Hatred, a nova polêmica do mundo dos games

Tem gente que faz um esforço absurdo para defender a ideia de que os videogames não criam assassinos e não têm qualquer culpa quando algum maluco entrar em uma escola armado e faz dezenas de vítimas. É um trabalho árduo, mas válido. Até que aparecem uns poloneses e criam um jogo em que o personagem principal tem o objetivo de exterminar a humanidade pura e simplesmente por não curtir ninguém.

Esse é Hatred, jogo que foi apresentado na semana passada pela Destructive Creations (um nome bastante sugestivo) e que será lançado no primeiro semestre de 2015. O mundo dos games tem sido abalado por vários casos controversos, e esse é o mais recente. Tudo começou quando os caras soltaram esse trailer aqui, em que o personagem mata inocentes a torto e a direito.



Tudo bem que o politicamente correto às vezes vira uma chatice, mas muita gente disse que Hatred vai longe demais. A polêmica já começa no nome – a tradução literal de “hatred” é “ódio”, mostrando logo de cara que o jogo não é a abordagem mais amistosa do mundo.

A página oficial do game vai mais fundo: “Hatred é um jogo de tiro isométrico com uma atmosfera perturbadora de assassinatos em massa, no qual o jogador assume o papel de um antagonista de sangue frio tomado de ódio pela humanidade. É um terror, mas aqui VOCÊ é o vilão”. Pra dar uma amenizada, tem aquela mensagem clássica: “Não tente isso em casa e nem leve tão a sério, é só um jogo”.

A imprensa voou com os dois pés no peito da Creative Destructions. Segundo os críticos, trata-se de um título que extrapola os limites do bom senso, que os desenvolvedores só queriam atrair atenção e que as chances de Hatred ser de fato lançado são mínimas, já que é um caso ainda mais controverso que os já conhecidos, uma vez que 100% do conteúdo é violência.

A Epic Games, que também não é especialista em jogos com pôneis e arco-íris – desenvolveu Bulletstorm e Gears of Wars, por exemplo -, pediu que o logo da Unreal engine, o software usado para fazer Hatred, fosse retirado do trailer, de modo a se desassociar de todo o caso. O papo agora é se plataformas de distribuição como GOG e Steam vão colocar o jogo à venda quando for lançado.

Os caras se defenderam claro. Não achavam que iam causar tanto alarde assim, mas mantiveram o pé no chão e foram bem sinceros a respeito da sua intenção. “Queremos criar algo contrário ao padrão que força os jogos a serem mais leves do que realmente deveriam ser. Em termos simples, sim, estamos fazendo um jogo sobre matar pessoas. Mas o mais importante é que estamos sendo honestos em nossa abordagem. Não queremos que o jogo pareça ser nada além do que ele é e não queremos adicionar nenhuma filosofia falsa nele”, disse Jarosaw Zieliski, diretor criativo de Hatred, ao Polygon.

Zieliski termina a entrevista dizendo-se despreocupado, afirmando que é só um jogo e que, da mesma forma como há críticos, tem gente que curtiu a ideia – e que por isso o projeto continua firme e forte. Além disso, ele lembrou que não é a primeira vez – e nem vai ser a última – que um game violento é motivo de polêmica. Então, se passar pelas censuras locais, Hatred vai sair sim.

Mas o caso de Hatred é só o mais recente. Dá uma olhada nesses outros games que causaram um pouco – ou muito – quando o assunto era violência e outros assuntos ofensivos.

GTA
Pra começar, o arroz-e-feijão. GTA está longe de ser o mais ofensivo dos games, mas definitivamente é o mais famoso e bem-sucedido entre os que podem ser encaixados nessa categoria. Cada versão tem uma história que envolve muito mais que a violência pura – o que pega aqui é que o jogo é um sand-box, formato em que o jogador é livre para decidir para onde vai e o que quer fazer. E aí se você dá armas e carros pra galera, já viu, né? Abaixo, uma das cenas mais polêmicas do GTA V, em que o personagem mais insano do jogo, Trevor, tortura um suspeito. É perturbador.



Postal 2
Bastante parecido com Hatred é Postal 2, um jogo para PC de 2003. Aqui, porém, é o jogador quem escolhe se vai entrar na loucura ou não. Ele só precisa cumprir missões cotidianas como pagar cheques e comprar leite, mas no meio do caminho ele encontra todo o tipo de instrumento para cometer um genocídio. E é claro que a intenção é fazer com que ele se divirta com isso.



Thrill Kill
Talvez um dos mais bizarros da nossa lista. É um game de porrada em que os personagens são uma dominatrix, um canibal e um cara desmembrado – entre outras loucuras – saem na mão até ninguém ficar vivo. A coisa é tão non-sense que o jogo nunca foi de fato lançado – graças à EA, que comprou a empresa que estava desenvolvendo a ideia e a vetou prontamente.



Manhunt
Não bastasse GTA, a Rockstar procurou mais sarna para se coçar com Manhunt. Sabe aquela ideia maluca de botar um monte de lunáticos em um lugar, encher de armas e assistir ao show de horror? Então, é mais ou menos isso. Austrália, Nova Zelândia e Alemanha são países que proibiram a venda do jogo ou recolheram suas cópias.



Carmaggedon
Provavelmente o caso mais conhecido por aqui, já que foi o primeiro jogo a ser completamente banido do território nacional. Ainda  assim é um clássico dos games que coloca o jogador em corridas sanguinárias para dar voltas na pista e, mais importante, atropelar todo mundo que estiver na arena. Em outros países, só foi aceito depois que os humanos foram trocados por robôs ou zumbis.



Battle Raper
Depois de espancar as gatinhas japonesas vestidas de colegial, é hora de estuprá-las. Sim, é exatamente isso o que acontece nesse jogo. Só está disponível lá no Japão – nem tentaram levar para outros países. A parte de simulação de sexo foi retirada da segunda versão, do vídeo abaixo.




Fonte: VIP por João Coscelli