O tema da adoção nos leva a questionar sobre querer ter um
filho. É o primeiro filho? Seja este adotivo ou não, é necessário que haja
desejo no casal de serem pais. Ambos tendo esse desejo podem ajudar a
tornar essa nova etapa mais fácil, pois ter um filho traz um comprometimento de
tempo e um gasto de energia a mais nessa relação.
Mas o que leva um casal a querer adotar uma criança? Existem
inúmeras motivações, porém Weber (2005) diz que não há uma relação direta entre
os motivos e o fracasso da adoção. Algumas destas motivações são: preencher a
solidão, fazer companhia a um filho único ou ainda por um dos cônjuges ser
estéril.
“... Todos os filhos são biológicos e todos os filhos
são adotivos. Biológicos, porque essa é a única maneira de existirmos concreta
e objetivamente; adotivos, porque é a única forma de sermos verdadeiramente filhos...
(trecho do texto de Luiz Schettini Filho)"
No Brasil, mais de 8 mil crianças e adolescentes estão hoje
aptas para serem adotadas. Às vezes essa espera é tão difícil para as crianças
quanto para os pais que desejam adotar.
Muitas crianças são visitadas diariamente em orfanatos por
todo o Brasil, mas poucas delas são as felizardas em conseguir uma nova
família. Como se isso não bastasse o processo de adoção passa por uma
burocracia gigantesca e a demora por vezes é o principal empecilho.
O que fazer para
adotar
Primeiramente é preciso saber que, para adotar uma criança o interessado precisa ser maior de 21 anos
independente do estado civil, não pode ser nem irmão nem avô ou avó da criança,
pois nesses casos deve ser solicitado tutela ou pedido de guarda.
Todas as crianças menores de 18 anos, órfãos de pais
falecidos ou desconhecidos, ou de pais que perderam o pátrio poder podem ser
adotadas. Há os casos em que os pais apesar de possuírem direitos sobre a
criança concordam em colocá-la para adoção. Uma informação importante, é que só
podem ser colocadas para adoção crianças e adolescentes que não tiveram sucesso
nos recursos e tentativas de mantê-los com a família de origem.
Para dar entrada ao
processo de adoção é necessário que o adotante apresente:
identidade e comprovante de residência, cópia autenticada de certidão de
nascimento ou casamento, CPF dos requerentes, atestado de sanidade física e
mental, atestado de idoneidade assinado por duas testemunhas e atestado de
antecedentes criminais.
O passo a passo da adoção de crianças ficaria mais ou menos
dessa forma, lembrando que o processo não é padronizado para todo o país:
1º) O adotante procura uma Vara da Infância e do
Adolescente.
2º) Passa por uma entrevista.
3º) Apresenta a documentação necessária.
4º) Passa novamente por outra entrevista com uma assistente social.
5º) Dá-se início ao processo de escolha da criança.
6º) Período de avaliação.
7º) Sentença do juiz.
2º) Passa por uma entrevista.
3º) Apresenta a documentação necessária.
4º) Passa novamente por outra entrevista com uma assistente social.
5º) Dá-se início ao processo de escolha da criança.
6º) Período de avaliação.
7º) Sentença do juiz.
Apesar de toda burocracia, o importante é sempre o amor
entre pais adotivos e crianças, que desta forma podem formar uma família muito
feliz!
Adoção sem restrições é fenômeno raro no Brasil
O maior problema enfrentado, no entanto é cultural, os pais
brasileiros que querem adotar, geralmente escolhem crianças de colo, brancas e
de preferência com poucos meses de vida.
Esta condição imposta pela maioria dos interessados
dificulta e muito o sucesso do processo de adoção.
“Essas questões não importam para nós, somos bem abertos e
estamos dispostos a criar, educar e amar a criança que for concedida a nossa
família. Apenas optamos pela idade porque queremos construir junto com nosso
filho ou nossa filha uma memória e história de vida desde pequeno”, diz Michele
Czaikoski Silva, 36. Com poucas restrições ao perfil de criança a ser adotada,
o casal paranaense é exceção no país. E, quando o assunto é restrição, a Região
Sul está acima da média nacional
Atrás de São Paulo, que lidera o ranking de interessados em
adotar, dois estados do Sul estão entre os que mais possuem casais em busca de
um filho adotivo. Rio Grande do Sul, com 4.158, e o Paraná, com 3.700
pretendentes. De acordo com o Cadastro Nacional de Adoção do CNJ (Conselho
Nacional de Justiça), em todo o Brasil, 26.694 pessoas estão aptas a adotar.
Os números mostram também que há mais casais do que crianças
disponíveis. Das 4.427 crianças que, em sua maioria, têm como mãe a União, e
como família, funcionários de abrigos, 1.198 estão em São Paulo, 751 aguardam
um novo lar no Rio Grande do Sul, 550 estão em Minas Gerais, e 387 esperam no
Paraná.
Exigências
Para a juíza da 2ª Vara da Criança e Juventude de Curitiba, Maria Lucia de
Paula Espíndola, o entrave se dá porque as pessoas idealizam o futuro filho e
estabelecem pré-requisitos excessivos, como faixa-etária, cor ou sexo. “A
maioria dos interessados se habilita para adoção de crianças até seis meses de
idade e de cor branca”, afirma.
Conforme o Cadastro Nacional de Adoção, 37,94% dos
pretendentes aceitam somente crianças brancas. Na Região Sul, essa porcentagem
se eleva para 49,23% dos interessados, um total de 10.583 pessoas, superando a
Região Sudeste, onde está a maioria dos possíveis futuros pais adotivos. Há ainda
casos em que a futura família requer que a criança seja recém-nascida.
Casais que exigem crianças brancas
|
|
Brasil
|
37,94%
|
Norte
|
12,58%
|
Nordeste
|
14,47%
|
Centro-Oeste
|
17,22%
|
Sudeste
|
34,76%
|
Sul
|
49,23%
|
Fonte: Cadastro Nacional de Adoção
do Conselho Nacional de Justiça |
Michele está inscrita no cadastro nacional há um mês. Casada
há três anos e meio, ela e o marido poderiam gerar filhos biológicos, mas
resolveram optar pela adoção. “Sempre admirei famílias com filhos adotados,
pois os laços que realmente unem uma família não são os sanguíneos, e sim, os
afetivos”, disse.
O casal não tem preferência pessoal por tipo físico ou
ressalvas com relação à saúde da criança, mas prefere que a idade máxima seja
de até um ano. “Ao entrar na fila de adoção, oficializamos nossa ‘gestação’.
Estamos vivendo uma espera repleta de amor por alguém que, ainda não vimos, mas
que, de algum modo, já faz parte de nossas vidas.”
A juíza Maria Lucia incentiva a adoção. “Tenho para mim que
a maternidade adotiva é mais significativa que a maternidade biológica, pois
envolve uma grande determinação e conscientização prévias, não sendo fruto de
um acaso ou descuido.”
Fonte: Mundo Hoje, G1,Manu Damasceno