim fica no seu mundinho, que por pior que seja já é conhecido e não sente necessidade de evoluir e de crescer na vida. Tal qual o Transtorno obsessivo compulsivo esta diretamente ligado a quadros de ansiedade e principalmente de depressão. São pessoas profundamente pessimistas, lotadas de sentimentos de culpa que podem ser conscientes ou inconscientes e que por isto acha que merecem um castigo (que seria a doença tão temida). Vêem tudo sob uma perspectiva sombria e acabam se viciando na egoísta e permanente atitude de só olharem para o próprio umbigo.

O tratamento desta neurose tem que ser feito através de psicoterapia profunda, para que a pessoa consiga enxergar sentimentos e conflitos que são os verdadeiros desencadeantes de seus sintomas e cismas. Se o pessimismo for profundo e arraigado o uso de medicações antidepressivas são essenciais para uma rápida melhoria do quadro. O quadro pode acontecer isoladamente ou acompanhando quadros de Depressão (aonde chega ocorrer o Delírio hipocondríaco) ou do Transtorno obsessivo compulsivo (é muito comum esta associação.). Bom, mas chega de falar desta neurose, antes que este calo no meu dedo vire um câncer, ou esta canseira na minha vista se transforme em cegueira, alem do que preciso tomar minhas 27 pílulas pra não ficar doente.


TRANSTORNO HISTÉRICO:


Esta com certeza é a forma mais tradicional, conhecida e falada de neurose. Esta fama se deve a 2 grandes investigadores da mente humana que foram Charcot e Freud. A histeria também foi a principal doença investigada por Freud e que acabou dando origem a Psicanálise. A histeria pode ser dividida em duas manifestações fundamentais, a histeria conversiva e a histeria dissociativa. Freud explica a histeria conversiva da seguinte maneira:
Na histeria conversiva haveria um conflito inconsciente, uma ansiedade que não consegue emergir para o consciente por mecanismos repressivos da própria mente (Superego), mas que contem uma energia que precisa se manifestar e acaba eclodindo como um sintoma físico que mantém uma relação simbólica com o conflito. Está achando complicado, então eu vou trocar em miúdos. Imagine que você tem ódio de seu irmão ou de seu pai. Às vezes até com razão, mas imagine também que você recebeu uma educação super rígida onde o que se ensinou que é muito negativo ter ódio. Você sente culpa por estes sentimentos e acha que não pode mostrá-los, ao mesmo tempo em que seu ódio por seu pai vai aumentado, e você sente (embora não tenha consciência) que deseja dar um soco nele. De repente pinta o sintoma histérico conversivo, uma paralisia do braço, não conseguindo mexe-lo e, portanto não podendo concretizar o seu desejo proibido inconsciente. Acho que agora deu pra entender o que é a histeria conversiva. E ela pode se manifestar em qualquer parte do corpo (cegueira histérica, surdez, mudez, paralisias, parestesias, anestesias, dores de cabeça e qualquer outro sintoma que não encontre razões orgânicas e nos laboratórios que o justifiquem).

Outra maneira de entender o sintoma histérico é saber que as pessoas ansiosas sentem com muita intensidade os estímulos que acontecem ao seu redor. Esta intensidade faz com que elas não consigam decifrar ou elaborar o que esta ocorrendo, o que faz a sua ansiedade aumente a níveis muito altos, tencionando ou perturbando funcionalmente a operação de órgãos que de alguma maneira esteja relacionado com o Sistema Nervoso Central, e só quando a tensão ou ansiedade cede é que o sintoma desapareceria. Na histeria dissociativa, o estímulo é sentido de forma tão intensa que quebra a funcionalidade da própria mente, descoordenando-a e levando a pessoa a atos dissociados da realidade que a cercam por mais ou menos tempo. Vamos ao exemplo que é bem mais divertido, a mocinha que sobe na cadeira e grita desesperada por que viu uma barata. Eis ai uma típica reação histérica dissociativa.

A barata é sentida como um estímulo intensíssimo, assustador, além de extremamente nojento e asqueroso, e imediatamente surge a dissociação. Um monte de atitudes desconexas, que não resolvem a situação e que mesmo assim a pessoa não consegue impedir. Às vezes estas dissociações são tão fortes que a pessoa entra em estados transitórios de loucura, as vezes desmaiam e por ai vai.

A "  grande vantagem "da histeria é que a pessoa assume o papel da vitima indefesa perante a situação, necessitando da dó e da complacência dos outros que a ajudarão a superar as dificuldades, o grande mal da histeria é que a pessoa vai incorporando este sentimento de fragilidade interior que faz com que a pessoa vá se sentindo cada vez mais fraca até despencar em estado de Depressão. O tratamento da histeria é o da psicoterapia, nestes casos, embora as medicações possam ajudar de forma alguma são essenciais no tratamento. A pessoa terá que aprender os seus sentimentos e suas simbologias correspondentes e aprender a lidar com eles de forma coordenada. A incidência de relatos de histeria na Psiquiatria moderna caiu muito sendo hoje casos mais passageiros e fugazes.


