Disney é sinônimo de
infância, não? Quantos de nós não passamos um bom tempo de nossas vidas
assistindo histórias, literaturas e mitos reescritos com arco-íris, borboletas
e músicas fofas?
Para a Disney, A
Pequena Sereia, em vez de dissolver-se em névoa e spray, casa-se com um
príncipe e vive feliz para sempre no seu reino à beira-mar. O Hércules da
Disney torna-se um deus quando coloca a vida de outra pessoa acima de sua
própria, enquanto o Hércules mitológico se torna um deus quando implora para
ser incendiado para acabar com a dor de estar preso em uma camisa envenenada.
Embora todos os
contos da Disney tenham finais felizes para sempre, muitos filmes, em algum
momento, tomaram um rumo mais obscuro e “sinistro”, assustando as criancinhas
amáveis que torciam pelo melhor. Confira alguns desses momentos:
Morte da mãe do Bambi
A morte da mãe de
Bambi é um momento obscuro por excelência. Ela morre no meio do filme,
horrivelmente, depois de termos a chance de conhecê-la, depois de a vermos
criar Bambi e ensinar-lhe os caminhos da floresta.
Um inverno rigoroso
segue um verão escasso, e, um dia, quando estão no prado, ela sente o perigo:
há caçadores na floresta.
A mãe pede que Bambi corra sem olhar pra trás. Há estalos de tiros. Quando Bambi chega com segurança ao mato, ele se vira, alegremente dizendo: “Conseguimos mamãe”. Não há ninguém além dele. Sozinho, neve caindo, ele procura por sua mãe. Ele a chama, mas só há silêncio. Põe tristeza nisso.
A mãe pede que Bambi corra sem olhar pra trás. Há estalos de tiros. Quando Bambi chega com segurança ao mato, ele se vira, alegremente dizendo: “Conseguimos mamãe”. Não há ninguém além dele. Sozinho, neve caindo, ele procura por sua mãe. Ele a chama, mas só há silêncio. Põe tristeza nisso.
Pinóquio virando um menino de verdade
Pinóquio é a
história do boneco que se torna um menino de verdade. Porém, até isso
acontecer, a história é pura insanidade: ele é sequestrado por vigaristas e
obrigado a trabalhar em um teatro de fantoches para não ser jogado no fogo. Daí
foge só para ir parar em uma ilha onde meninos “bobos” se transformam em burros
(literalmente) e são vendidos para trabalhar nas minas de sal e circos.
Depois de escapar da
maldita ilha, ele é engolido por uma baleia gigante que também engoliu Gepeto,
seu criador. Eles enfurecem a baleia com seus esforços para escapar, e Pinóquio
se sacrifica para salvar Gepeto. A Fada Azul, vendo seu altruísmo, o traz de
volta à vida e, finalmente, o transforma em um menino de verdade. O que é isso,
Disney?
Mulan e o mensageiro
Parece um momento
obscuro minúsculo em um filme sobre guerra, e devem existir momentos piores,
mas esta cena curta em Mulan sempre surpreende com sua crueldade. Dois soldados
imperiais são capturados por Shan-Yu, líder Hun, que lhes dá uma mensagem para
levar para ao imperador da China. Conforme eles fogem, Shan-Yu pergunta a um
dos seus companheiros quantos mensageiros são necessários para entregar uma
mensagem. A resposta é “Um”. É impressionante como a vida humana é tratada de
modo insignificante entre os dois lados em uma guerra.
Copper caçando Tod
em O Cão e a Raposa
No início, O Cão e a
Raposa parece um filme encantador sobre a forma como a amizade transcende tudo,
mas, em algum lugar no terceiro ato, a história toma uma virada.
O “mestre” (dono) de
Copper é atropelado por um trem em um acidente causado por Tod. Copper promete
“pegá-lo”. Slade, o dono de Copper, coloca armadilhas, e logo Tod é pego em uma
toca com fogo em uma extremidade, e Slade e Copper na outra.
Tod salta através do
fogo. Copper o persegue. Eles se chocam, lutando e uivando, todos os vestígios
de sua amizade de infância esquecidos. Tod consegue escapar quando um urso
negro aparece e Copper corre para defender Slade.
Mas, então, Tod
volta. Ele vê seu velho amigo em perigo, e atrai o urso de olhos vermelhos para
baixo de uma cachoeira correndo. O final que se segue é surpreendentemente
adulto e dolorosamente agridoce. Tod e Copper estão em suas respectivas casas.
Uma conversa antiga aparece: “Nós seremos amigos para sempre, não é?”, diz Tod.
“Sim”, responde Copper. “Para sempre”.
A família desfeita de Lilo & Stitch
A tristeza de Lilo
& Stitch é de um tipo muito diferente de outros momentos sinistros de
filmes da Disney, mas ainda significativa.
É um momento sobre a
dor de uma família desarticulada, uma família “quebrada” (desfeita), como Lilo
diz. Depois de uma visita de uma assistente social, Nani tem de provar que está
apta para cuidar de sua irmã mais nova, Lilo. Quando ela ouve Lilo orando por
uma estrela cadente por um amigo, decide dar a ela um animal de estimação.
