DEPRESSÃO E SUAS DOENÇAS
Antes de você começar a ler este texto é importante saber
que esta visão da depressão nada tem de técnica ou acadêmica, mas é o fruto de
uma vivência profissional de mais de 20 anos e também de uma filosofia pessoal,
uma visão própria que eu tenho do mundo e de vida. O estado de depressão fica
caracterizado quando falta a pessoa energia psíquica para a realização de seus
comportamentos, para a sustentação de seus sentimentos e pensamentos.
Energia psíquica é aquela energia interna, anímica (da
alma), que nos da à sensação de força, de animo, sentimento de capacidade de
realizar tarefas e alcançar objetivos. A energia psíquica é algo que sentimos,
mas não temos como medir de forma direta, embora os sintomas de sua presença ou
ausência sejam claros e facilmente perceptíveis. Assim a pessoa que tem alto
grau de energia psíquica está animada, disposta, tem força de vontade e boa
vontade. Acima de tudo acredita na vida e em si mesmo, pois se sente
internamente forte e capaz.
Os sintomas da falta de energia psíquica são o desanimo, a falta de vontade, o sentimento de cansaço e de incapacidade de realizar as atividades, a irritação, os sentimentos de raiva, às vezes até a ira e principalmente o sentimento de culpa. A pessoa com depressão sente vontade de dormir, mas não consegue, fica preocupada o tempo todo, sempre achando que o pior vai acontecer.Chora com facilidade e é totalmente dominada pelo pessimismo. Todos estes sintomas são o resultado direto do mau funcionamento da mente em função da falta da energia interna ou energia psíquica. O primeiro conceito que você precisa incorporar então é o de energia psíquica, ou se você preferir energia mental, ou ainda força do espírito e de alma. Quanto maior e de melhor qualidade for a energia absorvida, menor a chance da pessoa ter depressão.
Denominação estranha, mas do que se trata?
Como todos sabemos
todos os comportamentos, sentimentos e pensamentos que temos provem do
funcionamento da psique, da mente ou do espírito. A energia psíquica é o
combustível para o bom funcionamento da mente. Não é um combustível que dependa
só da quantidade, mas também da qualidade. É a energia que penetra em nossa
mente e alimenta o seu funcionamento. Numa 1ª instancia a equação é simples,
quanto mais energia psíquica a pessoa for capaz de absorver, melhor será o seu
funcionamento mental, mais equilibrada ela será e menos suscetível a depressão
ela será..
Mas em comportamento e funcionamento mental nada é tão
simples assim. Primeiro como a pessoa pode obter ou absorver energia psíquica,
segundo, a energia psíquica disponível é apenas algo externo a pessoa que
independe de sua vontade e a falta da energia psíquica, é apenas uma
decorrência de escassez de recursos naturais externos ao ser humano, ou depende
da pessoa e da sua vontade, e como fazer para ter acesso a esta energia
psíquica. É complicado, mas espero que você tenha paciência e acompanhe o
raciocínio de forma lenta e gradual para poder ter uma compreensão mais
profunda de questões tão delicadas como esta.
Energia psíquica é um conceito meio etéreo que tem a ver com
a nossa forma de ver, sentir, interpretar o mundo que esta a nossa volta. Olha
só que coisa interessante, quanto mais achamos que as coisas do mundo, da vida
externa a nós, nos favorecem, mais nos animamos, mais nos sentimos fortes e
energizados, e vice-versa, quanto mais sentimos que as coisas estão contra
nossa vida, mais prensados, pressionados e desanimados ficamos. Então entram 2
questões fundamentais. A 1ª é que de fato dependemos de recursos externos que
alimentem a nossa energia interior, um mundo melhor, uma vida mais tranquila e
harmoniosa alimentam a nossa mente de forma positiva e melhoram a nossa energia
interior. Quanto mais tranquilidade, harmonia e paz exterior, maior será a
energia psíquica que teremos para a realização de nossa vida, sentimentos, pensamentos
e comportamentos. A 2ª questão é a maneira como interpretamos os fatos que
acontecem a nossa volta. A interpretação dos fatos, a maneira como vemos eles
dependem de nossa formação, de nossa educação, de nossa cultura, e principalmente
de nossos desejos e ambições.
Não é complicado de entender, quanto mais queremos as coisas
para nós e entramos em contato com os fatos tendemos a nos sentir prejudicados,
lesados, perturbados e que as coisas da vida não nos favorecem. Tendemos a nos
sentir desanimados, injustiçados e ai vamos nos abatendo e perdendo energia
psíquica.
A vida e seus fatos não foram feitos para alimentar o nosso
ego e vão seguindo o seu curso natural, algumas vezes somos beneficiados, em
outras os fatos nos ignoram, e se a pessoa é egoísta, ambiciosa, apressada,
perfeccionista e imediatista tem a sensação que os fatos estão contra ela. Estas
2 questões esclarecem a 1ª funcionalidade que regem o jogo da energia psíquica.