COMO TRATAR A ANSIEDADE:


Existem 3 tipos de remédios que podem ajudar a controlar e diminuir a ansiedade. Vou tentar falar de cada um deles de forma simples e acessível. Todos eles só podem ser vendidos sob prescrição médica, exigem receita azul e tem tarja preta e podem até causar dependência. Por isso todo o cuidado é pouco.

O primeiro tipo são os chamados ansiolíticos (dissolução da ansiedade) ou tranquilizantes. São substancias que anestesiam parcialmente a sensibilidade neuronal diminuindo a capacidade de excitação emocional. Em altas doses são usados como pré-anestésicos. Também podem ser usados para induzir o sono. Servem para combater o sintoma ansiedade, mas não mexe na sua origem, funcionam como a Novalgina para combater a febre, diminuem o sintoma, mas não resolvem o problema. São muito úteis quando a ansiedade esta muito alta ou descontrolada, ou quando provocam insônia. Tem a desvantagem que podem causar pequena dependência física, importante dependência emocional e o uso prolongado pode causar tolerância. Os principais efeitos colaterais são sonolência, cansaço e fraqueza. Se você acha que este tipo de remédio pode te ajudar, você deve procurar um psiquiatra, ele é o profissional correto para lhe prescrever este tipo de medicação. Clínicos gerais também podem prescrever em casos de emergência. O melhor exemplo deste tipo de medicação é o Diazepan (nome genérico).

O segundo tipo de medicação para combater a ansiedade são alguns tipos de antidepressivos. Este tipo de medicação tem dois efeitos sobre a mente humana. Por uma ação sobre os neurotransmissores cerebrais ele aumenta o nível de energia psíquica, faz a pessoa se sentir mais forte, diminui a quantidade de preocupações e de medo, aumenta a percepção e a clareza que a pessoa tem, fazendo ela se sentir mais segura e, portanto menos ansiosa. Este efeito das medicações antidepressivas é fascinante e se for acompanhado de uma boa psicoterapia, não só permite que a pessoa diminua significativamente, como também se torne uma pessoa mais produtiva e bem resolvida. O segundo efeito é uma ação mais direta sobre a ansiedade propriamente dita. Não causam dependência física e pouca tolerância. Podem causar alguma dependência emocional. Só podem ser vendidos sob prescrição médica, necessitando o chamado receituário especial. Infelizmente não tem efeito imediato, demorando de 2 a 3 semanas para fazer efeito. Deve ser tomado por um período mínimo de 4 meses. Tem alguns efeitos colaterais principalmente nos 10 primeiros dias. O efeito colateral mais chato é uma pequena diminuição da libido e o retardo da ejaculação (às vezes isto é uma vantagem! Bons exemplos deste tipo de medicação são: Cloridrato de Sertralina, de Fluoxetina e a desipramina (nomes genéricos).

O terceiro tipo de medicação são os chamados tranqüilizantes maiores ou anti psicóticos, que devem ser prescritos em casos mais graves, onde a ansiedade atinge picos altíssimos e estão associados a doenças mentais mais graves, com alteração do pensamento e até da senso percepção, ou por estados desencadeados por drogas alucinógenas.


COMO SE LIVRAR DA ANSIEDADE:


1- Respire fundo, lenta e compassadamente pelo maior tempo que você for capaz, pois isto ajuda a desacelerar fisiologicamente o cérebro e por conseqüência a mente.

2- Entenda que quando um problema novo se configura a sua frente, a solução não esta na sua mente, não esta no seu pensamento, e sim no fato em si. Quando for possível olhe para o novo, procure entende-lo, aumente as suas informações e o seu conhecimento sobre ele. Não busque referencias anteriores, pois isto aumentara a sua ansiedade. Se não for possível olhar para o problema (como no exemplo da entrevista) procure não pensar nele, tente distrair a sua mente com outra coisa, brigue com ela para não pensar na entrevista e em suas consequências.

3- Aceite a falta de controle, abra mão da prepotência da sua mente e entenda que não somos deuses superpoderosos que tudo podemos controlar. Uma parte de nossa vida tem que entregar a Deus, ao destino a sorte e... Seja o que Deus
quiser...

4- Problemas e novidades se resolvem com ação e não com pensamento, é preciso fazer o melhor que esta a nosso alcance, focado, ligado no real. O que esta além do nosso melhor esforço não podemos controlar.

5- Aceitar a possibilidade de perder, não querer ganhar a qualquer custo, pois isto acelera a mente e aumenta e muito a chance de derrota.

6- Aceite conviver com a insegurança quando ela surgir a sua frente, não queira se livrar dela, não tenha pressa. Quanto mais você aceitar conviver com a insegurança, mais calmamente ela ira embora e mais a sua mente e acalmara. Quanto mais você tentar se livrar dela, mais ela se tornara ansiedade.

7- Não se deixar enganar pela mente. Quando ela ficar buzinando internamente que o pior vai acontecer, usar a palavra mágica: " Seja o que Deus quiser...". " Dane-se..."

Resumindo, mente acelerada é mente desequilibrada, para livrar-nos da ansiedade devemos aprender a escapar e do domínio e desacelerar a nossa mente.



Fonte: Ansiedade.com.br-Dr.Isaac Efraim