Esse animal acaba
por ser um alienígena. Mais desastres acontecem em seguida. A assistente social
retorna, dizendo que Nani não é a melhor opção para Lilo. Naquela noite,
Stitch, vendo o problema que causou, vai embora. Lilo lhe diz: “Eu vou lembrar
de você, eu lembro de todo mundo que vai embora (me deixa)”.
Na sua essência,
Lilo & Stitch é sobre a solidão, encontrar um lugar para encaixar, sobre a
necessidade de companheirismo e as famílias que criamos. Adulto demais para um
filme infantil, não?
A morte de Clayton em Tarzan
Neste ponto do
filme, as motivações de Clayton são claras. Ele planeja capturar gorilas e
vendê-los na Inglaterra, uma tarefa muito mais fácil com Tarzan fora do
caminho.
Clayton atira em
Kerchak, uma ferida fatal, e Tarzan vai atrás de um Clayton maníaco ao longo da
floresta tropical. Depois de algumas dificuldades, Tarzan consegue apontar a
arma de Clayton contra sua garganta.
Clayton desafia
Tarzan a matá-lo, dizendo-lhe para ser um homem. Ao invés disso, Tarzan destrói
a arma, jogando-a no chão da floresta. Clayton puxa seu facão e segue Tarzan
segurando-se em vinhas, mas na tentativa de cortar Tarzan, ele corta a vinha
segurando a si mesmo. Clayton corta todas as vinhas, exceto uma contra o seu
pescoço. Há uma queda curta e uma parada repentina. Contra um relâmpago, há a
sombra de Clayton sem vida, pendurado. Dramático.
Morte de Mufasa em O Rei Leão
Um número
surpreendente de filmes da Disney tem personagens principais com pais mortos,
ou simplesmente “inexistentes”.
Nos primeiros filmes
da Disney, suas ausências eram raramente mencionadas e nunca explicadas. Há os
pais desaparecidos da Branca de Neve, e as mães ausentes de Bela e Ariel. Em O
Rei Leão, Simba tem ambos os pais, mas o momento mais climático de seu pai é
sua morte.
Simba ouve que ele é
responsável por essa morte. Mas o assassinato de Mufasa é conivente, de coração
frio, feito por Scar, seu irmão, que imediatamente faz com que Simba fuja e,
posteriormente, manda hienas para matá-lo. No final, a justiça é feita: Scar
morre. E, claro, existe o momento ícone de Simba chorando sob seu braço morto.
Música “Savages” em Pocahontas
A música entra em
uma altura do filme em que os nativos e os colonos estão à beira da guerra. A
intensidade de letras como “O que se esperar/Desses pagãos nojentos?/Essa sua
maldita raça é como uma maldição/A sua pele é um vermelho meio satânico/Só são
bons quando falecem” é incrivelmente cruel para o primeiro filme da Disney que
lidou abertamente com o racismo e o imperialismo. Embora esta história tenha um
final feliz, ainda há uma obscuridade e urgência neste número de música que é
desconhecido em outros filmes da Disney.
Música “Hellfire” de O Corcunda de Notre Dame
Como “Savages”,
“Hellfire” é uma canção de vilão que toca em tabus. Em vez de imperialismo,
racismo e guerra, no entanto, esses tabus são de sexo, sensualidade e estupro –
muito mais proibidos para a Disney.
O juiz Frollo, tendo
acabado de assistir Esmeralda realizar, essencialmente, uma dança exótica (no
poste) e, posteriormente, salvar Quasimodo de sua punição, fica excitado e
enfurecido por ela em partes iguais, uma combinação assustadora.
Consumido pela
luxúria, ele a procura da única maneira que sabe – pedindo-lhe que “escolha
entre ele ou a pira”. Letras como “destruir Esmeralda/e deixá-la saborear
incêndios do inferno/ou então deixá-la ser minha e só minha” transmitem imagens
de furor e religião, em uma canção sobre morte iminente e frustração sexual.
O Caldeirão Mágico
Considerado o filme
animado mais obscuro da Disney, O Caldeirão Mágico é a história de Taran, um
jovem com sonhos de heroísmo que deve encontrar e destruir um caldeirão preto
encantado para que o Rei de Chifres não possa usá-lo para levantar um exército
de mortos-vivos.
O Caldeirão Mágico
foi o primeiro filme da Disney a ser classificado como contendo imagens
sombrias e violentas, uma das quais deve ter sido o Rei de Chifres.
Modelado após
Satanás em ambos temperamento e aparência, o Rei de Chifres era uma figura do
mal implacável. Sob o seu manto escuro, ele não era nada mais que um esqueleto
com chifres e brilhantes olhos vermelhos. Complete isso com um assustador
castelo em ruínas cheio de cadáveres apodrecidos, um calabouço onde Taran está
no início do filme, uma adega úmida onde o Caldeirão nasceu das águas e pronto:
como um todo, O Caldeirão Mágico é um filme assustador e profundamente
perturbador.
Fonte: Listverse,
Hype Science