Por que a rede cai em grandes aglomerações?

Quem participou das últimas manifestações, foi assistir a algum jogo de futebol ou experimentou fazer ligações, mandar SMS ou usar serviços de internet móvel durante final de campeonato ou novela provavelmente se deparou com falta de sinal no celular. As razões desse fenômeno no Brasil são bem simples e familiares dos moradores das grandes capitais – e não tem nada a ver com as teorias conspiratórias que sugerem o boicote de operadoras e governos. É puro congestionamento.

A falta de sinal existe por falta de capacidade das Estações Rádio Base (ERB), grandes antenas replicadoras de sinal de telefonia, que tem um limite de trocas de dados por antena (que varia de acordo com o modelo). Por consequência, locais com mais ERBs suportam uma quantidade maior de linhas.

“As Estações Rádio Base tem um certo dimensionamento para uma certa quantidade de chamadas simultâneas. É como um guarda-chuva. Em situações de ajuntamento atípico, como o das manifestações, é comum a rede ficar saturada“, explica o engenheiro elétrico e professor da USP, Marcelo Zuffo. Ele explica que o uso intenso de internet móvel durante as manifestações recentes, seja twittando, postando no Facebook ou subindo fotos, e de serviços telefônicos como chamadas e envio de mensagens SMS no mesmo lugar, na mesma hora é a receita para tudo travar. 

Celulares de operadoras diferentes podem ser assistidos por sinal de formas diferentes. A razão disso é a quantidade e qualidade infraestrutura oferecidas por cada operadora. Ou seja, depende da quantidade de ERBs nas quais a operadora está presente.

Isso acontece, mas não deveria acontecer, principalmente em áreas de grande concentração como aeroportos, shoppings, estádios e ginásios esportivos. Para o engenheiro, os próximos grandes eventos esportivos do país certamente serão criticados por problemas de congestionamento de redes, porque a atual cobertura é “inadequada”. Não à toa, a falta de sinal se mantém no topo do ranking de reclamações dos brasileiros.

Nos estados do país, a quantidade de ERB varia entre 94, em Roraima, e 15.870, em São Paulo. Entre os extremos, estão o Rio de Janeiro com 6.488, o Amazonas com 798, o Alagoas com 776, o Rio Grande do Sul com 4.392 e o Mato Grosso com 6.661 (a lista completa pode ser vista aqui).


Fonte: Revista Galileu