Uma vida boa e tranqüila, cheia de amor, como diriam os poetas, é o principal
recurso natural externo ao individuo que alimenta a nossa energia interior. Os
nossos desejos, ambições, egocentrismo, vaidade, que regerão a maneira de como
vemos os fatos poderão minar e principalmente enfraquecer a nossa energia
psíquica.
A lição então você já aprendeu, para aumentar o seu grau de energia psíquica você deve viver num ambiente harmonioso e de amor, e precisa ser pouco ambicioso e abrir mão de seu egocentrismo para não enfraquecer esta energia.
Mas de novo as coisas não são tão simples em matéria de
comportamento e mente. Quer ver só que complicação, quanto mais desenergizada a
pessoa for, mais inadequado será seu comportamento, gerando mais instabilidades
e evidentemente um ambiente mais desarmônico e menos energético, o que você já
entendeu, vai desenergizá-la ainda mais. Eu falei, um verdadeiro circulo
vicioso, que em 20 anos de profissão eu não sei responder ao certo. A pessoa
entra em depressão, pois falta amor e harmonia a sua volta, ou falta amor a sua
volta, pois ela tem pouca energia psíquica? A experiência profissional e
pessoal me mostrou que esta pergunta é um verdadeiro Koan (enigma sem solução),
mas que a verdadeira resposta não é importante de ser respondida. O que importa
é que são coisas associadas, indissolúveis e o que importa é entender este
funcionamento.
E tem mais, tem o motor, que é o próprio cérebro. De nada
adianta um carro ter excelente combustível e em grande quantidade se ele de
alguma forma esta avariado. Se os neurotransmissores tiverem algum tipo de
avaria (de origem genética ou outras), não só a energia não será bem absorvida
assim como a sua utilização será feita de forma deficitária.
DEPRESSÃO E TRANSTORNOS AFETIVOS
Quando se pensa em transtornos psíquicos logo se pensa no louco
clássico, que queima dinheiro ou que pensa que é Napoleão, ou Deus.
Uma das áreas da psique que tem sido mais atingida e causado problemas é a área dos afetos.
Para quem não sabe a afetividade se divide em 3 sub áreas a saber: Humor, sentimentos e emoções.
Como em tudo que falamos se fala em transtorno ou doença quando estas áreas se encontram desequilibradas, exageradas ou escassas.
Destas 3 a que tem mostrado um aumento na incidência é a
área do humor. Se você não sabe o humor também é conhecido como estado de
espírito. Mostra-se através de nossos estados de animo.
Quando o nosso humor esta em alta nos sentimos dispostos, animados, otimistas, acreditando na vida e em nós mesmos. Sentimo-nos fortes e capazes, a necessidade de dormir diminui, rimos com facilidade, ficamos bem humorados.
Quando esta alta começa a ficar exagerada o humor começa a ficar irritadiço, a impaciência começa a tomar conta de nós, nossa capacidade de relaxar desaparece e não aceitamos nenhum tipo de limite, estando dispostos para a briga e chegando as vias de fato com facilidade.
Como consequência os pensamentos eufóricos e idéias de grandeza tomam conta da nossa mente, gastamos o dinheiro com facilidade, sempre supondo que depois daremos um jeito em qualquer dificuldade que acontecer.
Quando o humor esta em baixa, sentimo-nos cansados e desanimados, uma sensação difusa de fraqueza toma conta de nosso espírito. Pensamentos angustiantes e pessimistas dominam a nossa mente. O movimento para enfrentar os problemas de vida diminui e a nossa autoconfiança cai.
Quando esta baixa fica exagerada os pensamentos negativos nos dominam, uma sensação permanente de derrota e de não acreditar na vida se acentua. Idéias de ruína, de fracasso começam a nos atormentar, possibilidades de doença e até delírios hipocondríacos.
Estas variações em nosso estado de humor fazem parte da
fisiologia normal de nosso cérebro e de nosso comportamento. Quando ficam
exageradas e acontecem com certa frequência são consideradas e tem nome:
“ Transtorno Afetivo Bipolar ” .
Quando os exageros acontecem para o lado da euforia, da excitação o transtorno é chamado de mania (que nada tem a ver com as manias do TOC), que podem ser classificadas como leve, moderada e grave.
A pessoa portadora de Mania tem o exagero apenas nos estados de excitação, são pessoas hiper ativas e a sua incidência é relativamente rara.
Como os estados de humor são cíclicos o Transtorno Afetivo Bipolar que apresenta sintomas nos 2 extremos do humor é mais comum.
Neste tipo de
transtorno a pessoa tem episódios de mania e de depressão que podem se
intercalar, ou mostrar o predomínio para uma das 2 polaridades.
E na outra ponta temos os estados depressivos onde o que predomina é a baixa do humor.
Acredita-se que por volta de 15% da população tenha estados
de animo depressivos importantes e dignos de tratamento.
Quando a pessoa não tem estados de animo exagerados porém crônicos e repetitivos, estes transtornos são classificados como distimias. Um dos estados mais comuns são os estados de mau humor que quando crônicos e persistentes devem ser tratados como se fossem estados depressivos.
Fonte: Ansiedade.com.br-Dr.Isaac Efraim