Foto: Site Virgins Wanted/Reprodução
Se quiser, você pode comprar o direito de tirar a virgindade
da garota aí abaixo. A catarinense Catarina Migliorini, de 20 anos, resolveu
pôr seu hímen a leilão. O martelo seria batido nesta segunda-feira, dia 15, mas
os organizadores resolveram adiá-lo para o dia 24. Dia 10 de outubro, um
comprador dos Estados Unidos propôs pagar US$ 255 mil, equivalentes a R$ 520
mil. “Vivemos num mundo capitalista, encaro isso como um negócio”, afirma
Catarina. Ela diz que usará o dinheiro do leilão para pagar seus estudos de
medicina na Argentina e para abrir uma ONG que fará casas
populares em Santa Catarina. “Tenho 20 anos, sou responsável pelo meu corpo e
não estou prejudicando ninguém.” Enquanto o dia D não chega – a entrega da
virgindade está prevista para o dia 25 deste mês, num avião sobrevoando o
Pacífico –, Catarina curte umas férias em Bali, na Indonésia.
QUEM DÁ MAIS? A catarinense
Catarina Migliorini. Ela diz encarar a primeira vez como um negócio (Foto: arq.
pessoal)
A história do leilão começou para ela há dois anos, quando
se inscreveu num concurso de virgens, Virgins wanted (Procuram-se
virgens, em português). A eleita seria chamada por um diretor australiano para
participar de um documentário sobre a perda de virgindade. A virgindade da moça
e a do rapaz escolhidos foram oferecidas num site, para compradores do mundo
inteiro. Catarina, de uma família de classe média de Itapema, no litoral de Santa
Catarina, inscreveu-se, manteve o celibato nos últimos dois anos e foi a
escolhida. Antes, foi examinada por um ginecologista para provar que seu hímen
estava realmente intacto.
Agora, a história caminha para seu desfecho – na Indonésia.
O local foi escolhido por causa dos problemas que o diretor Justin Sisely
arrumou em seu país de origem, a Austrália, quando a ideia do
documentário veio a público. O anúncio do concurso foi feito por meio de um
cartaz julgado desrespeitoso. Ele trazia uma foto da Virgem Maria com um pênis
desenhado na testa. Ao lado, a frase “Procuram-se virgens”. As autoridades australianas
não vêem Sisely como artista, mas sim como proxeneta. Ele diz que o que faz
nada tem a ver com prostituição. “Marcel Duchamp, o artista francês, provou que
qualquer coisa pode ser arte.
Meu documentário também é arte”, afirma. É para
evitar problemas com a lei que a noite de sexo de Catarina e seu arrematante
foi planejada para o espaço aéreo entre a Indonésia e os Estados Unidos.
Sisely não quer infringir as leis de prostituição de nenhum país.
É careta demais uma sociedade em que a virgindade ainda é
valorizada assim
Catarina diz que o filme mostrará o antes e o depois da
perda da virgindade – mas não o durante. Como ela faz questão de lembrar, não é
um filme pornô. A mãe de Catarina não quis ser identificada. Foi para a
Indonésia tentar demover a filha do gesto calculado e lucrativo. Os amigos
também estão chocados – afinal, Catarina tinha fama de moça romântica. Os
programas de televisão populares estão hipnotizados pelo assunto.
A modelo peruana Graciela Yataco também causou comoção em
seu país, em 2005, ao leiloar sua virgindade e obter uma oferta de US$ 1,5
milhão de um canadense. Ela desistiu na última hora, sob enorme pressão da
opinião pública, que se pôs a tratá-la como se a honra nacional estivesse em
jogo. Aqui no Brasil, o caso é tratado com mais leveza.
O russo Alexander Stepanov, de 23 anos, que também resolveu leiloar sua
virgindade. Ele espera que o vencedor seja uma mulher (Foto: reprodução)
De acordo com a filósofa Márcia Tiburi, a virgindade sempre
foi uma moeda de valor, um objeto de troca social. A prostituta, afirma, é
conhecida não por sua virgindade, mas por sua experiência. “Só acho careta
demais uma sociedade em que a virgindade ainda é valorizada assim”, diz ela.
“Tudo vira mercadoria, não me espanta que isso também tenha virado.” Por tudo
isso, ela diz não ser contra o leilão de Catarina.
O russo Alexander Stepanov, de 23 anos, também resolveu
vender sua virgindade. O rapaz diz que sempre foi muito tímido e achou que
ficaria mais confiante se fosse transar com uma mulher que pagou por ele.
Talvez ele tenha enorme decepção. O maior lance até agora é de US$ 1.300. A
maior parte dos lances foi feita por homens. “Não sou homossexual, espero que
as pessoas entendam e respeitem”, diz. Catarina não teve o mesmo problema, mas
tampouco pode influir no leilão do qual é objeto. E se o ganhador do leilão não
for atraente? Ela diz que não liga. “Acho que as pessoas se preocupam demais
com o exterior dos outros”, diz. O cliente é obrigado a usar camisinha e
proibido de realizar fetiches agressivos ou usar brinquedos sexuais. Beijo na
boca? Nem pensar. Também foi proibido.
Fonte: Revista Época/Globo