Aquecimento global, extração e caça sem controle podem levar
a extinção de alimentos tipicamente brasileiros. Na lista de sabores ameaçados
no país estão 24 alimentos, de acordo com o levantamento chamado Arca do Gosto
realizado pela Organização Não Governamental (ONG) Slow Food Brasil. O objetivo
é documentar produtos gastronômicos especiais, que estão em risco de
desaparecer. Mais de mil produtos ao redor do mundo foram integrados à Arca.
Sua extinção pode prejudicar parte da população brasileira, onde alimentos
específicos de cada região são fonte de vitaminas e nutrientes.
Entre os alimentos da lista estão pirarucu, mel abelhão sem
ferrão, pinhão, palmito e umbu. Confira o que cada um oferece aos brasileiros,
de acordo com a nutricionista Alessandra Rodrigues.
Palmito
O palmito juçara é a espécie que está
correndo o maior risco de extinção. Muito consumido por indígenas, a maior
parte do palmito é removida através de métodos não sustentáveis de extração,
executados por palmiteiros no Litoral Norte, Litoral Sul e Vale do Ribeira,
segundo a ONG. “Rico em fibras, proteínas e, principalmente, vitamina A, pode
ser usado em diversos tipos de dietas entre elas a hipossódica, por ser isento
de sódio, para dietas com restrição a glúten, pois não contem glúten, para
diabéticos, uma vez que não altera a glicemia do paciente, e ainda tem razoável
quantidade de fibras, o que melhora o controle glicêmico e auxilia no bom
funcionamento do intestino”, aponta Rodrigues.
Pirarucu
“Um estudo conduzido sobre pescados do Amazonas mostrou que
eles são ricos em nutrientes importantes como: cálcio, ferro, zinco, sódio,
potássio e selênio, sendo suas quantidades suficientes para suprir as
principais deficiências minerais das populações vulneráveis da Amazônia, uma
vez que atendem às recomendações diárias para um adulto. A maioria das espécies
apresentou concentrações de proteína entre 18 e 20 gramas para cada 100 gramas
de carne, quantidade significativa, com um detalhe muito importante: os perfis
de aminoácidos observados tornam essa proteína de alto valor biológico. Além
disso, assim como todos os peixes, é pobre em gorduras, em especial quando
comparado ao produto carne vermelha, ainda que magra. Esse mesmo estudo apontou
altas concentrações de ácido palmítico e ácido oleico ou ômega 9, além da
presença de ácidos linoleico e linolênico em concentrações similares a dos
peixes marinhos brasileiros, sendo que essas gorduras são boas para ação
protetora do coração, além de auxiliar no sistema imune por ter ação
anti-inflamatória.”
Mel abelhão sem
ferrão
“O mel, pólen, geoprópolis e cera de abelha sem ferrão são
utilizados pelos índios e trabalhadores rurais no combate às doenças
pulmonares, inapetência, infecção dos olhos, fortificantes e agentes
bactericidas. Além de ser o adoçante natural e fonte de
energia, o mel produzido a partir do néctar apresenta efeitos imunológicos,
antibacterianos, anti-inflamatórios, analgésicos, sedativos, expectorantes e
hiposensibilizadores. O mel contém a maioria dos elementos químicos essenciais
para o organismo, como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, manganês, cobre,
molibdênio, ferro, entre outros. Apesar de estarem presentes em pequenas
porcentagens no mel, são altamente biodisponíveis e atuam de maneira importante
no sistema imunológico.”
Pinhão
O pinhão é típico da Serra Catarinense, território
montanhoso do estado de Santa Catarina. Sua economia é tradicionalmente baseada
no uso dos recursos florestais, agricultura e pecuária. O fruto da Araucária,
árvore nativa e símbolo da região meridional do Brasil, a ponto de ser chamada
comumente de Pinheiro do Brasil, sempre esteve na base do sistema alimentar dos
habitantes desta área, tanto os humanos como os animais, de acordo com a ONG
Slow Food Brasil. O povo indígena consumia o pinhão coberto com as folhas da
araucária, colocava fogo para assá-lo, depois descascando-o e sendo consumido
na floresta. “O pinhão, apesar de altamente calórico, é extremamente
nutritivo, uma vez que sua polpa é formada por amido, vitaminas do complexo
B, cálcio, fósforo, vitaminas do complexo B e proteínas”, explica a
nutricionista, lembrando que ele pode ser consumido assado ou cozido e ainda
adicionado à saladas, risotos, farofas ou simplesmente ser usado como
aperitivo.
Umbu
“O umbu é uma fruta tropical brasileira de
paladar extremamente agradável. É uma planta xerófila, caducifólia, da família
das anacardiáceas, que se adapta ao calor, aos solos pobres e à falta de água.
Pode ser utilizado para fabricação de polpa, suco, sorvete, doce, geleias e
outros produtos doces. O umbu possui significativa quantidade de vitamina C,
potente antioxidante que auxilia no sistema imunológico.”
Fonte: Saboresdochef