Do fitness ao wellness: bem estar para agora‏


Se no passado, o maior risco para as pessoas eram os vírus ou bactérias, hoje, esse parece estar mais ligado à adoção de estilos de vida inadequados. Falta de atividade física, alimentação a base de fast-foods, comidas industrializadas, grande consumo de bebidas alcoólicas, fumo e sobrecarga de trabalho são vistos como normais e são adotados por uma crescente parcela da população, que foca seus esforços no acúmulo de capital e na possibilidade de ascensão social que o dinheiro permite. Em contrapartida, ganha força um estilo de vida mais relax  que valoriza as coisas simples da vida, como pedalar, brincar com os filhos, nadar, correr, namorar, rir mais, contemplar a natureza. Uma vida baseada no conceito wellness, que numa tradução reducionista, podemos chamar de “bem-estar”.

Atento a esta tendência o mercado de academias se esforça para adaptar seus espaços, oferecer uma gama maior de atividades e atender bem esse novo público. Se você está acima do peso, ou é idoso, jovem, homem de média idade, se praticou uma atividade física há décadas e nem lembra mais que sensação proporciona, ou nunca levantou uma “barra de sabão”, não importa, as academias lhes aguardam.

Por muito tempo, as academias foram lugar quase exclusivo de pessoas que buscavam melhoras estéticas e de atletas que desejavam melhora de desempenho. Neste período ocorreu uma forte disseminação do conceito de “fitness”, onde a melhora do condicionamento físico e resultados como emagrecimento e aumento de massa muscular, foram valorizados em demasia. Segundo o mestre em educação física pela USP, Fábio Saba, “este conceito, ainda presente e enraizado na maioria dos estabelecimentos, continua aumentando a desistência e promovendo a grande rotatividade nas academias”. A necessidade de afirmação das academias como um negócio lucrativo, provavelmente, foi mola propulsora desta mudança, objetivando a manutenção de clientes num mercado exigente e cada vez mais competitivo, mas o que realmente importa é abertura que isso possibilitou. 

ESTÉTICA SEM EXAGEROS E SAÚDE SEMPRE

Nesse contexto, a estética não é negligenciada, mas a saúde se sobrepõe aos exageros, respeitando-se os limites físicos e psicológicos dos indivíduos. Os próprios profissionais têm se adaptado e assumido uma postura diferente. Segundo o personal trainer Tony Aguiar, “o educador físico atual, que preza pelo bem-estar e mudanças comportamentais efetivas de seus clientes, deve conscientizá-los frente a questões como excesso de treino, risco do uso de anabolizantes, uso indiscriminado de suplementos esportivos e da importância de incorporação de hábitos alimentares equilibrados”. Reforçando a idéia, Raphael Fragoso, coordenador da academia R2, diz: “chegamos a vivenciar um período em que pessoas acima do peso e idosos desejavam iniciar um treinamento, mas antes de pisarem em uma academia desistiam por achar que aqueles espaços eram totalmente povoados por corpos ‘perfeitos’. Aos poucos isso foi mudando, o que gerou oportunidades para todos”.

Pós-graduações em prescrição de atividade física para grupos especiais e outras mais específicas como wellness: aplicação do exercício para o bem-estar físico e mental; são oferecidas aos profissionais que buscam maior aprofundamento. Das academias adaptadas a esta realidade podemos citar a academia R2, situada em Recife, que recentemente adotou o lema: “bonito é ser saudável”, e investiu em espaços alternativos como SPA Relax, com sauna e salas de massagem, além de um lounge para maior conforto dos alunos. A realização de eventos outdoor é outra prática constante da academia, proporcionando uma maior integração e contato dos clientes com a natureza. Segundo Rodrigo Longman, um dos sócios da R2 “o foco na saúde e bem-estar é uma obrigação em nosso ramo de atividade. O investimento em instalações e serviços com esse objetivo é o que se torna um diferencial no negócio”. Outro exemplo é a academia Supère, inaugurada no final do ano passado, que além de atividades físicas variadas oferece espaço para artes plásticas, argila d’água, equipamentos especiais para deficientes físicos. Detalhe: as cores do teto mudam baseadas na cromoterapia, conceito onde as cores são usadas como terapia alternativa para restaurar o equilíbrio físico-energético em áreas do corpo humano. 

Os espaços de atividade física nunca estiveram tão preparados para acolher os clientes, mas a adesão a estilo de vida ainda parte do compromisso que devemos assumir por nós mesmos. Que tal recusar as tentações e se submeter a uma nova experiência com atividade física? Só depende de você. Venha se tornar uma pessoa “wellness”.

Fonte: Revista Mensch