Quem paga a conta?


Para a maioria das mulheres é claro que é você, mas os especialistas dizem que não é sua obrigação. “O meu dinheiro é meu, o seu dinheiro é nosso.” Esta é uma brincadeira que as mulheres fazem sobre a divisão de deveres financeiros entre os casais. Bem, não é tão brincadeira assim. A verdade é que a maioria ainda acredita que é o homem quem deve pagar a conta, seja do primeiro encontro, do motel ou da pousada na praia. Para os especialistas, cabe à ala masculina colocar ordem no galinheiro, digamos assim. “É inadmissível o homem ter sempre que pagar as contas pelo simples fato de ser homem. Uma mulher que se ofende porque ele a respeita num nível de igualdade, a ponto de achar natural a divisão das despesas, deve procurar os machistas que a percebem como inferior a eles. Chega de mulheres que desejam usufruir das vantagens da emancipação feminina, mas não querem bancar as consequências dessa emancipação”, diz a psicanalista Regina Navarro Lins, autora de A Cama na Varanda: o Que os Brasileiros Pensam Sobre Amor e Sexo (Ed. Best Seller, 434 págs.). Mas como resolver a pendenga sem parecer muquirana e sem perder a mulher?

A primeira impressão é sempre a que fica

Numa enquete feita com cerca de 50 mulheres, todas foram unânimes em dizer que acham gentil que o cara pague a conta – a não ser que o convite parta delas. Para as garotas ouvidas, a divisão é motivo de cartão vermelho, mas já existe a turma que encara o assunto com mais flexibilidade. “Sejamos práticos e razoáveis: a iniciativa de dividir a conta deve ser da garota”.

“Na primeira saída, o homem paga e a mulher aceita gentilmente”, diz a carioca Adriana Moreira, 41 anos, coordenadora de comunicação. Dentre os homens ouvidos na enquete, cerca de 30 não se incomodam em pagar, mas a falta de atitude faz a garota perder pontos. “Não tenho a menor intenção de dividir ou deixar que ela pague, mas a mulher que sai comigo uma vez e parte do princípio que a conta é minha obrigação está riscada do caderninho. Para mim, a garota mostra valores de vida que não combinam com os meus”, diz o paulistano Arthur Silva, 30 anos, diretor de marketing.

Mas é justamente a falta de atitude que faz feio entre as mulheres. “Fui tomar um chope com um cara que já me convidava para sair fazia tempo. A conta não deu nem R$ 30. Eu me ofereci pra dividir e ele aceitou. Era um valor que eu pagaria para qualquer amiga ou amigo. Achei mesquinharia, perdeu o encanto, não teve segunda vez”, diz a relações públicas carioca, Alessandra Andrade, 36. “Não era questão de dinheiro. Estou casada há algum tempo e todas as contas são divididas. Para mim, relacionamento é uma parceria também financeira. O meu salário é mais ou menos o mesmo que o do meu marido e não vejo por que ele deveria arcar com as despesas sozinho. Mas foi ele quem pagou as nossas primeiras saídas, e eu achei atencioso.”

Moral da história

Chopinho num dia, cinema no outro… Aos poucos é possível sacar o comportamento da garota e o que ela espera de você. Se ela é parceira, vai se oferecer para dividir as despesas não somente no primeiro, mas no segundo, no terceiro ou no décimo encontro. “Eu me prontificava a pagar a conta sempre, até que meu companheiro disse que para ele era um prazer, mas que aceitaria quando eu o convidasse. Funciona superbem. Quase sempre quando sugiro um programa, independentemente do que seja, eu pago. Sei que para ele não faz diferença, mas percebo que ele valoriza e respeita a minha iniciativa. Eu, por outro lado, fico à vontade para escolher e opinar sobre nossa programação, já que não me sinto dependente dele”, conta a bancária paulista Ana Soares, 32 anos. “As mulheres reivindicam igualdade nos salários, na divisão dos serviços domésticos, na independência, na liberdade sexual, e nem todas querem arcar com os ônus.

“As garotas devem, sim, dividir as contas”, diz Regina Navarro Lins. Você deve pensar que na teoria parece fácil, mas na prática não é tão simples assim. Verdade. Então, vá comendo pelas beiradas. Escolha um programa que seja compatível com seu bolso e pague.

Questão de tato

“Para a mulher que tem uma estrutura de família em que a mãe trabalha e as finanças são divididas, assim como as responsabilidades, é mais fácil encarar quando o homem sugere que ela ajude a pagar as contas. Tanto que há um número grande de mulheres que ganha mais do que os parceiros e não se importa em arcar com a maioria das despesas. Mas, independentemente disso, o que a parceira procura mesmo em uma relação é carinho, atenção e proteção”, diz o psiquiatra Carlos Eduardo Carrion. Dê à garota o que ela mais deseja – sentir que você realmente se importa com ela. A partir daí, quem paga a conta vai ser o menor dos problemas entre vocês. Nada que uma conversa, regada a um bom vinho, não resolva!

Motel? Essa conta é sua…


Quando o assunto é pagar o motel, as mulheres ficam ainda mais indignadas se o homem sugere rachar a conta. “Não se trata de dinheiro – aqui, existe toda uma simbologia envolvida. Na natureza, a fêmea pode até se oferecer, mas é o macho que toma a iniciativa para valer na vida sexual. Mantemos esta característica até hoje”, explica Carlos Eduardo Carrion. Se não quiser decepcionar a garota depois de uma boa noite de sexo, chegue com atitude mostrando que você faz questão de pagar o passeio – na saída, já deixe a carteira à mão e a parceira vai entender o sinal. Ela vai gostar da sua atitude. “Como as mulheres estão mais independentes, quando querem, elas não se importam de pagar, mas só depois de terem certeza de que estão sendo amadas e desejadas. É uma grande bobagem, mas muitas ainda acham que o cara que divide a conta do motel está só se aproveitando”, comenta Carrion.

Fonte: Revista Men´s Health