Uma tendência bizarra anda se espalhando ao redor do mundo:
a de cheirar chocolate como se fosse uma droga. O fenômeno já pode ser
observado em várias baladas europeias e americanas que, inclusive, já oferecem
a "substância" em forma de pó, pílulas ou até mesmo como bebidas.
O uso curioso do chocolate como droga começou a ser observado
há alguns anos em Berlim, na Alemanha, mas civilizações antigas como os astecas
e os maias já utilizavam o cacau para levar as pessoas ao êxtase em rituais e
cerimônias.
Os defensores do cacau dizem que o barato é sutil, mas
perceptível. Uma sensação de paz, prazer e concentração. Mas precisa ser cacau
cru, não chocolate em pó – chocolate contém manteiga de cacau e açúcar, o que
diminui os princípios ativos para menos de 10% do puro.
Funciona? Toda a ciência do mundo não consegue dar a alguém
uma sensação, saber como é experimentar uma coisa ou outra. Só experimentando.
Mas há razões para desconfiar que a “nova” droga não é tão diferente assim do
toddynho da vovó.
A mágica do chocolate ainda não está bem esclarecida. Além
de teobromina, seu psicoativo mais famoso, chocolate tem também triptofano, que
é relacionado à produção de um dos hormônios do bem-estar, a serotonina – mas
clara de ovo tem dez vezes mais. Outro candidato é a feniletilamina – um
composto que é liberado pelo cérebro durante o orgasmo – mas essa tem um sério
problema de ser destruída no estômago antes de chegar ao cérebro (nenhum teste
foi feito pelo nariz). A teobromina em si não é tudo isso: até onde se sabe, é uma
versão mais leve da cafeína, que é quimicamente quase igual. Ele demonstra
potencial para o tratamento de asma e problemas circulatórios, não de tédio.
O prazer de comer chocolate provavelmente tem mais a ver com
ser delicioso: comer algo bom libera endorfina no sangue, causando uma sensação
de calma e prazer.
Pelo menos, ninguém vai morrer de overdose: uma dose mortal
de chocolate puro (sim, isso existe) é por volta de 30 quilos para uma pessoa
de 70 kg. Só não convide o cachorro para a festa: para eles, a teobromina pode
ser letal em doses bem menores.